Nos próximos dois meses, a editora Perspectiva atingirá um número invejável para os padrões editoriais brasileiros. Ultrapassará a marca dos 260 títulos sobre teatro em seu catálogo de mais de 1.000 publicações - o que significa que mais de um quarto das obras é dedicado às artes cênicas. Não há paralelo do fato no País. Dentre os lançamentos está o livro Antonio Fagundes No Palco da História: Um Ator na primeira semana de agosto, perfil escrito por Rosangela Patriota.
A Perspectiva é obra da abnegação do casal Guinsburg, Gita e Jacó, casados há 66 anos. Ela hoje atua mais no cotidiano da editora enquanto ele, 97 anos, tem seu olhar na escolha dos títulos. Professor emérito da USP, Jacó mantém diálogo com as novas gerações de teóricos, críticos e diretores de teatro, como é o caso de Antônio Araújo, do Teatro da Vertigem. Este deve lançar em breve pela editora A Encenação no Coletivo.
Não é pouco. Jacó Guinsburg criou o mais sólido catálogo de artes cênicas do País e hoje, incansável, continua editando novos livros. Ele e Gita mostram 17 títulos que estão no prelo para serem publicados nos próximos meses, com grande variedade de temas dentro do mundo do teatro. Mas ele ri de si mesmo. "Eu não sabia fazer isso, mas você sabe como é: jogam você na água e não tem saída, tem que aprender a nadar."
A modéstia é permanente em seu discurso. Modéstia sincera. Só desmonta quando questionado sobre qual livro que se arrepende de não ter publicado. "O Nome da Rosa, de Umberto Eco", responde, sobre o best-seller do escritor italiano que já tivera outras obras publicadas pela Perspectiva. "Eu, um empresário vagabundo, em uma editora pequena e de poucos recursos, acabei não comprando o livro porque não queria depender de bancos. Me arrependi." Bobagem. A obra definitiva dos Guinsburg está nas prateleiras e mudou a literatura sobre teatro no País.
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