Para quem gosta de arte, o planejamento para 2024 passa por programar quais exposições visitar ao longo do ano. Em São Paulo, diversos museus e centros culturais já anunciaram uma programação recheada, com mostras voltadas a diferentes predileções. A agenda paulistana inclui, por exemplo, exibições de obras do pintor Francis Bacon, da escultora Lygia Clark e da fotógrafa Claudia Andujar.
A exposição Francis Bacon: a beleza da carne, que ocupará o Masp (Av. Paulista, 1.578) entre 22 de março e 28 de julho, será, provavelmente, um dos grandes eventos do ano. Com curadoria de Adriano Pedrosa e Laura Cosendey, e assistência curatorial de Isabela Loures, a mostra abordará a obra do pintor irlandês por uma perspectiva queer.
Afinal, para 2024, o museu estabeleceu o eixo temático Histórias da diversidade LGBTQIA+, com uma programação que também põe em evidência nomes como Mário de Andrade, Catherine Opie, Lia D Castro e Leonilson. Assim como nas últimas temporadas, o eixo temático escolhido dará origem a uma grande exposição de mesmo nome, prevista para dezembro.
Abrindo o ano na Pinacoteca, com início em 2 de março, uma mostra panorâmica da produção de Lygia Clark (1920-1988) ressalta as experimentações desta que foi uma das principais artistas brasileiras da segunda metade do século 20. No edifício da Pina Luz (Pça. da Luz, 2), será possível ver, em conjunto, pinturas de sua fase inicial, séries de sua fase neoconcreta, além de seus objetos sensoriais, como as instalações A casa é o corpo (1968) e Campo minado (1967-8).
Ao longo de 2024, o museu ainda receberá mais de uma dezena de exposições, caso de uma retrospectiva da chilena Cecília Vicuña e de uma monográfica de J. Cunha, que ocupam, a partir de maio, a Pina Contemporânea (Av. Tiradentes, 273 ) e a Pina Estação (Lgo. Gal. Osório, 66), respectivamente.
Para este ano, o MAC (Av. Pedro Álvares Cabral, 1.301) prevê a realização de individuais de Sérgio Ferro, Lúcia Suanê, Eleonore Koch e Ana Bella Geiger, com datas ainda não confirmadas. Entre outras atrações, haverá também uma exposição internacional da Terra Foundation, com 31 obras pertencentes à instituição norte-americana, escolhidas a partir de temas como a cultura visual indígena e a representação do trabalho e dos trabalhadores na modernidade.
Será a partir de abril, no Itaú Cultural (Av. Paulista, 149), que o público poderá conferir um lado menos conhecido da fotógrafa brasileira Claudia Andujar. Sob curadoria de Eder Chiodetto, uma exposição vai englobar tanto suas emblemáticas imagens do povo Yanomami quanto séries marcadas por uma atmosfera mais psicodélica, produzidas desde os anos 1970. Antes dessa mostra, o espaço cultural dedica, a partir de março, uma de suas tradicionais “ocupações” à cantora Maria Bethânia, seguida por outras duas dedicadas ao arquiteto autodidata modernista Artacho Jurado e ao músico Naná Vasconcelos.
Como de praxe, a fotografia terá protagonismo no Instituto Moreira Salles (IMS, Av. Paulista, 2424). A partir de 23 de março, o IMS exibe obras do cineasta, roteirista e fotógrafo Jorge Bodanzky. No segundo semestre, além de uma mostra voltada à produção de Stefania Bril (1922-1992), fotógrafa polonesa de origem judaica que fez carreira no Brasil, o destaque é uma grande retrospectiva em celebração ao centenário do fotógrafo húngaro-brasileiro Thomaz Farkas (1924-2011), que salienta também sua incursão pelo cinema.
Aliás, dois dos mais importantes fotógrafos documentaristas em atividade no Brasil, Luciano Candisani e Lalo de Almeida, terão sua produção em torno da região do Pantanal Matogrossense exposta no Instituto Tomie Ohtake (R. Coropé, 88), que prevê, também para o primeiro semestre, um projeto cujo mote são as diásporas asiáticas, com artistas migrantes da China, da Coreia e do Japão.
