O compositor Caetano Veloso e o escritor Luiz Fernando Veríssimo são os campeões de audiência da 11ª Bienal do Livro, que desde a última quinta-feira bate recordes de público. Foram cerca de 130 mil pessoas, 50 mil delas só no domingo. No total, 10% a mais que em 2001. O Café Literário, que reúne no máximo de 300 ouvintes, é a atividade mais procurada, por permitir contato pessoal com escritores e/ou artistas. Foi assim na segunda-feira, quando Caetano Veloso conversou com os poetas Antônio Cícero e Cláudia Roquete-Pinto e o presidente da Biblioteca Nacional, Pedro Correia Lago, sobre Waly Salomão, que morreu no início do mês. Caetano e Cícero eram amigos de longa data dele e contaram casos, falaram da personalidade do companheiro de artes e artimanhas e leram textos, sempre com mediação da jornalista Regina Zappa. Apesar da evidente falta do amigo, os dois evitaram, o tempo todo cair no sentimentalismo e que a tristeza ou o saudosismo dominasse a conversa. Caetano Veloso ficou pouco na Bienal porque grava um novo disco, com clássicos da música popular americana e tinha estúdio até as primeiras horas de ontem. O CD sai no segundo semestre. Cercado de fãs que queriam autógrafos ou fotos com ele (foram atendidos), comentou as recentes peripécias de Gilberto Gil no Ministério da Cultura. "Ele sai fortalecido dessa história", comentou. "Votei no Lula no primeiro turno, ia votar no Serra no segundo, mas estava em turnê nos Estados Unidos. Estou achando seu governo interessante." Diversidade - O público da 11ª Bienal é diverso como as atrações dos 917 expositores nos 55 mil metros quadrados dos três pavilhões do Riocentro. Nas manhãs e tardes dos dias úteis, são multidões de crianças e adolescentes de escolas públicas ou privadas. À noite, chegam adultos interessados nos debates ou nas novidades literárias. No fim de semana, famílias inteiras, casais de namorados ou gente de idade variada, a fim de um agito, lota os corredores os salões. Há de um tudo nas atrações. O cardápio de hoje do Café Literário, por exemplo: às 18 horas, o filósofo frances Jean Boudrillard, figura fácil em outras bienais, dá sua segunda palestra. Logo depois, às 17 horas, Armando Nogueira fala sobre Otto Lara Rezende e a noite termina com discussão sobre o samba, de ritmo maldito a identidade nacional. Os debatedores são bambas: o compositor Nei Lopes, o jornalista Sérgio Cabral, antropólogo Hermano Vianna e o músico Carlos Sandroni. Academia - Enquanto a Bienal rola no Riocentro, a sucessão do jurista Raymundo Faoro, falecido na semana passada, esquenta na Academia Brasileira de Letras. Ainda não é oficial, pois a sessão da saudade, que declara aberta vaga na Casa de Machado de Assis só acontece hoje à tarde. Mas o jornalista e escritor Cícero Sandroni é candidatíssimo e tem loby forte. A ponto de um imortal que jamais erra palpites dizer que sua eleição é fato certo, ou quase. Aos 68 anos, Sandroni não comenta o assunto, mas tem perfil de imortal. Foi companheiro de Faoro na Associação Brasileira de Imprensa, tem seis livros publicados e já foi premiado pela ABL com o José Ermílio de Moraes, por sua biografia do Austragésilo de Athayde.
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