A 33.ª edição da Bienal de São Paulo – que sem um tema previamente escolhido foi definida pelas noções de “afeto” e “atenção” – vai chegando ao fim: este é o último fim de semana que a maior exposição de arte contemporânea da América Latina fica aberta no Pavilhão do Parque Ibirapuera. Uma programação de “ativações” das obras será cumprida até o domingo, dia 9 (é possível entrar até às 18h), quando a Bienal fecha até 2020. A entrada é gratuita.
Números oficiais de público e outros dados só devem ser divulgados após o fechamento das exposições.
A superintendente executiva da Fundação Bienal, Luciana Guimarães, explica que um movimento recente da instituição é sistematizar informações e dados colhidos antes e durante a Bienal para balizar o processo de avaliação posterior – uma pesquisa é feita no local com o público visitante, mas também com os profissionais envolvidos no evento –, processo realizado pela equipe permanente da Bienal (hoje são 59 pessoas).
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“Fazemos reuniões periódicas de avaliação sobre vários aspectos, desde as publicações até a expografia, e agora garantimos que uma série de informações e dados esteja à disposição da próxima mostra”, afirma. “Há cerca de 10 anos, uma nova equipe assumia a cada edição da Bienal, então esse acúmulo se perdia. Um corpo permanente de funcionários ajuda muito nesse sentido.” A intenção é melhorar a “qualidade da experiência” dos visitantes.
Para a superintendente, um dos destaques dessa edição foi o sucesso dos “exercícios de atenção” propostos pelo projeto educativo da Bienal.
O projeto deixava disponíveis cartas com, se não instruções, caminhos possíveis para apreciar as obras de arte com mais atenção e assim proporcionar um entendimento melhor e uma experiência melhor. As cartas propõem processos de identificação e registro das obras, que vão desde perceber a superfície dos objetos até praticar um movimento corporal a partir daquela expressão artística, por exemplo.
“Vimos a potência desses exercícios de atenção, do espírito de dedicar tempo às obras, se fazer perguntas e desestigmatizar o aspecto ‘difícil’ da arte contemporânea”, explica a superintendente – os exercícios, disponíveis para qualquer visitante da Bienal, foram ao longo dos últimos meses oferecidos para equipes que trabalham no parque, como na jardinagem e limpeza, e também para grupos organizados que poderiam ser de colecionadores de arte ou psicanalistas experientes.
Para a superintendente, os exercícios conversaram diretamente com a questão muito contemporânea do intervalo de atenção rarefeito.
Faz parte do mesmo movimento a intenção da Bienal se conectar de maneira mais profunda com o parque em que está situada, segundo Guimarães. “Não ter catracas na entrada, colocar o guarda volumes para fora do Pavilhão, criar um ambiente mais favorável ao ecossistema em que a Bienal está envolvida, tudo isso faz muita diferença”, analisa. “Foram opções que implantamos na edição passada e decidimos manter nessa, na expectativa de ampliar o público e o conforto do mesmo.”
Para ela, ajustes como esse, que podem ser simbólicos, contribuem no desafio de tornar a arte contemporânea acessível.
Programação. Uma série de atividades e performances faz parte da agenda dos últimos dias da Bienal de São Paulo. Sábado (11h30) e domingo (16h30), o artista francês Tal Isaac Hadad faz sua performance Récital for masseur (Recital para um massagista), em que usa corpos de pessoas (músicos e pré-inscritos) como instrumentos musicais, no 1.º piso; às tardes, nos dois dias, sob curadoria de Sofia Borges, um grupo de mulheres interage artisticamente com uma obra de Tunga; no sábado, às 19h, músicos da Camerata Aberta da Cultura Artística se apresentam instalados na obra de Alejandro Corujeira.
Destaques da Bienal de São Paulo
Vânia Mignone
As pinturas pop e apocalípticas da artista incorporam elementos da cultura popular brasileiro à estética dos quadrinhos, cinema e videogames (3.º andar).
Nelson Felix
O artista carioca montou a instalação com suas esculturas pesadíssimas na Bienal, mas é curioso entender como elas se relaciona com peças sintéticas espalhadas por São Paulo e por pontos na América Latina (2.º andar).
Tunga
Morto em 2016, o escultor é reverenciado pelos artistas curadores Sofia Borges (térreo) e Waltercio Caldas (3.º andar).
Feliciano Centurión
O artista paraguaio morto em 1996 tem seu trabalho com costura e tecidos resgatado pela homenagem na Bienal (3.º andar)