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Rubens de Falco morre aos 76 anos

Ator que iniciou carreira no teatro ficou famoso por atuações em telenovelas

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Morreu na manhã de ontem, aos 76 anos, o ator Rubens de Falco. Há dois anos ele estava internado no Centro Integrado de Atendimento ao Idoso (Ciai), no bairro do Morumbi, em São Paulo, onde tentava recuperar-se de problemas causados por um derrame. O corpo do ator foi velado no Cemitério São Paulo, em Pinheiros, e o enterro estava previsto para ontem, às 16 horas, no Cemitério da Consolação. Neto de italianos, Rubens de Falco nasceu em 19 de outubro de 1931 em São Paulo, começou sua carreira no teatro, na década de 50, e ao longo da vida criou dezenas de personagens, alguns inesquecíveis, para os palcos, o cinema e a televisão. Certamente seu nome logo faz lembrar personagens de novelas como Leôncio, de Escrava Isaura (1976), ou Samir Hayala, de O Astro (1978). Mas talvez poucos se lembrem que seu primeiro prêmio de ator em televisão tenha vindo pela novela A Rainha Louca (1967), na qual contracenava com Nathalia Timberg. E mais. Em muitas entrevistas declarou que o personagem que mais gostara de construir não fora Leôncio, mas Agenor, de O Grito (1975), de Jorge Andrade. Começou sua carreira no teatro amador, em 1951, com Ítalo Rossi. No ano seguinte já integrava o elenco de Ralé, de Gorki, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde também participou dos espetáculos A Dama das Camélias e Antígona. No coro dessa tragédia nasceu o grupo Os Jograis de São Paulo, idéia de Ruy Affonso - de levar ao palco poesias de Fernando Pessoa na forma de um recital de múltiplas vozes. Despojados na forma, verticais na interpretação, os recitais conquistaram o público. Muitos atores passaram pelo grupo, entre eles Armando Bogus. Rubens de Falco viajou com esses espetáculos de poesia por todo o Brasil e ainda México e Portugal. ''''Com os jograis aprendi a saborear a palavra, a usá-la no tempo correto'''', diria ele anos mais tarde, já astro consagrado de televisão, ao falar sobre sua formação de ator. Nos primeiros anos de sua carreira, passou por várias companhias importantes: além do TBC, integrou o Teatro Íntimo, de Nicette Bruno, e o Teatro das Segundas-Feiras, dirigido por Ruggero Jacobbi. Na Cia. Nydia Licia atuou sob direção de Sérgio Cardoso em Lampião, de Rachel de Queiróz. Não por acaso, a atriz foi quem escreveu sua biografia Um Internacional Ator Brasileiro para a Coleção Aplauso. No teatro, ainda contracenou com Tônia Carrero em Casa de Bonecas, de Ibsen, e arriscou-se sob direção de Gilberto Gawronski em Cartas na Mesa, de Joe Orton. Em 2004, já ator consagrado, atuou na peça Galeria Metrópole, de Mário Viana, de modesta produção, no recém-inaugurado Teatro dos Arcos. ''''Rubens era um companheiro de cena dos mais solidários. Com ele, não havia a figura da diva e dos figurantes. Eram todos marinheiros encarregados de levar o mesmo barco - a peça - até o destino final, que era a platéia'''', lembra Mário Viana. Embora faça parte de uma geração que sedimentou sua carreira nos palcos, cinema e televisão entraram muito cedo em sua vida. Em 1954 já havia feito três filmes na Vera Cruz, entre eles o famoso Floradas na Serra, que atualmente pode ser visto em vídeo e tem no elenco Célia Helena e Cacilda Becker. Foram mais de 30 longas - Pixote, A Lei do Mais Fraco e Sonhos Tropicais, entre eles - com destaque para Coronel Delmiro Gouveia, de Geraldo Sarno, criação pela qual ele nutria especial predileção. Ele ainda está no elenco de um filme inédito, Fim da Linha, de Gustavo Steinberg, que tem estréia prevista para o dia 7. Na década de 90, Rubens de Falco provocou polêmica ao reclamar da inflação de jovens celebridades nas novelas em detrimento da experiência. ''''Um ator jamais pode confundir popularidade com talento'''', dizia. Sua trajetória por palcos e telas faz pensar que não se tratava de mera frase de efeito, mas de sabedoria praticada no dia-a-dia.

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