Com o objetivo de contar a história do fotojornalismo no Brasil, o Instituto Moreira Salles (IMS) lançou o site Testemunha Ocular (testemunhaocular.ims.com.br). A linguagem se firmou por aqui a partir dos anos 1940, por meio de revistas ilustradas, com uma estética de grande potência e relevância - foi pelos semanários que se criou uma ideia de país e de mundo. Destaque ainda para os jornais diários: a imagem deixa seu lugar de ilustração e se torna narradora da história.
O site apresenta a produção e carreira de fotógrafos de diferentes gerações e regiões do País. Também inclui dossiês, ensaios críticos, depoimentos em vídeo e outros materiais que ressaltam a importância da atividade na documentação da realidade brasileira e na construção da memória nacional.
O site apresenta ainda a produção e trajetória de fotojornalistas, cujos acervos estão sob a guarda do IMS - como José Medeiros, Luciano Carneiro e Henri Ballot, profissionais que pertenceram aos quadros da revista O Cruzeiro, mas também nomes como Evandro Teixeira, Custodio Coimbra e Walter Firmo. Já a seção intitulada Em Foco traz o trabalho de 44 fotojornalistas convidados de todo o Brasil, com idades, trajetórias e perspectivas distintas, apresentando a vida social, o cotidiano e a vida política do País.
Prêmio Esso
Entre eles está Reginaldo Manente, que trabalhou por 29 anos no Estadão. Nesse período, ele colecionou cliques históricos, como o do menino chorando com a derrota da seleção brasileira na Copa de 1982 (que lhe rendeu um Prêmio Esso).
Outro destaque da coleção é a seção dedicada a fotos históricas provenientes do acervo dos Diários Associados e de outras coleções do IMS.
A ideia de montar esse projeto foi do jornalista Flávio Pinheiro que, durante 12 anos, de 2008 até 2020, foi superintendente executivo do IMS. “A presença do fotojornalismo no Instituto cresceu muito. Em 2016, adquirimos os acervos fotográficos dos três jornais dos Diários Associados do Rio de Janeiro”, conta. “Só esses acervos têm quase 900 mil imagens.”
Existem ainda diversas coleções de fotojornalistas, muitos deles oriundos da revista O Cruzeiro. Pinheiro vem trabalhando há dois anos nesse projeto, no qual pretende apresentar o fotojornalismo como gênero. “Apesar do desenvolvimento da imagem em movimento, a fotográfica ainda tem muito impacto e relevância”, ressalta.
Se durante alguns anos o fotojornalismo ficou à sombra de outras narrativas, estudos mais recentes vêm desvendando sua importância comunicativa. Exposições, livros e discussões falam da imagem como referência histórica, com seu papel de criar reflexão sobre o que acontece ao nosso redor.
História
Contar a história do fotojornalismo em geral não é tarefa fácil. Não existe uma data precisa que defina seu surgimento. Mas, algumas fases são bastante conhecidas.
Por exemplo, o fotojornalismo nasce quando, já na metade do século 19, por volta de 1842, profissionais percebem que a fotografia não é apenas um registro do visível, mas a intencionalidade de voltar a câmera para narrar alguma história, ou apresentar um fato. Não podem ser esquecidas as guerras, os acontecimentos mundiais, ainda que só seja possível falar de fotojornalismo moderno a partir dos anos 1930, na Alemanha.
No Brasil, o fotojornalismo foi sempre uma linguagem de força e expressividade. Uma estética pictorialista, ligada às belas artes, assume o fotojornalismo como sua maneira de descrever o País. “Acredito - parafraseando Roland Barthes - que o fotojornalismo é um certificado de presença do Brasil”, atesta Pinheiro. “Mesmo pensando lá atrás, nos anos 1940, 1950, o que ficou foi a imagem.” As fotos que hoje estão na mídia impressa ou online vão estar nos livros de história de amanhã.
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