Planejar o dia de amanhã tornou-se uma missão arriscada durante a pandemia. O ano que passou, no entanto, trouxe lições para museus e galerias de arte, que puderam adaptar as suas atividades e anunciar, agora, a sua programação de 2021.
O Masp, que virou o ano com a recém-inaugurada mostra de Beatriz Milhazes, em cartaz até 30 de maio, apresenta a produção de outras criadoras mulheres. Em maio, expõe esculturas da artista de origem indígena Conceição dos Bugres (1914-1984). A partir de julho e agosto, respectivamente, sua produção entrará em diálogo com as também escultoras Erika Verzutti e Maria Martins (1894-1973). Já em agosto, ganharão destaque as fotografias da alemã Gertrudes Altschul (1904-1962), que migrou para o Brasil em 1939 e foi uma das poucas mulheres na época a integrar o Foto Cine Clube Bandeirante.
A mostra de Beatriz Milhazes está também, até maio, no Itaú Cultural, onde outra exposição em cartaz, a Ocupação Lima Duarte, cederá lugar, em fevereiro, a uma mostra em homenagem a Chiquinha Gonzaga. Em julho, o instituto também destacará a fotografia moderna brasileira, por meio da produção de Geraldo de Barros (1923-1998).
Letras. Na outra ponta da Avenida Paulista, o IMS também exibe a obra de nomes importantes da fotografia brasileira. No caso, de Madalena Schwartz (1923-1993), a partir de janeiro, e de Mario Cravo Neto (1947-2009), a partir de março. Em junho, uma exposição que inclui manuscritos de Carolina Maria de Jesus entra em cartaz no espaço, que, no mês seguinte, homenageará ainda outra escritora, Clarice Lispector, em mostra que, tendo como ponto de partida a sua produção, apresentará obras de artistas visuais contemporâneas da autora.
Um significativo conjunto de textos originais será exibido em A Magia do Manuscrito, no Sesc Avenida Paulista. Prevista também para abril, a exposição trará um recorte da coleção de Pedro Corrêa do Lago, com correspondências, autógrafos, partituras e estudos – já exibidos em uma mostra na The Morgan Library & Museum, em Nova York. A literatura pauta ainda uma exposição no Farol Santander, onde, a partir de abril, o público poderá conferir uma homenagem aos 155 anos da primeira publicação de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
Localizado nas proximidades, o CCBB, por sua vez, inaugura, em março, retrospectiva de Ivan Serpa, com mais de 200 trabalhos do artista (1923-1973), mestre do concretismo.
Relações. Na Pinacoteca, A Máquina do Mundo, com título inspirado em poema de Carlos Drummond de Andrade, examina as relações entre arte e atividade industrial desde o século 20, com obras sobre o maquinário, a produção em série, as logomarcas e o trabalho operário. Na seleção, exibida a partir de outubro, haverá desde pinturas de Tarsila do Amaral até imagens do fotógrafo alemão Hans Gunter Flieg.
Já no MAB-FAAP, é mais especificamente a relação entre arte e a produção de café que define a proposta da mostra Café Mundo, fruto de parceria com o Museu do Café, com obras de nomes como Candido Portinari e Aldir Mendes de Souza.
Modernos. À medida que se aproxima o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, instituições abordam os desdobramentos do evento. No MAM, a partir de abril, uma exposição homenageia a família Gomide Graz, destacando seu pioneirismo nas composições geométricas abstratas no Brasil, com obras de Regina Gomide Graz, Antônio Gomide e John Graz. Em agosto, outra mostra, com curadoria de Aracy Amaral e Regina Teixeira de Barros, enfatiza a arte moderna produzida fora de São Paulo. No Centro Cultural Fiesp, o centenário do evento ganha atenção em outubro, em parceria que levará ao local obras do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).
Galerias. Entre as principais galerias da cidade, a Fortes D’Aloia & Gabriel, atualmente fechada para reformas de seu espaço na Barra Funda, reabrirá com mostra da paulistana Yuli Yamagata e da jovem artista carioca Márcia Falcão. Na Kogan Amaro, o ano inicia com mostra de Gabriel Bottas e termina com uma de Eduardo Srur.
Homenagem. No fim de janeiro, uma parceria entre MIS, MIS Experience e Paço das Artes leva ao Memorial da América Latina uma instalação imersiva de Siron Franco, com 365 manequins suspensos por cabos de aço, em homenagem às vítimas da covid-19 e aos profissionais da saúde.
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