As dicas do ator Laurence Fishburne para acabar com a tensão do trabalho

Ator de 'Matrix', que está de volta à Broadway, não dispensa uma boa música, cristais, chá de hortelã e um trampolim

Por Alexis Soloski

“Eu sei bem quais são meus dons”, diz Laurence Fishburne. “Fui abençoado com uma voz maravilhosa. E eu tenho um senso inato sobre o dramático.”

O ator Laurence Fishburne está na peça 'American Buffalo', na Broadway Foto: Danny Moloshok/Reuters

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Fishburne, de 60 anos, falava em um tom de barítono aveludado, algumas horas antes de ser chamado para o palco do Circle in the Square para o revival da Broadway de American Buffalo, de David Mamet, um estudo sobre agitação. Embora mais conhecido por seu trabalho no cinema (a trilogia original Matrix, Boyz N the Hood, a série John Wick), Fishburne é um ator vencedor do Tony.

Ele raramente ficou longe do teatro por muito tempo. Apareceu pela última vez na Broadway em 2008, em Thurgood. E levou mais de uma década para encontrar outro papel que o interessasse: Donny, o proprietário de uma loja de sucata. Com seus amigos Teach (Sam Rockwell) e Bobby (Darren Criss), Donny concorda com um plano para roubar uma moeda valiosa de um cliente rico. “Ele é a figura paterna neste triângulo de três homens”, disse ele sobre Donny. “Está tentando orientá-los, protegê-los e educá-los da melhor maneira possível.”

Da esquerda para a direita: Darren Criss, Laurence Fishburne e Sam Rockwell, em cena de 'American Buffalo' Foto: Sara Krulwich/The New York Times

American Buffalo estava na fase de ensaios quando a pandemia chegou. Fishburne e seus colegas continuaram trabalhando de casa durante meses, o que o ator disse ter lhe permitido que se aprofundasse no papel e na linguagem de Mamet. “Ele trabalha com essas palavras aparentemente simples, carregadas de muita tensão, muito subtexto, muitas nuances”, diz Fishburne sobre o texto de Mamet. “É como uma bela peça de música.”

Laurence Fishburne em cena de 'Matrix' Foto: Warner Bros. Pictures

De sua casa, um apartamento no Upper West Side de Nova York onde mantém um pequeno trampolim e cristais variados, ele discutiu os itens, obras de arte e filosofias que o ajudam a se livrar da tensão do trabalho.

1. A faca de um chef

Sou filho único e meus pais trabalhavam muito. Às vezes, eu precisava me virar sozinho. Então, cresci cozinhando. Uma faca de chef com um ótimo cabo e um ótimo fio, é disso que você precisa. Ela pode cortar suas cebolas e seu aipo, esmagar seu alho, fazer todo o seu trabalho de preparação para que você possa comer bem. Adoro cozinhar comida caribenha, italiana, asiática. Há um peixe que gosto de fazer com tomate e açafrão; galinhas de caça da Cornualha, assadas com compota e vinho do porto. Sou muito bom na cozinha.

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2. 'As a Man Thinketh', de James Allan

Ganhei este livro quando tinha cerca de 30 anos, e ele realmente mudou minha vida. É um livro sobre meditação, o poder do pensamento e a realidade da vida e da verdade. Comecei a meditar e minha vida melhorou. Minha vida melhorou.

3. Um bom sapato

Esses pés, eles nos carregam. Temos que ser gentis com eles. Não se trata de usar marcas famosas. O pé é tão individual quanto a impressão digital. É apenas o que parece certo, o que parece confortável, o que suporta bem o seu pé. Agora estou usando botas de ponta de asa com cadarço. Eles se encaixam muito bem. E eu tenho alguns sapatos feitos pelo meu amigo Ozwald Boateng que são meus sapatos sociais.

4. Minha música favorita

Eu ouço principalmente a música do século passado. Não sou alérgico à música de hoje. Só preciso de incentivo, de alguém jovem para me apresentar ao que está acontecendo agora. Algumas das minhas músicas favoritas são Kind of Blues, de Miles Davis, John Coltrane and Johnny Hartman, Identity, de Airto Moreira, Band of Gypsys, Cassandra Wilson, os Beatles, os Stones. Howlin’Wolf, Duke Ellington, Mahalia Jackson.

5. Um bom travesseiro e um bom cobertor

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Eu sou bom em cochilar. Atores têm que usar energia como gatos – ficamos deitados e dormimos muito e depois temos que nos levantar e nos apresentar. Então, ter um lugarzinho para deitar com um travesseiro que aconchegue o pescoço, apoie a cabeça, mantenha a coluna alinhada... Cashmere faz um ótimo cobertor. Na verdade, eu tenho um desses no meu camarim no teatro. É fantástico.

6. Chá de menta marroquino

Há um restaurante em Los Angeles no qual vou desde criança, o Moun of Tunis. No final da refeição, servem chá de menta e bolos de amêndoa. A menta tem um sabor e um cheiro tão maravilhosos. Apenas ilumina tudo. E me faz feliz.

7. Um mini trampolim

É de baixo impacto e faz seu sangue fluir. É como pular corda, sem pular corda. Você pode desafiar a gravidade, segundos de cada vez. Eu tenho um pequeno trampolim em ambas as minhas casas.

8. Cristais

Entrei no mundo dos cristais por volta de 1988. Tenho muitos cristais na minha casa em Los Angeles. Em Nova York, são só alguns. Mas tenho uma bolsa medicinal repleta deles, com a qual durmo. Um diamante Herkimer, um pedaço de moldavita, um pedaço de quartzo fumê, um pedaço de turmalina. Durmo bem todas as noites. E meus sonhos podem ser muito vívidos. Cristais são remédios.

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9. Meditação

Uma mente calma e serena é o produto de pensamentos calmos e serenos, positivos. Você pode treinar a mente como treina um músculo. Eu tento meditar diariamente por pelo menos 15 minutos. Geralmente me sento em uma espécie de posição de lótus. Às vezes, deito. Quando comecei a meditar, tornei-me muito centrado. Comecei a assumir a responsabilidade por minha vida, por meus pensamentos, minhas palavras e meus atos.

10. Filmes dos anos 1960, 1970 e 1980

Na minha biblioteca tenho Lawrence da Arábia, Ao Mestre com Carinho. Outro filme com o senhor Poitier, chamado Irmão John. Outro filme de O'Toole chamado O Leão no Inverno. O que mais eu tenho? Oh, O Homem Que Queria Ser Rei. Ótimo filme. Ver esses filmes me deixa animado, me faz feliz. 

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