Versão de Moça com Brinco de Pérola, de Vermeer, feita por IA gera polêmica na Holanda

A jovem não usa apenas um brinco, mas dois, um em cada orelha, e tem sardas em um tom avermelhado pouco natural

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Por Danny Kemp
Atualização:

AFP - Uma versão feita com inteligência artificial (IA) de uma das obras mais ilustres da história da pintura, Moça com Brinco de Pérola, de Johannes Vermeer, gerou polêmica nesta sexta-feira, 10, após ter sido exposta em um museu holandês.

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À primeira vista, chamaram atenção a luminosidade característica do quadro original e o olhar marcante da jovem, mas olhando de perto, detalhes estranhos foram se revelando.

A jovem não usa apenas um brinco, mas dois, um em cada orelha, e tem sardas em um tom avermelhado pouco natural.

A versão é obra de inteligência artificial (IA) e faz parte de uma exposição no museu Mauritshuis de Haia, que reúne reproduções de admiradores da Moça com Brinco de Pérola, de Vermeer (1665), atualmente emprestado ao Rijksmuseum de Amsterdã para uma retrospectiva em homenagem ao pintor holandês.

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Moça com Brinco de Pérola, de Vermeer, feita por IA gera polêmica com detalhes estranhos  Foto: Simon Wohlfahrt / AFP


A decisão de expor a versão em IA gerou polêmica na Holanda e nas redes sociais. Alguns questionam se a IA deveria ter espaço em um museu como o Mauritshuis, que expõe obras clássicas de Vermeer e Rembrandt.

“É um tema controverso. Por isso, as pessoas são contra ou a favor”, afirma Boris de Munnick, assessor de imprensa do Mauritshuis.

“As pessoas que selecionaram a obra sabiam que era IA. Mas gostamos da criação, por isso a escolhemos e penduramos” na parede, explica à AFP.

Julian van Dieken, criador digital radicado em Berlim, fez a imagem para o concurso organizado pelo museu Mauritshuis, que convidou as pessoas a enviarem sua versão do quadro famoso.

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Quadro Moça com Brinco de Pérola, de Vermeer  Foto: Peter Dejong / AP


Ele usou a ferramenta de IA Midjourney, capaz de produzir imagens complexas usando milhões de imagens da internet e do Photoshop.

O que é arte e o que não é?

O quadro foi selecionado entre uma das cinco criações - das 3.482 apresentadas - expostas no recinto onde normalmente fica a tela Moça com Brinco de Pérola original.

“É surreal vê-la em um museu”, escreveu Julian van Dieken no Instagram.

Os participantes do concurso, com idades entre 3 e 94 anos, usaram todo tipo de ferramenta e objetos como lápis, tinta, tecidos e até mesmo saladas e flores em suas criações.

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A escolha de uma imagem produzida por IA causou comoção.

A artista holandesa Iris Compiet escreveu na página da mostra no Instagram do museu que esta versão era “uma vergonha e um insulto”, opinião compartilhada por dezenas de outros internautas.



“É um insulto ao legado de Vermeer e a qualquer artista em atividade. Vindo de um museu, é um verdadeiro tapa na cara”, criticou Compiet em declarações à AFP, comparando a imagem como o personagem do Frankenstein.

Trata-se de uma “tecnologia pouco ética”, avaliou, por sua vez, a artista Eva Toorent, que trabalha na regulamentação da IA. “Sem o trabalho de artistas humanos, este programa não poderia simplesmente produzir obras”, destacou, em declarações ao jornal holandês De Volkskrant.

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“O que é arte e o que não é? É uma pergunta difícil”, ressaltou Boris de Munnick, acrescentando que o museu Mauritshuis nunca pretendeu abrir o debate deliberadamente.

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