PUBLICIDADE

Alec Baldwin no banco dos réus: Vai começar o julgamento do ator pelo tiro fatal no set de ‘Rust’

Se considerado culpado, o astro de Hollywood deve ser preso. Caso dividiu a opinião pública; relembre a história do tiro que matou a diretora de fotografia Halyna Hutchins

PUBLICIDADE

Por Andrew Marszal (AFP)

Um aguardado julgamento ocorrerá nesta semana em uma histórica cidade do Velho Oeste americano, com ambas as partes em busca de justiça por um tiro fatal.

PUBLICIDADE

Mas se o julgamento de Alec Baldwin por homicídio culposo parece trama de Hollywood, as vítimas, o que está em jogo e as trágicas consequências são pura realidade.

Em outubro de 2021, em um set no estado do Novo México onde eram gravadas as cenas de Rust, um filme de Velho Oeste de baixo orçamento, um revólver que Baldwin empunhava disparou uma bala real que matou a diretora de fotografia do longa-metragem e também feriu o diretor.

Com a fama de Baldwin e a raridade de mortes em sets em uma indústria com tantos níveis de controle como a produção cinematográfica nos Estados Unidos, a história se tornou imediatamente um assunto global.

O ator Alec Baldwin vai a julgamento a partir desta terça, 9, por causa de tiro no set de 'Rust' Foto: Seth Wenig/AP

Também polarizou opiniões, com algumas pessoas atribuindo o papel de vítima a Baldwin, que desconhecia que a arma continha uma bala real em vez de uma cenográfica, e outros rotulando a morte como uma consequência do suposto comportamento irresponsável do ator.

Quase três anos depois, após várias tentativas fracassadas da impressionante equipe jurídica de Baldwin de encerrar o caso, esses argumentos serão avaliados por um júri em um tribunal de Santa Fé, durante o julgamento que começa na terça-feira, 9.

Se considerado culpado, ele poderá ser condenado a até 18 meses de prisão, pena que está sendo atualmente cumprida pela armeira do filme, Hannah Gutierrez, considerada culpada e sentenciada pelo mesmo tribunal no início deste ano.

Publicidade

Regras básicas de segurança

A morte de Halyna Hutchins ocorreu em uma tarde ensolarada durante um ensaio de Rust, em uma pequena capela que faz parte do rancho Bonanza Creek, a cerca de 30 quilômetros de Santa Fé.

Baldwin ensaiava uma cena de seu personagem, um fora da lei que, encurralado em uma igreja por dois agentes, saca seu Colt.

O ator afirma que não puxou o gatilho e lhe disseram que o revólver estava “frio”, termo do cinema que significa sem munição e seguro para uso.

PUBLICIDADE

Balas reais são proibidas em sets de filmagem, e Baldwin argumenta que não é responsabilidade dele, como ator, verificar se o protocolo foi seguido.

O julgamento de Gutierrez, a jovem armeira de Rust, revelou vários argumentos que a promotoria utilizará contra Baldwin, que também era um dos produtores do filme.

Publicidade

Na época, os advogados de Gutierrez afirmaram que Baldwin “violou algumas das regras mais básicas de manipulação de armas”, como nunca apontar uma arma para uma pessoa, a menos que fosse acioná-la.

“A conduta de Alec Baldwin e sua falta de segurança ao manusear armas dentro da igreja naquele dia é algo pelo qual ele terá que responder”, disse a promotora especial Kari Morrissey, em um raro momento de concordância entre ambas as partes durante aquele julgamento.

“Não hoje, nem diante de vocês. Haverá outro júri, outro dia”, acrescentou Morrissey.

Conduta no set

O dia chegou, com a seleção do júri na terça-feira, 9, e a apresentação dos argumentos iniciais prevista para o dia seguinte.

O fato de o caso ir a julgamento já é uma espécie de vitória para os promotores, que enfrentaram várias tentativas da equipe jurídica de Baldwin para que fosse arquivado.

A defesa do ator americano, de 66 anos, argumentou que o FBI danificou a arma enquanto realizava testes de laboratório, o que impediria um julgamento justo.

Publicidade

Disparo acidental ocorreu no dia 23 de outubro de 2021 no set de 'Rust', em Santa Fé, nos Estados Unidos Foto: Jae C. Hong/AP

A afirmação é significativa porque o FBI concluiu que a arma não poderia ter sido disparada sem que o gatilho fosse pressionado, uma posição que a defesa diz ter perdido a oportunidade de contestar devido ao que aconteceu com o Colt.

Mas os argumentos não convenceram a juíza Mary Marlowe Sommer, que decidiu prosseguir com o julgamento.

A equipe de Baldwin também sugeriu que seu status de celebridade e sua reputação como liberal incentivaram os promotores a persegui-lo de forma incansável.

Os documentos judiciais alegam que o comportamento imprevisível de Baldwin contribuiu para a tragédia e que ele mudou várias vezes sua versão dos fatos.

“O Sr. Baldwin frequentemente gritava e reclamava sem motivo aparente”, escreveu Morrissey, observando que tanto ele quanto sua equipe eram alvo deste comportamento.

“Ver o comportamento do Sr. Baldwin no set de Rust é ver um homem que não controla suas próprias emoções e não se preocupa com o impacto de seu comportamento sobre os outros ao seu redor”, acrescentou.

Publicidade

O julgamento está previsto para durar cerca de 10 dias.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.