A estrela de Aquaman, Amber Heard, disse nesta quinta-feira, 26, ter recebido milhares de ameaças de morte durante o "angustiante" julgamento por difamação entre ela e seu ex-marido, Johnny Depp. "Estou sendo assediada, humilhada e ameaçada todos os dias", disse Heard, de 36 anos, no último dia de apresentação de testemunhos no julgamento realizado em Fairfax, Virgínia, perto da capital americana.
Heard disse ser alvo de uma campanha nas redes sociais de "milhões" de admiradores de Depp e que sofre ataques de pânico, pesadelos e traumas. Pessoas querem me matar e me dizem isso todos os dias", afirmou perante o júri, às vezes chorando ou com a voz embargada. "As pessoas querem pôr meu bebê no micro-ondas e me dizem isso".
"Recebo centenas de ameaças de morte regularmente, se não diariamente, milhares desde que este julgamento começou, pessoas que debocham do meu testemunho sobre ter sido agredida", disse a atriz texana. "Tem sido angustiante, doloroso, o mais humilhante pelo que tive que passar", disse. "Só quero que Johnny me deixe em paz".
O julgamento de seis semanas contou com a presença diária de fãs de Depp, alguns dos quais fizeram fila durante horas à noite para garantir alguns dos lugares limitados ao público. A juíza Penney Azcarate ameaçou expulsar os espectadores durante o testemunho emocionado de Heard nesta quinta-feira.
"Se voltar a ouvir um som, vou esvaziar a galeria e continuaremos este depoimento sem ninguém na sala", advertiu. "Entendido?"
'Acusações atrozes'
O depoimento de Heard ocorreu um dia depois de Depp subir ao banco das testemunhas, onde disse que foi "brutal" ouvir as acusações "atrozes" e "extravagantes" de abuso doméstico da ex-esposa. "Nenhum ser humano é perfeito, claro que não, nenhum de nós, mas nunca cometi agressão sexual, nem abuso físico na minha vida", disse Depp, de 58 anos.
Depp disse ter iniciado ações legais porque precisava abordar "o que vinha suportando a contragosto durante seis anos".
Heard e Depp foram casados entre 2015 e 2017. Em maio de 2016, a atriz, de 36 anos, obteve uma ordem de afastamento contra seu então marido, alegando violência doméstica. O ator apresentou um processo por difamação em Londres contra o tabloide The Sun por chamá-lo de "espancador de esposas". Em novembro de 2020, perdeu o caso.
Depp, três vezes indicado ao Oscar, processou Heard por um artigo de opinião que a atriz publicou no jornal The Washington Post em dezembro de 2018, no qual ela se descreve como uma "figura pública que representa o abuso doméstico".
Embora não o tenha citado no artigo, Depp a acionou por insinuar que era um abusador e pede US$ 50 milhões em danos. Heard contra-atacou e pede US$ 100 milhões alegando ter sofrido "violência física e abuso desenfreados".
Em seu depoimento, a atriz disse que a contra-ação tentava recuperar sua voz: "Johnny tirou minha voz", disse. "Tenho o direito de contar a minha história".
Alegações finais na sexta-feira
Heard depôs sobre múltiplos casos de supostos abusos físicos e sexuais por parte de um Depp intoxicado, incluindo uma agressão sexual com uma garrafa enquanto o casal estava na Austrália. Depp afirmou que Heard era quem se mostrava violenta com frequência e que uma vez cortou a ponta de seu dedo médio após atirar-lhe uma garrafa de vodca.
Os dois alegam danos em suas carreiras em Hollywood.
A equipe legal de Heard apresentou um especialista na indústria do entretenimento que disse que a atriz perdeu papéis e promoções no cinema e na televisão estimados entre US$ 45 milhões e US$ 50 milhões.
Outro especialista da indústria contatado pelos advogados de Depp disse que o ator perdeu milhões pelas acusações de abuso, incluindo um pagamento de 22,5 milhões de dólares pelo sexto filme da série Piratas do Caribe.
As alegações finais ocorrerão nesta sexta-feira, 27, após o que o júri de sete membros passará a deliberar sobre o caso.
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