O artista plástico Takashi Murakami adora misturar pop-art com as belas-artes asiáticas. Para sua última exposição em Nova York, o japonês cria pontes entre suas obras físicas de arte contemporânea e as virtuais no metaverso. Murakami, que já foi chamado de “Andy Warhol japonês”, queixa-se à AFP de que as novas gerações, viciadas nas telas, “não compreendem a história da arte contemporânea”.
“Mas aproveitando-se da realidade aumentada, talvez possam abrir os olhos e penetrar neste mundo”, diz ele ao apresentar em Manhattan sua exposição “An Arrow Through History”, instalada na galeria de Larry Gagosian, um dos negociadores de arte mais importantes do mundo.
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Na imensa galeria nova-iorquina, em três lugares distintos, Takashi Murakami constrói passarelas entre as belas-artes tradicionais, sobretudo chinesas, o pop-art japonês - como personagens de mangás e animes - e os NFTs. Os tokens não fungíveis (NFT, na sigla em inglês) são arquivos digitais que não podem ser reproduzidos ou falsificados e representam ativos únicos, objetos virtuais ou físicos. São a nova galinha dos ovos de ouro do mercado de arte.
“Quando trabalho em uma criação, não faço nenhuma distinção entre o digital e o analógico. Sempre trabalho no contexto da arte contemporânea”, explica o artista, citado no comunicado sobre a mostra.
- Vasos chineses e Snapchat -
Murakami, de 60 anos, reproduziu e pintou nas espessas telas e estruturas de madeira motivos azuis e brancos de peixes inspirados nos vasos chineses de porcelana que datam da dinastia Yuan (1279-1368). Graças ao aplicativo Snapchat e um filtro de realidade aumentada, o visitante pode viver com seu celular uma imersão na sala de exposição com imagens digitais de peixes que navegam em torno das obras de arte físicas.
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O mesmo ocorre com o projeto de pixel art em NFT das 108 "Murakami Flowers", em que os visitantes verão “a última interpretação do artista de suas célebres flores que mescla sua estética ‘superplana’ e um estilo que evoca a nostalgia pelo desenho pixelizado dos jogos de videogame dos anos 1980, em particular os do console Nintendo Famicom”, explica a galeria.
“A cultura japonesa procede do continente euroasiático e meu conceito é ir além, até o metaverso”, declara Takashi Murakami.
O metaverso é um universo digital paralelo, acessível graças a lentes de realidade aumentada ou virtual (AR e VR, nas siglas em inglês), tecnologias que se aceleraram desde 2020 com a pandemia e a explosão do trabalho e do lazer remoto.
Durante o confinamento pela covid-19 no Japão, “observava a realidade a partir da minha casa e foi um momento muito importante, porque para nós, não poder sair de casa era extremamente estressante, mas meus filhos tiraram proveito” graças às telas, diz Murakami à AFP.
“Precisava mudar de posição, me adaptar à nova geração de meus filhos e me lançar. Essa exposição é a primeira resposta”, conclui.