No segundo semestre, a grande atração é uma mostra que ressalta afinidades entre as obras do americano Alexander Calder (1898-1976) e do espanhol Joan Miró (1893-1983), que chegará em itinerância ao instituto, depois de passar pela Casa Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, com curadoria de Max Perlingeiro.
Com sua habitual programação de mostras imersivas e interativas, o Farol Santander (R. João Brícola, 24) inaugura em fevereiro Smart Lights, que promete uma experiência estética e sensorial marcante a partir de obras de artistas que lançam mão da luz em seus projetos — entre eles, Anaisa Franco e a dupla Motta & Lima. Em março, é a vez de uma mostra com litografias, pinturas, ilustrações e objetos do artista Yoshitaka Amano, ícone da pop art japonesa e da cultura pop e geek mundial. A programação do espaço também contempla o público infantil: em junho, a exposição Fábulas de La Fontaine terá estações temáticas inspiradas na obra do autor francês.
Também conhecido por suas atrações imersivas, o MIS Experience (R. Cenno Sbrighi, 250) abre, em 4 de janeiro, uma exposição que celebra os 40 anos do personagem Chaves no Brasil, incluindo cenários reconstruídos, figurinos, itens e roteiros originais trazidos do México. A interatividade também marca o Museu do Futebol (Pça. Charles Miller, s/nº), que volta a funcionar em maio com a promessa de mais atenção ao futebol feminino e uma sala própria em homenagem a Pelé.
No MAM (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n°, Pq. Ibirapuera), a programação tem início em 29 fevereiro, quando será aberta uma retrospectiva da produção de George Love (1937-1995), fotógrafo norte-americano que atuou no Brasil. Nos meses seguintes, o museu vai realizar ainda exposições de Santídio Pereira e Emmanuel Nassar, com abertura em 2 de abril, e de Ângelo Venosa, a partir de 13 de junho. Outro destaque da agenda, previsto para outubro, é o 38º Panorama de Arte Brasileira, com foco na produção nacional contemporânea.
No CCBB (R. Álvares Penteado, 112), está prevista a abertura, em setembro, da mostra Tesouros Ancestrais do Peru, que propõe uma viagem pelas antigas civilizações andinas por meio de um conjunto raro de peças em cerâmica, cobre, ouro, prata e têxteis — itens pertencentes à Fundação Mujica Gallo. O espaço acaba de inaugurar uma grande exposição intitulada Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, que fica em cartaz até março e destaca obras de artistas como Arthur Timótheo da Costa, Maria Auxiliadora, Rubem Valentim e Mestre Didi e Lita Cerqueira. Uma temática próxima norteia a programação deste ano do Museu da Língua Portuguesa (Pça. da Luz, s/nº), que promoverá, a partir de maio, a mostra Línguas africanas no Brasil, com curadoria do multiartista e pesquisador Tiganá Santana.
Entre os destaques da agenda do Sesc no primeiro semestre (com datas de abertura ainda a serem divulgadas), Maxwell Alexandre realiza, na unidade da Avenida Paulista (Av. Paulista, 119), uma instalação que discute a circulação de pessoas negras em espaços de arte. No Sesc Pinheiros (R. Pais Leme, 195), em parceria com o Museu de Arte do Rio, a mostra Um defeito de cor traz uma seleção de obras em diálogo com o livro homônimo de Ana Maria Gonçalves.
No Sesc Pompeia (R. Clélia, 93), será possível conferir tanto obras da brasileira Carmela Gross quanto uma itinerância das duas galerias que compõem Terra, o pavilhão brasileiro na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023. Vale se programar também para acompanhar a 22ª Bienal Sesc_Videobrasil, no Sesc 24 de Maio (R. 24 de Maio, 109), que se estende até 25 de fevereiro de 2024.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.