15.º Cine Ceará premia dois documentários

A Pessoa É para o Que Nasce levou o troféu principal e Moacir - Arte Bruta ficou com o Prêmio Especial do Júri

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Pessoa É para o Que Nasce levou o troféu principal e Moacir - Arte Bruta ficou com o Prêmio Especial do Júri. Entre acertos e desacertos, o júri de longa-metragem do 15º Cine Ceará ao menos reconheceu o óbvio: o melhor do festival de Fortaleza estava nos documentários. Entre as obras de ficção, Bens Confiscados, de Carlos Reichenbach, levou os troféus de direção, ator (Werner Schünemann) e atriz (Betty Faria). Já Quanto Vale ou É por Quilo? ganhou o maior número de prêmios: ficou com os dois de coadjuvante (Ariclê Perez e Lázaro Ramos), além de direção de arte (Renata Tessari), montagem (Paulo Sacramento) e roteiro (Sérgio Bianchi, Newton Canito e Eduardo Benaim). O resto foi para Por 30 Dinheiros (fotografia de Mário Carneiro e Dib Lutfi) e A Marca do Terrir (trilha sonora, de Júlio Medaglia). Em seu conjunto, a premiação de longas-metragens foi correta. Revela também um traço de preocupação humanística do júri quanto ao conteúdo, pois tanto A Pessoa É para o Que Nasce quanto Moacir - Arte Bruta escolhem personagens que, mesmo portadores de algum tipo de deficiência, conseguem expressar-se através da arte. Da música, no caso das irmãs cegas de Campina Grande; da pintura, no de Moacir. São dois filmes amorosos com seus personagens, delicados, e vão ao Brasil profundo sem nenhum paternalismo ou concessão. Não se sai deles com um sentimento depressivo, apesar da temática em tese pesada. Pelo contrário, revelam personagens cheios de vida, criativos, engraçados e bem-humorados. Já o júri de curtas foi pródigo em trapalhadas. Pouco premiou os melhores curtas da mostra, Canoa Veloz e Entre Paredes. Encheu de prêmios o mediano Intimidade e ainda escolheu o problemático Meu Nome É Paulo Leminski como o melhor entre os melhores do formato, um evidente destempero. A cerimônia de premiação no Cine São Luiz foi precedida pela exibição do documentário em longa-metragem de Nelson Hoineff, O Homem Pode Voar, sobre Santos Dumont. O filme é informativo, não inventa em termos formais e tem narração em off o tempo todo, estigma para os documentários atuais. Hoineff explicou que o formato era aquele mesmo, televisivo, e isso se devia à sua origem, pois se destinava a um canal de TV a cabo. Mas o projeto acabou crescendo, extrapolou os padrões da televisão e tomou vida própria. Mostra uma biografia bastante completa do personagem, com uma série muito extensa de imagens em movimento de Santos Dumont e suas máquinas voadoras, incluindo as do vôo inaugural com o 14-bis. Depois de distribuídos os prêmios, houve festa na Praça do Ferreira, no centro de Fortaleza, onde fica o Cine São Luiz. Para o show, as ceguinhas de Campina Grande, protagonistas do filme vencedor. E também o cantor Riachão, da Bahia, autor de músicas populares, como Cada Macaco no Seu Galho. Foi bonita a festa, pá, mesmo porque a praça é do povo, como lembrou o diretor do festival, Wolney de Oliveira. E, falando no futuro, Wolney anunciou mudança radical para a 16º edição festival: a partir do ano que vem, o concurso de longas passa a ser ibero-americano, abrigando em sua mostra competitiva produções não apenas do Brasil, mas da América Latina, Portugal e Espanha. Pode ser uma experiência interessante, pois os festivais andam se repetindo demais. Não há agora, nem nunca haverá filmes brasileiros inéditos para abastecer a todos. Veja a relação dos premiados: Melhor filme: A Pessoa É para o Que Nasce Prêmio Especial do Júri: Moacir - Arte Bruta Direção: Carlos Reichenbach - Bens Confiscados Atriz: Betty Faria - Bens Confiscados Ator: Werner Schünemann - Bens Confiscados Fotografia: Mario Carneiro e Dib Lutfi - Seu Chico, um Retrato Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benain e Newton Canito - Quanto Vale ou É por Quilo? Trilha sonora original: Julio Medaglia - A Marca do Terrir Direção de arte: Renata Tessari - Quanto Vale ou É por Quilo? Montagem: Paulo Sacramento - Quanto Vale ou É por Quilo? Ator coadjuvante: Lázaro Ramos - Quando Vale ou É por Quilo? Som: Juarez Dagoberto - Por 30 Dinheiros Melhor curta-metragem do festival: Meu Nome É Paulo Leminski, de Cezar Miglorin Melhor filme 16mm: Curta-metragem Metalingüístico de Baixo Orçamento ou Aceita mais Café, de Byron O?Neil Melhor filme 35 mm: Intimidade, de Camila Gonzatto (O repórter viajou a convite da organização do festival).

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.