20 anos de ‘Mulher-Gato’: Halle Berry diz que carregou o fracasso do filme sozinha

Contrariando as expectativas, o longa sobreviveu ao teste do tempo e encontrou novo público nas plataformas digitais

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Por Mariana Canhisares

Diante da iminência do aniversário de 20 anos de Mulher-Gato, a atriz Halle Berry diz ter carregado o fracasso do filme sozinha. Em entrevista à Entertainment Weekly, a vencedora do Oscar lembrou o sentimento após a produção receber duras críticas do público e da imprensa.

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“Como uma mulher negra, estou acostumada a carregar nas costas a negatividade, a lutar, a ser o peixe que nada contra a corrente sozinha. Estou acostumada a desafiar os estereótipos e a encontrar uma saída”, disse, pontuando que nunca considerou se deixar abalar pela péssima recepção.

“Publicidade negativa sobre um filme? Não amei, mas isso não ia parar meu mundo ou me impedir de fazer o que amo fazer”, concluiu.

Halle Berry no filme 'Mulher-Gato' Foto: Warner Bros/Divulgação

Na época das filmagens, Berry admitiu que sentia que talvez o filme pudesse não ter o mesmo impacto que outras produções baseadas em quadrinhos. Para ela, a trama, centrada no embate da Mulher-Gato contra uma empresa de cosméticos, não oferecia riscos tão grandiosos quanto as demais histórias de heróis. Contudo, a atriz nunca considerou que o longa teria dado errado.

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O primeiro sinal do hate veio com o vazamento de imagens do uniforme da personagem. O traje, idealizado pela premiada Colleen Atwood, deveria dar à Mulher-Gato um espírito rock’n’roll e servir de aceno à Bond Girl de Berry, segundo a produtora Denise Di Novi. Mas os fãs, na época, não enxergaram as referências com bons olhos.

“Era algo diferente, mas, na nossa cabeça, por que ficaríamos refazendo a Mulher-Gato se não fossemos assumir riscos e trazer algo diferente?”, questionou Berry.

Sharon Stone e Halle Berry em 'Mulher-Gato' Foto: Warner Bros/Divulgação

Com a estreia, em julho de 2004, a situação se agravou de fato. Orçado em 100 milhões de dólares, o filme teve uma bilheteria de estreia de apenas 16,7 milhões de dólares no mercado norte-americano. No final do seu período em cartaz, Mulher-Gato somou apenas 82,4 milhões de dólares no mundo inteiro.

Como sinal da péssima recepção de público e crítica, o longa foi eleito o pior filme do ano pelo Framboesa de Ouro, premiação satírica que ainda “reconheceu” Berry como a pior atriz. Em uma atitude ousada, que surpreendeu a organização e os espectadores, Berry foi receber o troféu em mãos, acompanhada do seu Oscar; relembre:

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Entre as muitas reclamações ao filme estava a falta de menção ao Batman, herói que tradicionalmente se envolve com a Mulher-Gato nas HQs — ora como rivais, ora como amantes. Contudo, essa foi uma exigência do estúdio logo que o projeto foi proposto.

Outro dado importante é que, por pedido dos executivos da Warner Bros., o filme sofreu com as muitas versões do roteiro e até com refilmagens. Por exemplo, Ed Solomon, roteirista de Homens de Preto, chegou a escrever uma história, que foi descartada semanas antes do início das filmagens.

Renascimento

Se nos anos 2000, críticos e fãs dos quadrinhos lamentaram o tom inédito, duas décadas depois Mulher-Gato encontrou seu público. Hoje, a produção é valorizada por ser camp e é considerada até um clássico cult para uma geração mais nova de cinéfilos.

“As novas gerações não sabem o que foi dito lá atrás. Eles o descobrem por conta própria e apreciam seus méritos sem guiados a pensar de determinada maneira”, analisou a atriz.

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