A presença da América Latina em Cannes

Região pode depositar esperanças em coproduções e curta-metragens na competição principal

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Por Anna Pelegri

Apesar de uma excelente arrecadação de prêmios na última edição de Cannes, serão escassos os diretores latino-americanos presentes na linha de frente desta edição do festival, que começa na terça-feira, 6, mas, ainda assim, a região pode depositar suas esperanças em coproduções e em curtas na competição principal.

Nenhum filme dirigido por um latino-americano concorrerá à Palma de Ouro, mas o México tem três coproduções concorrendo, de uma mesma produtora, Piano: Annette, com Marion Cotillard e Adam Driver; Bergman Island, com Tim Roth; e Memória, protagonizada por Tilda Swinton e gravada na Colômbia.

Palais des Festivals no 71º Festival Internacional de Cannes na França, em foto de maio de 2018 Foto: Arthur Mola/Invision/AP

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O México não está sozinho. Memória, do tailandês Apichatpong Weerasethakul, ganhador da Palma de Ouro em 2010 com Tio Boonmee Que se Lembra de Suas Vidas Passadas, também conta com uma produção colombiana.

O Brasil pode ganhar na categoria dos curta-metragens com dois filmes: Sideral, de Carlos Segundo; e Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci.

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"O que falta este ano é uma figura de proa latino-americana", comenta à AFP David del Río, diretor do site especializado Ibercine. 

Ausência de grandes nomes

Tem que buscar motivos ou é apenas circunstancial?

Primeiramente, o impacto da pandemia ainda deve ser medido. "Com certeza os diretores na América Latina precisaram ser mais ousados na hora de produzir do que em outras regiões, como a Europa, mas há projetos que avançaram", como A Civil, um filme gravado no México e que concorre na mostra paralela Um Certo Olhar, segundo Del Río.

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Além disso, a presença latino-americana nas categorias paralelas, nas quais são descobertos os jovens talentos, não é nada desprezível. "Se não estivéssemos lá, seria preocupante para o futuro", acrescentou.

Sendo assim, na Quinzena dos Diretores, estão presentes Brasil, Uruguai e Costa Rica. Somando os curta-metragens, a representação regional é mais ampla do que na última edição de 2019, afirma à AFP Diego Lerer, seu delegado geral para a América Latina.

Por outro lado, Lerer concorda com Del Río que neste ano "faltam certos nomes mais ou menos grandes", o que pode ser explicado em parte pelo fato de que o festival é "mais local", com muito cinema francês, devido às restrições de viagem pela pandemia.

Será quase impossível para a região repetir a façanha da edição de 2019, quando o filme brasileiro Bacurau, dirigido por Kleber Mendonça Filho, levou o Prêmio do Júri 'ex aequo' com o francês Os Miseráveis; o diretor guatemalteco César Díaz, levou o de melhor ópera prima; e o chileno Patricio Guzmán, o Olho de Ouro pelo melhor documentário 'ex aequo'.

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