Além de Aquarius na seleção oficial, outros filmes de diretores brasileiros ainda pleiteiam vagas em outras seções de Cannes - Quinzena dos Realizadores, Semana da Crítica. Só a volta à competição já é motivo para comemorar. Desde Linha de Passe, de Walter Salles, há oito anos, o Brasil estava fora da disputa pela Palma de Ouro. Um é pouco? Tem mais - há uma curta na competição da categoria, A Moça Que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda. E tem brasileiro no júri. Criador do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, Amir Labaki conversou com o repórter enquanto aguardava para apresentar O Futebol, de Sérgio Oksman, na competição brasileira de seu evento, quarta-feira, 13, à noite. Amir vai integrar o júri de documentários de Cannes, que este ano será presidido por Gianfranco Rosi, o diretor italiano que, em fevereiro, ganhou o Urso de Ouro em Berlim com Fogo no Mar - e o filme abriu o É Tudo Verdade em São Paulo. O L’Oeil d’Or, Olho de Ouro, foi criado em Cannes há dois anos. O prêmio é outorgado para o melhor documentário do festival, não importa em que seção seja apresentado. Pode-se pensar que a iniciativa visa a recompensar um gênero que tende a ser negligenciado pelo júri oficial. Em toda a história de Cannes, pouquíssimos filmes - O Mundo do Silêncio, codireção de Jacques Yves Cousteau em 1956, e Fahrenheit 11 de Setembro, de Michael Moore, em 2004 - venceram a Palma. No caso do primeiro, ainda era o Grand Prix.
Amir não encara o L’Oeil d’Or como uma forma de segregar o gênero. “Acho até que o festival está querendo integrar a família do documentário.” Ele espera ver bons filmes. “Adoraria ter dificuldades para premiar, de tantos bons documentários.”
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