O artista alagoano Jonathas de Andrade, de 39 anos, que participou da 32ª Bienal de São Paulo (2016) com a videoinstalação O Peixe, foi escolhido pelo curador da 34ª edição da mostra, que terminou dia 5, Jacopo Crivelli Visconti, como representante do Brasil na próxima Bienal de Veneza. “O artista Jonathas de Andrade busca em seus trabalhos a ideia de uma cultura autenticamente popular”, justificou Crivelli Visconti, nomeado curador da representação brasileira da bienal italiana de 2022. “O corpo, principalmente masculino, é o eixo norteador para abordar temas como o universo do trabalho e do trabalhador, e a identidade do sujeito contemporâneo, por meio de metáforas”, conclui o curador da 34ª Bienal de São Paulo. Jonathas de Andrade, ao comentar sua escolha para a bienal italiana, declarou que está trabalhando em uma instalação inédita seguindo o tema proposto pela Bienal de Veneza de 2022. “O convite é uma surpresa e uma honra, mas, antes de tudo, um desafio pela responsabilidade diante do quadro de complexidades cruciais que o país enfrenta.”
Com curadoria de Cecilia Alemani, a 59ª. edição da Bienal de Veneza de 2022 toma seu título emprestado do livro The Milk of Dreams, da artista surrealista britânica Leonora Carrington (1917-2011). Para Alemani, “a artista descreve um mundo mágico em que a vida é constantemente repensada através do prisma da imaginação, e onde todos podem mudar, ser transformados, tornar-se outra coisa e outra pessoa”.
Um dos projetos mais conhecidos de Jonathas de Andrade é o conjunto de trabalhos chamado Museu do Homem do Nordeste, concebido como possível contraponto ao museu antropológico criado em 1979 pelo sociólogo Gilberto Freyre, ainda existente na cidade do Recife. Enquanto o museu original revisa a história colonial e a identidade da região a partir de uma reunião de artefatos e objetos históricos, o museu de Andrade desloca seu olhar para as pessoas, enfatizando as relações de poder e de classe entre elas na história.
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