PARIS, FRANÇA / AFP - A atriz Anouk Aimée, um dos grandes símbolos do cinema francês do século 20, morreu nesta terça-feira, 18, em sua casa em Paris aos 92 anos, anunciaram seu agente e sua família.
A estrela de Um Homem, Uma Mulher, Lola e La Dolce Vita, entre outros clássicos do cinema, “faleceu esta manhã”, declarou Sébastien Perrolat, da agência TimeArt.
Sua filha, Manuela Papatakis, expressou a “imensa tristeza” com a morte da mãe em uma mensagem publicada no Instagram.
“Estava ao lado dela quando faleceu esta manhã, em sua casa, em Paris”, acrescentou.
Anouk Aimée, cujo nome real era Françoise Dreyfus, nasceu em 27 de abril de 1932 na capital francesa.
Ela conquistou fama internacional com o filme Um Homem, Uma Mulher, do diretor Claude Lelouch, premiado no Festival de Cannes em 1966 e vencedor do Oscar de filme estrangeiro em 1967.
Aimée venceu um Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar de melhor atriz por este longa-metragem, em que contracena com Jean-Louis Trintignant.
O filme também foi um sucesso mundial graças à trilha sonora e ao refrão cativante da música principal, cantada por Pierre Barouh e Nicole Croisille.
Décadas depois, em 2019, ela voltaria a contracenar com Jean-Louis Trintignant em Os Melhores Anos de Uma Vida, sequência dirigida pelo próprio Lelouch.
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Ao longo de sua longa carreira, Aimée trabalhou com grandes nomes do cinema, como Bernardo Bertolucci, Vittorio de Sica, André Delvaux, George Cukor e Robert Altman.
Foi uma Lola inesquecível para Jacques Demy, uma mulher misteriosa para Federico Fellini em A Doce Vida e em Oito e Meio. Para Anouk Aimée, que trabalhou muito na Itália, Fellini era o “Mont Blanc” do cinema.
Em 2003, ela recebeu um Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo conjunto de sua carreira. Em 2006, Cannes prestou uma homenagem especial à atriz.
Foi nesse festival que ganhou o Prêmio de Interpretação Feminina em 1980 por Salto nel vuoto, de Marco Bellocchio.
‘Tive sorte de ser uma mulher livre’
Anouk Aimée foi casada com o cineasta Nico Papatakis, com quem teve uma filha, com o cantor e compositor Pierre Barouh (coautor, com Francis Lai, da trilha de Um Homem, Uma Mulher) e com o ator britânico Albert Finney.
“É preciso ser feminina”, insistia. “Não manter (no casal) relações de poder com o outro”.
“Tive sorte de ser uma mulher livre, mas nunca me vi como mulher fatal”, disse.
Nascida em 27 de abril de 1932 em Paris, Françoise Dreyfus, seu nome verdadeiro, era filha de atores.
Ela adotou o nome artístico de Anouk após seu primeiro papel em La Maison sous la mer, de Henri Calef (1947), aos 13 anos. Depois, por sugestão de Jacques Prévert em outra filmagem, adotou o sobrenome Aimée.
A atriz estreou em 1949 em Os Amantes de Verona, de André Cayatte. Em seguida, apareceu em filmes como A Cortina Carmesim (Alexandre Astruc), Expresso de Paris (Harold French) e Contraband Spain, codirigido em 1955 por Lawrence Huntington e Julio Salvador.
Robert Altman a convidou para seu grande retrato da moda parisiense “Prêt-à-Porter”, em 1994. Ela também filmou nos Estados Unidos para George Cukor e Sidney Lumet.
Anouk Aimée disse que poderia ficar muito tempo sem filmar. “Não sei me vender muito bem, sou uma pessoa que espera. Preciso ser pressionada”, disse.
Mesmo assim, fez mais de 80 filmes... mas rejeitou o papel interpretado por Faye Dunaway em Crown, o Magnífico (1968). “Me fizeram tantas propostas, fiquei confusa, já não sabia”, justificou.
No teatro, seu grande sucesso foi Love Letters, do autor americano Albert Ramsdell, que interpretou centenas de vezes, com vários companheiros de palco: Bruno Cremer, Jean-Louis Trintignant, Philippe Noiret, Jacques Weber e Gérard Depardieu.
Também atuou na televisão, principalmente em adaptações de grandes textos literários.
Anouk Aimée vivia em sua casa parisiense em Montmartre, cercada de filmes, gatos e cães. Era uma defensora da natureza e dos animais.