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“#EstamosAqui”: as mulheres pedem visibilidade no mundo da arte

Movimento foi apresentado na inauguração da Feira de Arte Contemporânea de Madri (ARCO)

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Por Carmen Sigüenza
Atualização:

MADRI — Se o #MeToo deu visibilidade às mulheres na luta contra o assédio no mundo do cinema e reivindicou a visibilidade feminina, na arte, de onde as mulheres foram historicamente excluídas, a hashtag #EstamosAqui reivindica maior presença de mulheres artistas na cultura.

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O movimento #EstamosAqui, apresentado nesta semana em uma ação na inauguração da Feira de Arte Contemporânea de Madri (ARCO), foi uma ideia de Yolanda Domínguez e María Gimeno, da Associação de Mulheres Artistas Audiovisuais, e teve acompanhamento pelas redes sociais.

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Mas essas dezenas de mulheres criativas que foram apresentadas na ARCO com um sinal de geolocalização para indicar que “estamos aqui” queriam agitar a inauguração da feira, onde em 2017 havia apenas 25% de artistas femininas, de acordo com os dados da Associação das Mulheres Artistas Audiovisuais.

"Vamos ver o que 2018 tem para nos oferecer”, explicam Domínguez e Gimeno sobre esta nova edição da ARCO, na qual todos os programas, três no total, têm curadoria totalmente de mulheres. Um fato que ambas consideram "bom", embora esperem que não fique “apenas em uma manchete”, e torcem para aumentar o número de mulheres artistas, não apenas curadoras.

Mulher olha para uma pintura sem título da artista Ellen Berkenbilt na ARCO, em Madri Foto: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS

Mas a realidade é que a desigualdade entre os sexos é um fato. Na verdade, as mulheres não estão nos museus ou galerias, embora aumente a presença de mulheres nas feiras mais alternativas, como explica Seramis González, curadora e uma das diretoras da feira de arte emergente JustMAD2018, juntamente com Daniel Silvo. 

Uma feira de arte contemporânea onde, pela primeira vez, há mais mulheres que homens: 71 mulheres e 63 homens. “Esse número do ano passado não foi o mesmo e essa é uma aposta desta nova direção”, acrescenta a diretora.

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“Em algumas das declarações que o diretor da ARCO, Carlos Urroz, fez, ele disse que não acreditava na paridade, mas em qualidade. E isso é dizer que apenas 4% das artistas espanholas são de qualidade, algo paradoxal quando 70% dos licenciados em arte são mulheres; é algo vergonhoso”, afirma.

“E, claro, isso é um círculo vicioso, se as mulheres não exibirem suas obras, elas não são compradas, os agentes vão para museus e feiras e não há obras de mulheres e assim o valor econômico de suas obras será sempre menor”, diz Seramis González, que acrescenta que o pior que se pode fazer é “esconder uma obra”.

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“É claro que essa é uma doença endêmica que acontece em muitos museus, onde se reproduzem padrões patriarcais, o que implica um erro democrático, embora existam homens que estão cientes desta questão, como o diretor do Centro de Arte Dos de Mayo de Móstoles, Manuel Segade.

Da mesma forma se expressa Pilar Foronda, da Associação de Mulheres Artistas EmPoderArte, que trabalha contra a violência sexista e pela visibilidade das mulheres. “Nem o Museu Rainha Sofía nem o Museu do Prado expõem obras das mulheres. Nós conversamos com Borja-Villel, diretor do Rainha Sofía, há anos, para expor as mulheres que têm em seus depósitos”, diz a coordenadora do ciclo "Nem elas musas nem eles gênios”, que está sendo realizado no CaixaForum em Madri. / Tradução de Claudia Bozzo

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