Ares de renovação parecem agitar o universo um tanto quanto minimalista da iluminação residencial. Principal feira francesa do setor de utilitários domésticos, a última edição da Maison & Objet, em Paris, assinalou o retorno triunfal da inspiração botânica ao desenho de lustres, abajures e afins. Não, propriamente, um revival do Art Nouveau. Mas, por certo, um nítido retorno ao decorativo. E que, por certo, não vai tardar a chegar por aqui.
Mas, antes de se deixar seduzir por um galho estilizado para compor sua mesa de cabeceira. Ou de dispor um, ou mais, pendentes floridos sobre a sua mesa da sala de jantar, é importante conhecer as diferentes camadas que envolvem a iluminação de um ambiente. Só assim, é possível alcançar boas condições de luminosidade. E, de quebra, alternando equipamentos e usos, obter uma boa economia na conta de luz ao final do mês.
Trabalhar em uma sala mais clara. Produzir uma luz suave para induzir ao sono, ou ainda obter um efeito mais dramático, para iluminar aquele jantar especial, é mais fácil do que se imagina. Intercalando os três níveis – luz ambiente, de tarefa e de destaque –, é possível não só deixar a casa bem iluminada, mas tornar os espaços harmoniosos e visualmente atraentes. Tudo vai depender da escolha da luminária e da lâmpada mais adequadas.
Iluminação ambiente
Também conhecida como iluminação geral, se refere, na prática, àqueles pontos luminosos, um ou mais, dispostos no centro, ou distribuídos pelo teto dos ambientes. Ou, ainda, disponíveis nas paredes, no formato de arandelas. Como objetivo primordial, deve garantir que o espaço esteja iluminado de maneira uniforme e segura, eliminando cantos escuros e sombras, e ainda evitando o ofuscamento.
Obtida, em geral, por meio de lustres, arandelas ou plafons (tipo de lustre, aplicado rente ao teto), seu efeito deve ser suave e difuso, criando um pano de fundo para as outras camadas de luz. Por isso, antes de escolher a melhor luminária para atender a essa função, é fundamental considerar a altura de cada ambiente. Pés-direitos altos exigem pendentes mais longos. Enquanto os mais baixos, peças embutidas, para economizar espaço.
Depois, uma vez definido o seu modelo preferido, para escolher o tipo a lâmpada mais adequada para sua luminária, é essencial ficar atento a um item conhecido como temperatura de cor. Um índice que pode ser encontrado na embalagem da maioria das lâmpadas, e que influencia a percepção que temos de cada espaço, determinando se a luz emitida pelo artefato luminoso tende mais ao quente e aconchegante, ou ao frio e nítido.
Em linhas gerais, temperaturas de cor entre 2700-3000 K, ou Kelvins, produzem ambientes mais acolhedores e descontraídos, tornando as lâmpadas ideais para iluminar salas de estar, jantar e dormitórios. Já temperaturas consideradas frias, entre 5000-6000K, proporcionam uma sensação mais luminosa e energizante, sendo indicadas para espaços de trabalho, cozinhas ou escritórios domésticos.
Mas, ainda assim, mesmo escolhidas luminária e lâmpada, o efeito final deve se alinhar ao clima desejado para cada ambiente. “Por mais que novos modelos cheguem ao mercado, em se tratando do quarto, para mim, nada se compara à luz emitida pelos abajures. Sempre equipados com lâmpadas de temperatura quente e posicionados um a cada lado da cama”, argumenta a designer de interiores, Deborah Roig.
Iluminação de tarefa
É o tipo de iluminação pensada para fornecer luz concentrada para a execução de tarefas que exigem precisão e clareza. Normalmente é usada para aumentar a visibilidade e reduzir o cansaço visual durante o trabalho contínuo. Seja ele realizado no computador, nos momentos de leitura, ou durante qualquer outra atividade que exija atenção aos detalhes. Incluindo, por exemplo, comer.
“A sala de jantar é um dos ambientes que exige maior atenção”, afirma Mariana Amaral, diretora-criativa da Itens Collections. Segundo ela, além de empregar apenas lâmpadas de temperatura quente, antes de optar por qualquer tipo de lustre, é essencial considerar a altura do ambiente. ”Claro que tudo vai depender do modelo escolhido. Mas, a peça nunca deve ser posicionada a menos de 70 cm da superfície da mesa”, explica.
Cada vez mais evidência, o trabalho em casa exige também atenção redobrada. Mais ainda, quando não realizado em um ambiente específico, mas partilhando o espaço do quarto ou da sala de estar. “O plano de trabalho exige luz concentrada, além de lâmpadas frias e mais potentes. Seja utilizando uma luminária avulsa, com braço articulável, ou um pendente vindo do teto”, explica a arquiteta Genese Ramos.
Iluminação de destaque
Por fim, a iluminação de destaque é aquela utilizada para destacar, ou chamar a atenção, para objetos específicos ou características de um dado espaço, com o objetivo de imprimir profundidade e interesse visual ao ambiente. Porém, ao contrário da iluminação ambiente ou de tarefas, que são essenciais para a segurança e o desempenho de certas atividades, seu propósito é, eminentemente, estético.
Exemplo clássico de luz de destaque, iluminar um, ou mais, quadros é uma função que exige cuidados específicos. “O ideal é que a luz venha de pontos de luz, distribuídos em um trilho, ou embutidos, é que o foco seja direcionado e concentrado” explica a arquiteta Carolina Haubrich. Segundo ela, o mercado hoje oferece diversos modelos de pequenos spots que permitem ajustar o foco da luz, no tamanho da obra a ser iluminada.
Mas, antes de optar por qualquer equipamento, principalmente se o objetivo for dar destaque a pinturas, papeis de parede pintados à mão, ou qualquer objeto que possa desbotar, é importante se assegurar sobre qual a distância recomendada para instalar as peças. A superexposição à luz intensa pode fazer com que as cores desapareçam com o tempo e, no caso, limitar a intensidade da luz é tudo o que interessa.
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