Angelina Jolie coloca sua voz a serviço de Maria Callas em cinebiografia que estreia em Veneza

Atriz volta às telonas após anos de discrição em longa-metragem dirigido pelo chileno Pablo Larraín

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Por Jordi Zamora (AFP)

A atriz americana Angelina Jolie se atreve a colocar sua voz a serviço da imortal Maria Callas no filme Maria do chileno Pablo Larraín, que estreia em competição no Festival de Veneza nesta quinta-feira, 29.

“Para mim a referência foram os fãs de Maria Callas, aqueles que gostam de ópera, para não decepcioná-los”, explicou aos jornalistas antes da estreia.

Com esse papel de “diva absoluta”, Jolie volta às telonas depois de vários anos de relativa discrição.

Por sua vez, Larraín realiza um velho sonho de entusiasta da ópera e completa um álbum de mulheres de caráter.

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Angelina Jolie interpreta a lenda Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín Foto: Fábula Pictures/Divulgação

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As atrizes lhe são gratas: Natalie Portman interpretou Jackie Kennedy (Jackie) sob o comando de Larraín e foi indicada ao Oscar em 2017, e o mesmo aconteceu com Kristen Stewart em Spencer, a biografia de Lady Di lançada em 2021.

“Quase não há filmes sobre as estrelas” da ópera, declarou Larraín, que ganhou no ano passado o prêmio de melhor roteiro em Veneza com O Conde.

A grande voz da ópera

Maria “a Diva” Callas, nascida em Nova York em 1923 e que morreu aos 53 anos em 1977 em sua casa em Paris, foi a grande voz feminina da ópera do século XX.

Callas também foi uma estrela que soube tirar proveito do cinema e da televisão para impulsionar sua carreira meteórica, que teve um fim dramático em 1973, após um tórrido romance com o bilionário grego Onassis.

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Larraín se concentra na última semana de vida da “Diva”, quando Callas duvidava em voltar a cantar, abusava de medicamentos e vivia artomentada pelo passado e sua infeliz aventura sentimental.

Jolie explicou que treinou durante quase sete meses suas cordas vocais para homenagear, na medida de suas possibilidades, o mito Callas.

A cantora Maria Callas falaceu em 1973, na França, mas seu legado permanece vivo até hoje Foto: Arquivo AE

Mas a habilidade de Larraín está em deixar a voz modesta da atriz emergir nos momentos dramáticos do filme, quando Callas insiste, à beira da humilhação, em continuar treinando, mesmo sabendo que seu timbre a abandonou.

Quando se trata de recriar a lendária personalidade de palco da cantora, essa voz se desfaz e a original ressurge, trazendo o mito de Callas de volta à força total na tela.

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Larraín recria meticulosamente essas noites memoráveis da história da ópera em Londres, Milão ou Paris.

“Pablo é alguém que não faz as coisas pela metade”, confessou Jolie com um sorriso.

Uma vulnerabilidade compartilhada

Longe dos filmes e ligada à sua grande família, Jolie tem sido manchete por causa de seu divórcio de alto nível com o ator Brad Pitt.

Pitt deve chegar ao Lido no final desta semana para a estreia de um filme com seu amigo George Clooney.

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“Quando você atinge um certo nível de desespero, de tristeza, de amor, em um determinado momento, apenas certos tipos de sons podem incorporar esses sentimentos”, confessou a atriz.

“Há muitas coisas que não direi nesta sala e que vocês provavelmente já sabem”, admitiu ela. Com Callas, “compartilho essa vulnerabilidade diante de tudo”, acrescentou.

Dois atores italianos se destacam nesse filme, Pierfrancesco Favino e Alba Rohrwacher, como os dois funcionários que ficaram ao lado da cantora até seu trágico fim.

De caráter vulcânico, Callas teve grandes triunfos e algumas saídas intempestivas do palco.

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Sua apresentação de “Tosca” no Covent Garden de Londres, filmada por Franco Zeffirelli em 1964, é um clássico da ópera filmada.

Alguns anos depois, Callas abandonou as grandes produções de ópera e se dedicou a recitais até sua aposentadoria em 1973.

Zeffirelli fez uma biografia cinematográfica de sua amiga em 2002, estrelada por Fanny Ardant.

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