Originalidade do design brasileiro se destaca no Salão do Móvel de Milão

Profissionais ligados a 21 fábricas mostraram suas criações; País é o que tem a participação de maior relevância entre os latino-americanos

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O Salão do Móvel de Milão é a maior feira mundial de seu segmento. É, portanto, uma cobiçada plataforma para lançamentos, em escala mundial, de novidades nos setores de móveis, iluminação e acessórios para decoração. Realizado sempre em abril no complexo expositivo de Rho, na área metropolitana da cidade, a cada ano o evento é acrescido de uma grande mostra paralela: a Euroluce, nos anos ímpares, voltada para iluminação. E, nos pares, a EuroCucina, com foco em cozinhas. Com frequência anual, o Salão Satélite apresenta ainda a produção de jovens designers de todo o mundo.

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Dentro da nova configuração da feira – que ampliou o espaço entre os estandes e aboliu a exposição anterior, realizada em dois andares –, a representação brasileira no Salão do Móvel ocorreu no âmbito do Brazilian Furniture Project. Por lá, além dos lançamentos de grandes marcas, foram apresentados projetos desenvolvidos por designers brasileiros conectados a 21 fabricantes nacionais.

By Kamy, Century, Uultis, Tramontina Belém S/A, Ornare, Cristais São Marcos, Green House, Modalle e St. James foram as marcas brasileiras contempladas pelo programa oficial. Paralelamente, por meio do projeto Design Brasil + Indústria, um projeto que integra o escopo do Brazilian Furniture, fabricantes associados a criadores brasileiros também puderam ter seus produtos colocados ao alcance de uma audiência selecionada e internacional. Entre eles, designers em ascensão no cenário nacional como Roberta Rampazzo e Estevão Toledo, além de marcas como Saccaro, St. James e Tidelli.

Poltrona da mostra Everyday is Paradise, na galeria Rossana Orlandi  Foto: Ruy Teixeira

Encerrado no fim de abril, o Salão recebeu quase 308 mil visitantes, vindos de 181 países – um número 15% superior ao de 2022. Particularmente significativo foi o fato de que, este ano, 65% dos compradores e profissionais tenham vindo de fora da Itália. Com a China na primeira posição, seguida de perto por Alemanha, França, EUA, e, empatados, pela Espanha e pelo Brasil. O país latino-americano é o que tem a participação mais destacada e que mais cresce a cada ano, tanto nos corredores do Salão do Móvel, quanto nos boxes do Satélite.

Originalidade, ousadia e diversidade

“Apresentar esses trabalhos no Salão do Móvel com as mais importantes marcas de móveis do planeta é uma oportunidade única. Nosso design já é reconhecido mundialmente pela sua originalidade, ousadia e diversidade. O objetivo agora é torná-lo ainda mais competitivo”, afirma Cândida Cervieri, diretora executiva da Abimóvel, satisfeita com a representação brasileira este ano no Salão, que contou ainda com a presença dos designers Tavinho Camerino no Salão Satélite, com sua coleção Arreio, e a de Pedro Franco, que apresentou sua nova coleção de cadeiras para A Lot Of Brasil na mostra oficial.

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Já no fuorisalone – expressão que designa a programação paralela que ocorre na cidade e em seus arredores, em showrooms, galerias ou locações especiais –, o foco é outro. Mas a tendência de crescimento da participação brasileira se mantém. Mais do que resultados comerciais imediatos, para os promotores do fuori o que conta é o efeito gerado pelos eventos. O que acaba por se traduzir por instalações de alto impacto e a um tipo de experiência diversa da vivenciada nos domínios do Salão do Móvel. Em termos de conteúdo e qualidade, nem maior nem menor, e sim, complementar.

Rícino, por exemplo, é uma coleção de luminárias lançada pelo Estúdio Rain de design, formado pelos brasilienses Ricardo Innecco e Mariana Ramos. Produzida com resina vegetal de mamona, a proposta traz à tona o aspecto vivo do material, exaltando suas qualidades estéticas e propondo uma aplicação alternativa ao seu uso original. Proposta aliás, perfeitamente afinada com o espírito contestador da Alcova: o mais badalado espaço expositivo do fuorisalone hoje em Milão, que apresentou o trabalho da dupla, tendo como pano de fundo as ruínas de um antigo matadouro na região de Porta Vittoria.

O sofá BomBom, de Joana Vasconcelos para a Roche Bobois  Foto: Rugiero Scardigno

Também na zona Tortona e no espaço da galerista Rosana Orlandi, um dos endereços de maior prestígio em Milão, o design brasileiro foi destaque pela atualidade de suas propostas. Como no caso do designer Gustavo Martini, que levou ao Superstudio uma instalação imersiva que propunha aos visitantes uma viagem ao espaço sideral. E do alagoano Rodrigo Ambrosio, que, sob as bênçãos da celebrada trendsetter holandesa Lidewij Edelkoort, apresentou na galeria de Orlandi a exposição Everyday Is Paradise, reunindo trabalhos de mestres alagoanos e explicitando a força do artesanato brasileiro.

Já no tradicional espaço da Università degli Studi di Milano, outra das mais disputadas locações milanesas, a exposição Temporal, também sob o patrocínio da Apex Brasil, exibiu móveis, artefatos de iluminação e artesanato. Entre elas, a poltrona Cuco, do coletivo feminino Plataforma 4, formado pelas designers Amélia Tarozzo, Camila Fix, Flávia Pagotti Silva e Rejane Carvalho Leite. Enquanto na zona Certosa os curitibanos do Anima Studio Design, formado por Leandro Fragoso, Sharon Abdalla e Welison Santos, apresentaram a mesa Ópera, móvel que remete à Ópera de Arame, de Curitiba.

Para coroar uma das mais bem-sucedidas incursões brasileiras em Milão, a Etel, em seu endereço na Via Pietro Maroncelli, celebrou seus 30 anos em grande estilo com uma exposição de miniaturas de seus produtos mais icônicos, com a edição limitada de móveis assinados pelo modernista Gregori Warchavchik e com o lançamento de uma nova coleção do arquiteto Arthur Casas. Uma das pratas da casa, que na semana milanesa consagrada ao design, lançou o livro Arthur Casas: Architecture, sua mais nova coletânea, publicada pela editora Rizzoli.

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