Na França, Tarantino garante estar no paraíso

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Por Redação
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Quentin Tarantino chegou para a entrevista, ontem pela manhã numa suite do Hotel Carlton, bizarramente vestindo black-tie, com uma rosa vermelha na lapela. Ele havia passado a noite na farra? "Não vou lhe dizer", e solta sua risada característica. Tarantino concorre de novo à Palma de Ouro, que recebeu por Pulp Fiction (Tempo de Violência), em 1994, agora com Inglorious Bastards, que narra a história de um pelotão de soldados judeus norte-americanos que escalpela nazistas e planeja matar o führer. Mais sobre Cannes no blog do Merten Você disse que se inspirou no filme homônimo de Enzo G. Castellari, de 1978, mas tenho a impressão de que Inglorious Bastards deve muito mais a Robert Aldrich. Você quer dizer a Os Doze Condenados? Com certeza. Além do título, o que eu devo a Castellari são as cenas em câmera lenta, que ele, como Sam Peckinpah, era especialista em criar. Mas a ideia da missão suicida, a formação do pelotão especial, o fato de que esses personagens liberam sua agressividade na guerra, tudo vem de Aldrich. Comecei Inglorious Bastards querendo fazer meu Doze Condenados e aí as referências foram se superpondo - o spaghetti western, principalmente. Aldrich me deu o ponto de partida. Cannes, na última década tem sido o território por excelência da discussão das novas tecnologias. Você usa o cinema para explodir o nazismo, mas seu explosivo é o nitrato, a película. É uma metáfora da morte do cinema tradicional? O que mais me agrada em Inglorious Bastards é que, sim, eu posso dizer que o caráter metafórico é evidente e, ao mesmo tempo, é a mais pura e simples realidade, talvez a única desse filme que fantasia o desejo de vingança dos judeus contra Adolf Hitler. A película, o celuloide é mesmo explosivo. Trabalho em dois níveis, com a realidade feita fantasia e, como você diz, com a força metafórica do cinema. Como é estar de volta a Cannes? Cannes é o melhor lugar para mostrar, ver e discutir filmes. Pedro Almodóvar diz que é o inferno, o paraíso e o limbo dos diretores. Não poderia ser mais verdadeiro, embora, para mim, pelo carinho com que sou recebido, seja sempre o paraíso.

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