Morto há pouco mais de 10 anos, Nelson Mandela ganhou uma mostra no Centro Cultural São Paulo. As histórias do vencedor do Nobel da Paz em 1993 e ex-presidente da África do Sul compõem a exposição Mandela, Ícone Mundial de Reconciliação, em cartaz até o dia 30 de agosto.
Mandela é uma das personalidades mais importantes do século 20 e um dos pontos principais de sua biografia é a luta contra o apartheid, regime de segregação racial que vigorou durante quase cinco décadas na África do Sul. Devido a sua luta contra o racismo, Madiba, como é conhecido no país, continua sendo um exemplo nos dias atuais.
“O nome do Mandela, sua história e biografia são bastante contemporâneos. Já era há três décadas, quando iniciou o processo de democratização na África do Sul, e possivelmente será atual daqui a três décadas”, explica João Bosco, professor de relações internacionais e fundador e presidente do Instituto Brasil África.
O instituto, em parceria com a Nelson Mandela Foundation, é o responsável pela exposição que já passou por Brasília, deve ir para o Rio de Janeiro e tem pretensões de circular por outras capitais do País.
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Importância do líder
“Nós estamos falando hoje do Mandela, do que ele viveu, fez, e isso tem muito a ver com os dias atuais. Então, por que a exposição? Porque o mundo precisa de uma inspiração”, comenta Bosco. “A gente tem a convicção de que ele era um homem normal, mas Mandela tomou para si uma dor coletiva, ele viveu na pele, como encarcerado, a consequência da decisão pessoal de ser porta-voz de um movimento contrário ao que existia como status quo”, continua.
Para Bosco, a história de Mandela e sua luta contra o apartheid são provas de como podemos lidar com o pensamento diferente. “A exposição é justamente para chamar a atenção que, no momento em que o mundo tem tanta arenga, tanta discórdia, Mandela traz para nós a ideia de que, mesmo com diferenças, precisamos buscar respostas que sejam comuns no sentido de trazer melhor vida para as pessoas”, reflete.
O que ver?
Uma das ideias da exposição é trazer aspectos da vida de Mandela que vão além do fato de ele ser o primeiro presidente negro da África do Sul, responsável pelo que se chama de “refundação” do país. “Mandela fala que a educação é a única arma capaz de mudar a sociedade. Isso porque ele viveu a educação como algo real”, conta o professor. “Ele vinha de uma família do interior, de regiões distantes, se educou, se formou, é uma realidade subversiva”, continua.
O Mandela que deixou sua comunidade para buscar transformação pessoal através da educação formal, lutou contra a segregação, mas também era fã de boxe, um pai apegado às filhas, com as quais trocava correspondências enquanto estava preso, também está na exposição. É fácil, inclusive, de entender o que levou este homem a se tornar um Nobel da Paz.
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“Quando estava na prisão da Ilha Robben, ele começou a desenvolver um ambiente de camaradagem e aprendeu o idioma dos brancos para poder se comunicar (com os funcionários da prisão). E começou a falar sobre outros assuntos na língua dos brancos e com os outros presos também, e começaram a ter relação com os guardas”, diz o professor. “Mandela também começou a ensinar aos presos algumas disciplinas”, continua. Por conta dessa disposição do líder político em ensinar, a prisão acabou ganhando o apelido de “universidade”.
Serviço
Mandela, Ícone Mundial de Reconciliação
Local: CCSP (Rua Vergueiro, 1000, ao lado da estação Vergueiro, da Linha 1 – Azul do Metrô)
Visitação: terça a sexta, 10h às 20h; sábados e domingos, das 10h às 18h.
Quando: Até 30/8
Quanto: Grátis
Este conteúdo foi produzido em parceria com o Instituto Brasil África, organização sem fins lucrativos para a promoção da cooperação e engajamento entre o Brasil e o continente africano.
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