AFP- O sindicato que representa 160.000 atores de de Hollywood entrou em acordo, na última sexta-feira (30), para estender as negociações com os estúdios de Hollywood e congelar, pelo menos até 12 de julho, uma greve que poderia paralisar a indústria quase que completamente.
O Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) e plataformas como Netflix e Disney estavam mergulhados em longas negociações, mas à medida que o prazo final para um acordo se aproximava da meia-noite de sexta-feira (4h de sábado em Brasília), as partes concordaram em continuar dialogando.
O contrato atual foi ampliado até 12 de julho à meia-noite, horário de Los Angeles (20h, no horário de Brasília), disse o SAG-AFTRA, em um breve comunicado.
O texto acrescenta que “as partes continuarão negociando sob um bloqueio midiático mutuamente acordado”.
Temia-se que o sindicato dos atores se unisse à greve de roteiristas que afeta Hollywood há nove semanas.
Os membros do SAG-AFTRA já haviam aprovado uma greve, caso os negociadores não chegassem a um acordo.
Seria a primeira vez que os escritores e atores de Hollywood entrariam em greve de forma simultânea desde 1960, quando o ator e posteriormente presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, liderou uma paralisação que forçou os estúdios a ceder.
“Estamos em um ponto de virada”, disse Jonathan Handle, advogado da indústria do entretenimento, à AFP.
Atores querem acordo ‘transformador’
Centenas de estrelas de Hollywood, incluindo Meryl Streep e Jennifer Lawrence, assinaram uma carta divulgada nesta semana pedindo ao sindicato um acordo “transformador”.
As negociações se concentram em melhorias salariais e na redefinição do pagamento de compensações residuais para se adequarem às mudanças na indústria.
As compensações residuais são os rendimentos que os artistas recebem cada vez que o conteúdo de que eles participaram é retransmitido. Essa receita diminuiu, porque as plataformas de streaming não revelam suas estatísticas de visualização.
Também estão em discussão as audições virtuais que se multiplicaram durante a pandemia, as quais impõem um peso logístico sobre os atores, privando-os do “feedback” dos diretores, além da expansão da Inteligência Artificial na indústria.
“Eles poderiam usar sua imagem e fazer você dizer coisas que você não diria, ou envolver você em um projeto, do qual você não quer fazer parte. Temos que garantir que isso não aconteça”, disse Kim Donovan, uma atriz de 52 anos.
A greve dos roteiristas reduziu drasticamente o número de filmes e programas em produção, mas uma ação dos atores poderia praticamente paralisar tudo.
Alguns programas de reality show e entrevistas podem continuar, mas eventos como o Emmy Awards, programado para 18 de setembro, correriam risco.
Séries populares que deveriam retornar à televisão no terceiro trimestre do ano seriam adiadas, assim como a produção de filmes, ou a promoção dos sucessos de bilheteria do verão.
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