Comprar uma pintura 'em pedaços', uma fantasia possível e controversa graças ao blockchain

'Nem todo mundo tem cem mil dólares, ou um milhão, para investir. Então pensei na ideia de criar uma espécie de fundo mútuo no blockchain', explicou fundadora de empresa de NFTs

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Por Jordi Zamora
Atualização:

Apesar do colapso das criptomoedas, alguns investidores e visionários ainda estão determinados a criar um elo entre o mundo da arte "física", pinturas ou esculturas, e "blockchain", a tecnologia digital que promete inviolabilidade. 

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A proposta da Artessere, empresa criada por uma ex-executiva bancária no Liechtenstein, é muito prosaica: cria-se uma reprodução fiel de uma pintura, ela é "cortada" em pequenos quadrados digitais e o NFT (Non-Fungible Token, um ativo criptografado digital) de cada peça é vendido a 100 ou 200 euros por peça. 

O objetivo é "democratizar a arte", disse à AFP a fundadora da Artessere, Anaida Schneider, por videoconferência. 

Foto de fevereiro de 2022, em que assistente de galeria fica em frente a reprodução digital da pintura 'Madonna de Cal Cardellino', de Raphael, exposta na mostra 'Eternalising Art History: From Da Vinci to Modigliani', em Londres, sobre reproduções em NFT Foto: Justin Tallis/AFP

"Nem todo mundo tem cem mil dólares, ou um milhão, para investir. Então pensei na ideia de criar uma espécie de fundo mútuo no 'blockchain'", explicou. 

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A empresa iniciou sua jornada no ano passado e no momento propõe pintores da arte não conformista soviética, como Oleg Tselkov e Shimon Okshteyn. 

Schneider comprou os quadros desses artistas e estabelece um prazo máximo de 10 anos para revendê-los no mercado. A ideia é que as pinturas ganhem valor ao longo do tempo e, portanto, quando forem vendidas, cada proprietário de NFT receberá seus lucros correspondentes. 

Mas o que acontece quando a obra de arte perde valor ou é destruída?

"Estamos segurados", diz Schneider. E quanto à desvalorização, "espero que nunca aconteça. Somos especialistas nisso. Sabemos o que estamos fazendo", enfatiza. 

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A ex-bancária não dá mais detalhes sobre seu plano de negócios e nega que seu objetivo seja puramente especulativo. Ela garante que seu projeto é totalmente apoiado pela "Blockchain Act" que o Liechtenstein aprovou em 2019. 

Esse paraíso fiscal foi um dos primeiros territórios do mundo a aprovar uma lei específica para regular o mundo da "blockchain" e das NFTs. 

Os NFTs -também uma espécie de título de propriedade de um bem imaterial - representaram no mundo da arte cerca de 2,8 bilhões de dólares em 2021, segundo balanço da empresa francesa NonFungible. 

Uma pesquisa realizada no primeiro trimestre do ano pelo site Art+tech Report com mais de 300 colecionadores revelou que 21% já começaram a comprar obras de arte "fracionadas" por meio de NFT. 

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O mercado da arte, no entanto, foi abalado por escândalos envolvendo falsificações de obras de arte registradas por meio de NFTs na "blockchain" e o roubo de criptomoedas. O problema é ainda mais delicado com obras de propriedade pública, em museus ou galerias.

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