O que disseram os primeiros visitantes do novo prédio do Masp, inaugurado na Paulista

Inauguração do anexo na Avenida Paulista levou público ao encantamento no primeiro dia de visitas; veja como foi

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Foto do author Daniel Silveira
Atualização:

O Masp reabriu na manhã desta sexta-feira, 28, apresentando sua maior novidade: o prédio Pietro Maria Bardi. O anexo da construção incrustrada em plena Avenida Paulista recebeu o nome do primeiro diretor artístico do museu. O edifício histórico, agora, tem o nome da sua companheira, a arquiteta Lina Bo Bardi, que o projetou.

Exposição de Renoir é destaque na abertura do novo prédio do Masp Foto: Taba Benedicto/Estadão

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A reabertura acontece depois de uma reforma que começou em 2021. O prédio ficou abandonado por um período até ser anexado ao museu, quase que dobrando a área de atuação do equipamento.

Quem escolheu as primeiras horas da reabertura para visitar o novo espaço não escondeu a alegria de estar participando de um momento histórico, como foi o caso do educador Bruno Alvarez, 37, um dos primeiros na fila para acessar o prédio. O paulistano diz frequentar o Masp desde criança. “Como eu moro perto, aproveitei a oportunidade”, conta. “O prédio está fantástico, arquitetonicamente é lindo; as vistas de São Paulo que a gente tem daqui são são muito bonitas, inclusive do próprio prédio histórico do Masp”.

Edificio Pietro Maria Bardi, anexo do Masp, inaugurado nesta sexta-feira, 28. Foto: Werther Santana/Estadão

O pesquisador Anthonio Silwa, que atua nas redes sociais como um divulgador artístico, também aproveitou o momento de inauguração do novo prédio para visitar o museu. “Estou muito ansioso, porque na América Latina, o Masp tem uma força muito grande. E do ponto de vista político, expandir o prédio para caber mais arte porque o anseio é muito grande e não dá conta da potência que o próprio prédio tem, que a própria instituição tem para ofertar, é como se falasse para as pessoas: ‘tem mais, a gente é insaciável’”, comenta.

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Anthonio Silwa é pesquisador em comunicação e cultura e divulgador artístico no Instagram. Foto: Daniel Silveira/Estadão

O novo prédio foi aberto com cinco exposições que, reunidas, formam a mostra Cinco ensaios sobre o MASP: Isaac Julien: Lina Bo Bardi – um maravilhoso emaranhado, Artes da África, Geometrias, Renoir e Histórias do MASP. As obras estão espalhadas em cinco dos dez andares da nova estrutura, que inclui também espaços para os cursos, bem como para o Laboratório de Conservação.

“O prédio em si já é uma obra de arte. A gente tem Lina Bo Bardi propondo ele, a arquitetura dele, mas se você entende que ele compõe o nosso fazer cultural, que é sempre dinâmico, que não é cristalizado, modificar aquilo que a gente já vem modificando por ser própria cultura, não tem problema”, diz Anthonio. “São camadas de história que vão se sobrepondo e que para mim faz muito sentido, porque você começa a perceber a suposta linearidade da história a partir dos anexos que vão sendo feitos nos prédios. Vejo como algo ambicioso, mas também positivo”, completa.

A história do Masp também é a história da arte no Brasil

Um andar inteiro do novo prédio está sendo usado para expor um pedaço da história do próprio museu, que também pode ser entendida como um pedaço da História da Arte no Brasil. Esse é um dos pontos que o professor Ronaldo Freitas, morador de Niterói, destaca. “Estou em São Paulo por outros motivos e aproveitei para conhecer o novo prédio. É interessante a gente ver como acontece uma releitura, já que muitas obras eu já tinha visto lá no prédio histórico, aqui elas ganharam outra organização, é muito interessante ver essa questão da memória, de mostrar os fundadores trazendo as peças, é interessante como ganha um outro sentido”, aponta.

O professor Ronaldo Freitas, morador de Niterói, estava de passagem por São Paulo e resolveu conhecer o novo prédio. Foto: Daniel Silveira / Estadão

Enquanto isso, o bancário Vinicius Morandi, 39, aproveitou a sexta de folga para uma visita ao museu. Morador da vizinhança, ele conta que acompanhou o período da reforma e que aguardava a reabertura para uma visita. “Moro em São Paulo há 10 anos, e toda vez que eu passava aqui e via aquela estrutura abandonada, pensava: ‘tem que ter alguma coisa ali’”, diz. O paulistano de coração confessa ter se emocionado ao ver o resultado. “Onde todo paulista via uma carcaça, a gente ficou ansioso para que isso acontecesse. Estou muito feliz com o resultado e ansioso para ver outras mostras”.

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O bancário Vinicius Morandi, morador da região da Paulista, aproveitou a sexta de folga para conhecer o novo prédio, cuja reforma acompanhou à distância. Foto: Daniel Silveira / Estadão

Anthonio diz estar “entorpecido de tenta novidade”, embora sinta falta do vermelho que é uma das marcas do prédio histórico. “Acredito que poderia estar no corrimão ou no próprio chão; do ponto de vista arquitetônico não sei se faz sentido, mas do ponto de vista daquilo que o vermelho representa para o Masp, para a Lina Bo Bardi e para o próprio Brasil, que vem de etimologicamente de brasa, fogo, da árvore vermelha, acredito que isso deixaria a experiência tão emblemática quanto os próprios andares e o que cada um deles traz em termos de obra”, pontua, sem deixar de elogiar o conjunto arquitetônico.

“Está tão rico, plural e bonito que a gente sai perturbado, acredito que esse é o principal potencial de um lugar na Paulista, em São Paulo - sair daqui perturbado, porém positivamente”, afirma. “É um arrebatamento, é o que alguns autores chamam de uma derrubada estrangeira, mas que ao mesmo tempo é brasileira e deixa a gente desconfortável, e simultaneamente se sentindo em casa”, finaliza o pesquisador.

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