O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), que está passando por reformas para expandir seu espaço de exposição, anunciou nesta terça, 9, durante uma coletiva de imprensa no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, diversos projetos novos.
Uma das principais ações é a exposição Sur Moderno: Itinerários da Abstração, que será inaugurada em 21 de outubro, junto com a expansão do museu, e colocará à mostra mais de cem obras do acervo que a venezuelana Patricia Cisneros, uma das principais colecionadoras do abstracionismo geométrico latino, doou ao MoMA entre 1997 e 2016.
“Queremos mostrar ao mundo não apenas que houve, sim, um movimento modernista forte na América Latina, mas o nível de vanguardismo dos artistas daqui”, afirma a curadora de arte latino-americana do MoMA, Inés Katzenstein, ao Estado. Entre os principais artistas, estão brasileiros como Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica, o venezuelano Jesús Rafael Soto, a uruguaia María Freire e o argentino Alfredo Hlito.
“Os modernistas daqui, ao mudar a arte, tentavam transformar seus arredores para criar ambientes também modernos”, explica a curadora, que colocará os artistas latinos em diálogo com o construtivismo russo de Aleksandr Rodchenko e com o De Stijl de Piet Mondrian. Sur Moderno ficará em cartaz até 14 de março.
“Quando realizamos a última reforma no museu, em 2004, sob supervisão do arquiteto Yoshio Taniguchi, o projeto foi todo voltado para o lado norte do edifício, que fica na direção do Central Park”, conta o diretor do MoMA, Glenn D. Lowry, que está no cargo desde 1995.
“Agora, nossa ideia foi tornar o prédio mais atraente para o lado sul, com duas novas galerias gratuitas no nível da calçada, mais chamativas para os pedestres”, explicou Lowry. O projeto de expansão deve acrescentar mais de 3.700 m² de espaço ao museu.
Segundo ele, uma das galerias deve ter como foco “a relação entre design e energia, como o design nos ajuda a usar e compreender as mais diversas formas de energia, seja solar, elétrica ou fóssil”, e a outra galeria nova será dedicada à exposição de artistas contemporâneos jovens.
“Todos nós no mundo dos museus pensamos o tempo todo em como ser mais convidativos ao público. Penso que aqui em São Paulo temos um ótimo exemplo disso, com a obra-prima de Lina Bo Bardi”, comenta Lowry, referindo-se ao Masp.
“Com o espaço do vão-livre, ela fez com que as pessoas se tornassem parte do museu.” O diretor do MoMA falou ainda sobre como a Avenida Paulista é um centro cultural relevante: “Ficamos em uma rua estreita de Nova York, nós adoraríamos ter uma Paulista diante de nós. Mas o que se faz dentro do museu também afeta o quão chamativo ele é para a comunidade ao redor”.
Apesar de não prever nenhuma ação específica para o futuro próximo, Lowry disse que o MoMA está sempre em contato com museus brasileiros e que o País está no radar da instituição. “A arte latino-americana é um dos nossos focos desde muito cedo, quando expusemos muralistas mexicanos nos anos 1930, mas é possível dizer que hoje há um crescimento pelo interesse da arte brasileira no exterior”, afirma ele.
E isso não vale apenas para pinturas: a curadora de fotografia Sarah Meister afirma que haverá muitos fotógrafos brasileiros em exposição no MoMA nos próximos meses. “Estamos profundamente comprometidos em promover narrativas diversas, trazendo mais obras de mulheres e uma maior diversidade geográfica ao nosso acervo”, diz Meister, que vem colaborando com projetos do IMS e trabalha em uma mostra abrangente da fotógrafa Dorothea Lange para o início de 2020, no MoMA.
Além de Sur Moderno, outras mostras vão inaugurar os novos espaços expositivos do MoMA em outubro: Member: Pope.L 1978-2001 conta com performances do artista multidisciplinar Pope.L; The Legends of Black Girl’s Window aborda as relações entre a escultura Black Girl’s Widow (1969), de Betye Saar, e 42 de seus trabalhos em papel; além de mostras de artistas do Studio Museum, do Harlem, fruto de uma parceria entre as instituições.
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