Foi em 2012 que a pastora americana Renee Murdoch ganhou manchetes por todo o Brasil após ser brutalmente agredida na cabeça enquanto corria na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em estado grave, ela passou quase um mês internada e passou por múltiplas cirurgias antes de se recuperar completamente. Agora, quase 13 anos depois, sua história chegará às telas com o filme Fé para o Impossível, em 20 de fevereiro.
Dirigido por Ernani Nunes (No Ritmo da Fé), o longa traz Vanessa Giácomo e Dan Stulbach como Renee e seu marido, Philip, e irá retratar a jornada de superação da pastora e de sua família – na época registrada em vídeos por Philip, também pastor.

“Nós fomos forçados a aprender o que é fé”, diz ele em conversa com o Estadão. Philip lembra que, durante a internação da esposa, direcionou sua fé para as pequenas melhoras dela. “Eu fui aprendendo a ser alguém honesto e transparente sobre o que realmente tenho fé. Comecei a pegar coisas pequenas – ‘Puxa, vou orar e acreditar que a Renê vai poder abrir os olhos’ (...) A gente foi, pedaço por pedaço, vendo milagres pequenos que se acumulariam em um milagre grande.”
Renee recorda que, ao deixar o hospital, ouviu dos médicos que poderia levar de seis meses a um ano para se recuperar completamente e reconectar os neurônios danificados na agressão. “Eu precisava realmente trabalhar [para a recuperação]”, diz ela. “Foi uma guerra, sabe? E eu estava disposta. Não fiz com o propósito de mostrar para todo mundo, mas porque queria ser curada.”
A americana, que já mora no Brasil há mais de vinte anos, credita sua recuperação bem-sucedida a muitos fatores. “Era as pessoas orando, era o sobrenatural, os médicos excelentes que me trataram muito bem, os terapeutas que trabalharam comigo também. Foi um processo completo com muitas coisas que Deus nos deu como oportunidade.”
Da vida às telas
A história dos Murdoch foi documentada desde o início por Philip, que compartilhou vídeos da jornada enfrentada pela família YouTube. “No mesmo dia que eu comecei a entender a magnitude da da agressão e da consequência na vida da Renee, eu tive que decidir se se ia me esconder ou se ia acreditar que a gente teria uma solução”, recorda.” Apesar de todas as estatísticas, eu decidi acreditar e por causa disso, eu acreditei que seria uma história que impactaria muitas pessoas. Por isso que eu fiz vídeos diários todos os dias”.
Mais tarde, o casal escreveu um livro, Dê a Volta Por Cima: Como Superar Obstáculos Inesperados, publicado em 2019 pela Edilan. Mas o processo de levar a história aos cinemas demorou mais, mesmo que os convites tenham começado a surgir cerca de um ano após a agressão.
“Eu lembro que tivemos muitas reuniões, mas era sempre assim: ’se vocês podem investir tudo, a gente faz um filme’”, conta Renee. As negociações com a +Galeria, que acabou por produzir o filme, levaram quatro anos, atravessados pela pandemia de Covid-19, mas foram bem-sucedidas.
O casal teve várias conversas com os roteiristas do filme, Guilherme Ruiz e Carolina Minardi, que queriam mostrar a fé do ponto de vista dos Murdoch. “Algumas pessoas acham que fé é simplesmente pensar, ‘poxa, eu espero que dê certo, né?’ Mas, no nosso ponto de vista, fé é algo que envolve muita ação. É crer em Deus ao ponto de agir alinhado com o que você crê”, diz Philip.
Na época da entrevista, em dezembro, os dois já haviam assistido a um corte quase finalizado do filme que chegará em breve aos cinemas, e se emocionaram. “Em parte [dos acontecimentos retratados no] filme, eu nem estava consciente”, diz Renee. “Então, eram coisas acontecendo que eu nunca experimentei totalmente, mas isso foi bem interessante. Eu já vi muitos vídeos que o Philip fez, mas vendo [na tela] foi muito impactante.”
O casal espera que a história possa impactar o público de forma geral, independentemente de crenças religiosas. “Apesar de eu ser pastor, este é um filme para pessoas em geral, porque todo mundo passa por momentos de crise”, afirma Philip. “É uma perspectiva de como atravessar momentos de crise, e uma perspectiva que vai trazer positividade, que vai trazer otimismo. Acho que é uma história que vai encorajar muitas pessoas.”