A Feira do Livro volta a ocupar a Praça Charles Miller, na frente do Estádio do Pacaembu, entre os dias 7 e 11 de junho, durante o feriado de Corpus Christi. Fatima Daas (1995), jovem escritora francesa, filha mais nova de uma família de imigrantes argelinos vivendo no subúrbio de Paris, muçulmana e lésbica, vem ao Brasil e vai participar da feira.
Seu livro de estreia, o romance A Última Filha, em que aborda justamente suas múltiplas identidades, foi publicado no País há cerca de um ano pela Bazar do Tempo. Apresentado como um "sucesso improvável" na França, o livro já foi traduzido para cerca de oito idiomas. Em entrevista ao The New York Times publicada também no Estadão, Fatima Dass (um pseudônimo) disse que esta autoficção é mais do que uma afirmação de identidade - o livro foi a forma de ela encontrou de dizer que é possível, que ela podia ser o que que quisesse. "Se eu quiser dizer que sou lésbica e muçulmana, tenho o direito, a capacidade e a liberdade de fazê-lo", afirmou.
Bela Gil, que acaba de lançar, pela Elefante, Quem Vai Fazer Essa Comida? Mulheres, Trabalho Doméstico e Alimentação Saudável, também vai participar de uma conversa com leitores na feira organizada pela Associação Quatro Cinco Um e pela Maré Produções.
A programação ainda está sendo fechada. Com as duas convidadas reveladas agora e os outros nomes anunciados anteriormente - Itamar Vieira Jr., autor de Torto Arado e do lançamento Salvar o Fogo, Jericho Brown, poeta americano vencedor do Pulitzer em 2020 com A Tradição, que será lançado em maio pelo Círculo de Poemas (Luna Parque/Fósforo), e Richard Zenith, pesquisador e autor de Pessoa: Uma Biografia (Companhia das Letras) -, já são cinco os confirmados.
Além dos encontros com escritores, gratuitos, A Feira do Livro 2023 deve reunir cerca de 130 editoras, grandes, médias e pequenas, na Praça Charles Miller. É uma oportunidade de conhecer a diversidade da produção literária e editorial e de comprar livros com descontos.
Literatura contemporânea espanhola
A escritora espanhola Aixa de la Cruz (1988), lança, em julho pela DBA, As Herdeiras. Narrando a história de quatro mulheres jovens e uma herança comum a decifrar, o romance traz uma afinidade com o gótico: uma casa envolta em mistério (o motivo de um suicídio), a claustrofobia produzida por paredes repletas de segredos sufocantes e a presença fantasmagórica de um passado que ameaça o presente. * A história: A avó Carmen cortou os pulsos na banheira há seis meses e ninguém sabe o porquê. Agora, suas quatro netas voltam para o local onde a avó morreu. Lis está se recuperando de uma crise que teve ali e só quer vender o imóvel e seguir em frente. Sua irmã, Erica, sonha em organizar retiros espirituais e passeios botânicos no entorno. Olivia, a mais velha das netas, é cardiologista e procura em cada gaveta alguma pista que ajude a explicar a morte da avó. Nora, por sua vez, pensa em deixar que seu traficante use a casa como depósito. Segundo a editora, trata-se de uma espécie de A Volta do Parafuso, de Henry James, às avessas, "em que é preciso entender os contornos sutis que separam a loucura da lucidez".
Cartas de Virginia Woolf e Vita Sackville-West
Em um jantar em 1922, Virginia Woolf conheceu a renomada autora e aristocrata Vita Sackville-West. Foi o início de quase 20 anos de flerte, amizade e colaborações. A correspondência entre as duas personalidades que marcaram o século 20 só terminou com o suicídio da autora de Mrs. Dalloway em 1941. A partir de junho, os leitores brasileiros terão a chance de conhecer mais dessa relação, com o lançamento do livro Virginia Woolf & Vita Sackville-West: Cartas de Amor, que sairá pela editora Morro Branco. * Além das correspondências trocadas entre Virginia e Vita, o livro traz trechos dos diários das duas. A edição brasileira chega às livrarias com introdução assinada por Alison Bechdel, cartunista americana criadora do Teste de Bechdel, que avalia preconceitos e estereótipos femininos em produções cinematográficas.
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