De lava vulcânica a cevada: Conheça objetos diferentões para a casa feitos com materiais singulares

Uma nova e criativa safra de objetos imprime ares de renovação à Maison & Objet, a mais tradicional feira de design e decoração francesa; veja as novidades

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Lava vulcânica, cerveja, areia e até cascas de ovos. Nem o céu parece ser limite para a imaginação de alguns designers, empenhados em dar uma feição menos convencional – mas não menos responsável – aos objetos que habitam o nosso cotidiano. Projetos inovadores, criados a partir de matérias-primas e soluções mais sustentáveis, foram destaque entre os lançamentos apresentados na Maison & Objet: a maior feira de design e decoração francesa, que aconteceu recentemente em Paris, tendo como tema Terra e Cosmos.

De superfícies metálicas a tons de cinza e azul fechados. De corpos celestes ao zodíaco. Todo um imaginário referente ao espaço sideral bateu forte na imaginação dos designers. “Depois de anos nos inspirando na natureza, voltamos agora nosso olhar para o céu, em busca de uma fonte nova e diversa de criatividade. Mas, com certeza, não vamos esquecer de permanecer atentos ao bem-estar no nosso planeta”, sintetiza a curadora Elizabeth Leriche, responsável por What’s New, espécie de farol de tendências da mostra francesa.

Mesa lateral de lava vulcânica do Corpus Studio. Foto: Francesco Galli/Corpus Studio/Divulgação

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Ainda assim, para além dos arroubos intergalácticos, a atenção ao natural e a tudo que é simples e essencial continua a influenciar o desenho dos interiores domésticos. Mais que refúgio, a casa se converte em casulo. “Formas arredondadas e acolhedoras. Materiais naturais, áreas mais bem iluminadas. À nossa necessidade de bem-estar se soma hoje a consciência ambiental. Apenas equacionando estes dois aspectos do nosso morar, nos sentiremos realmente confortáveis”, considera Elizabeth.

Diante da questão, e sem medo de flertar com o brutalismo, o belga Lionel Jadot, eleito Designer do Ano pela direção do evento, resolveu radicalizar, criando uma habitação sustentável, quase que inteiramente preenchida com móveis feitos à mão, e produzidos a partir de resíduos reciclados. Por certo, um dos pontos altos de uma das mais inspiradoras edições da Maison & Objet dos últimos tempos. Como você confere agora, de A a Z:

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  • Areia. O Rollo Studio, do designer Rollo Byant, apresentou a coleção Orbx de luminárias portáteis, produzidas a partir de areia de quartzo preta e impressas em 3D.
  • Balt. É o nome de um novo material, feito com base em grãos de cevada que sobraram da fabricação de cerveja, empregado por Franck Grossel na produção de bancos e cadeiras.
Banco da coleção Newport produzido com resíduos de cerveja. Foto: Instead/Divulgação
  • Cimento geopolimérico. Matéria-prima empregada por James Haywood, que oferece resistência comparável à do concreto, mas emissões de CO² reduzidas em 30%.
  • Design colecionável. Cresce o interesse por objetos menos comuns e mais significativos. Em vez de comprar muitos itens, o foco está em adquirir uma peça artesanal e inusitada.
  • Era espacial. A conquista do espaço continua a inspirar a criação de objetos com formas orgânicas e colorido pop, como os espelhos de desenho futurista da Form.
  • Fisura. Reproduzindo matéria líquida, em plena ebulição, a série de luminárias Lava, um clássico da marca, volta à cena para acrescentar um toque intergaláctico à decoração.
  • Geneviève Mathieu. A designer surpreendeu com uma série de luminárias de cerâmica, que evocam troncos sobre os quais se instalam plantas que crescem umas sobre as outras.
  • Holländer. Em permanente movimento, luminárias ganham reflexos e metamorfoses. Como no caso das arandelas da Holländers, que simulam eclipses e planetas em rotação.
  • Inclusão. Primeiro projeto na matéria-prima, a cadeira de rodas apresentada pelo francês Paul de Livron, contempla uma necessidade premente do design contemporâneo.
  • Jadot. Eleito designer do ano pela Maison & Objet, o belga Lionel Jadot apresentou um projeto residencial construído integralmente a partir de biomateriais e soluções recicladas.
  • Krajcberg. O legado de Frans Krajcberg, um dos primeiros artistas a abordar a questão da sustentabilidade em suas obras, inspirou mostra de design na Paris Design Week.
  • Lava vulcânica. Produzida com a colaboração de artesãos italianos, a mesa lateral Apollo, do Corpus Studio francês, foi um dos projetos feitos no material, apresentados na mostra.
Entrada da mostra 'What’s New ', na feira Maison & Objet, em Paris. Foto: Anne-Emmanuelle Thion/Divulgação
  • Madeira: Cresce o desejo de adotar uma abordagem mais ecológica para a matéria-prima, incluindo o seu uso ao natural, com acabamentos brutos ou levemente trabalhados.
  • Neo-artesanato: Fundindo autenticidade e inovação, objetos feitos à mão, que realizam uma releitura responsável das técnicas tradicionais, capturaram a atenção dos visitantes.
  • Ovos. Sessenta deles tiveram suas cascas reaproveitadas, e religadas por resina, pelo Studio Yellowdot, para se funcionarem como difusores de luz no pendente Hatch.
  • Plásticos descartados. No caso, proveniente dos rios de Bali, na Indonésia – para que não chegassem às praias –, foram recolhidos e reutilizados nos móveis do Sungai Design.
  • Quasar. A imagem de um núcleo galáctico que se apresenta como um objeto luminoso, brilhante e distante, e é alimentado por um buraco negro, fascinou muitos designers.
  • Retrofuturismo. Estilo em lata, caracterizado por móveis e objetos com formas arredondadas, superfícies metálicas e cores vibrantes, com um forte toque de nostalgia.
  • Sustentabilidade. Designers e marcas demonstraram uma real disposição para adotar uma abordagem mais ecológica do design, privilegiando os materiais naturais ou reciclados.
  • Tecnicidade. Objetos ganham texturas minerais, cruas, mas raras, oferecendo um contraste marcante entre o nosso tempo e as referências a um passado imaginário.
  • Upciclying. Objetos inteiros – e aparentemente inúteis –, surgiram empregados na elaboração de novos produtos, com uma função bem diferente da sua original.
Pendentes feitos com antigos troféus de campeonatos pelo Flétta Studio. Foto: Anne-Emmanuelle Thion/Divulgação
  • Velas. Cada vez mais esculturais, atraíram a atenção de todos graças a seus formatos, colorido intenso e processos de fabricação. Como nos modelos da Hoogeland.1770
  • WhenObjectsWork. A marca belga surpreendeu mais uma vez, com seus projetos que partilham a preocupação com as formas simples, função imaculada e linguagem atemporal.
  • Xenia Turchetti. Famosa por seus potes feitos à mão, de terracota, os trabalhos da designer celebraram habilidades tradicionais, mas reproduzem temáticas atuais.
  • Yoomoota. Quando o incomum inspira a decoração, a marca, criada por Taras Zheltyshev, surge como o exemplo perfeito, com seus móveis que parecem sair de um videogame.
  • Zero desperdício. É o lema seguido à risca pelo Studio Flétta, da Islândia, que emprega apenas materiais reciclados em suas criações, tais como sobras de tecido, papel e jeans.

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