Morreu na noite de domingo, em Porto Alegre, aos 89 anos, o escultor Xico Stockinger. Nascido em Traun, na Áustria, em 1919, mas no Brasil desde 1921, ele se tornou, ao lado do escultor Vasco Prado, um dos nomes de destaque do Rio Grande do Sul, vivendo em Porto Alegre desde 1954, quando também se naturalizou brasileiro. O artista sofria de diabetes e problemas cardíacos. Seu corpo foi velado ontem no Museu de Artes do Rio Grande do Sul (Margs). Francisco Stockinger fez sua formação artística no Rio de Janeiro, primeiro, ingressando no Liceu de Artes e Ofícios, em 1946. Na capital carioca, trabalhou no estúdio do escultor Bruno Giorgi. Quando se mudou para Porto Alegre, passou a trabalhar com destaque na xilogravura e ainda com diagramação para jornal e a fazer caricaturas. Ao mesmo tempo, também, não cessa sua pesquisa escultórica. Stockinger participou de exposições no exterior e no Brasil, incluindo diversas edições da Bienal de São Paulo, mas, a concentração de suas mostras se deu em Porto Alegre ao longo de sua trajetória. O artista produziu uma obra múltipla, dedicando-se a peças em bronze, madeira, ferro e mármore e também incorporando materiais banais, como telas de arame, pregos e parafusos. Suas esculturas mais recentes em mármore e pedra são abstratas e circulares, numa forma de recuperar "o humano direito de contemplar (e criar) a beleza lírica, poética", como escreveu a crítica Angélica de Moraes. Mas o artista ficou mesmo conhecido pelas esculturas feitas com dramaticidade, como as figuras longilíneas de sua série dos Gabirus (década de 1990), inspirada nas famílias miseráveis nordestinas, assim como as obras que remetem a guerreiros, touros e mulheres. "Stockinger insiste na temática carregada de humanidade na sua crueza desconcertante, apelo de amor à vida, vanitas de hoje, à maneira como os seiscentistas usavam pintar, como lembrete de que depois vem a morte", escreveu Pietro Maria Bardi. Atualmente há a possibilidade de ver algumas de suas obras na mostra De Valentim a Valentim - A Escultura Brasileira do Século 18 ao 20, no Museu Afro Brasil.
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