Com Bones and All, que teve sua estreia mundial na noite desta sexta-feira, 2, na competição do 79º Festival de Veneza, o italiano Luca Guadagnino faz seu primeiro longa nos Estados Unidos. E ele se aventura em um dos gêneros mais clássicos do cinema americano: o road movie.
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O filme de estrada normalmente fala de liberdade e libertação, de rebeldia, mas também de procura de identidade, de reinvenção, de encontrar seu lugar no mundo. Os road movies muitas vezes têm no centro personagens desajustados ou marginalizados. Não é diferente em Bones and All, uma adaptação do romance de Camille DeAngelis.
Maren (Taylor Russell) é uma adolescente morando com o pai (André Holland), que é amoroso, mas segue seus passos de perto. O motivo: Maren às vezes não consegue controlar seus instintos, como descobre a colega da nova escola que tem seu dedo comido.
Maren logo estará sozinha no mundo, tentando se virar sendo pária da sociedade, que não costuma aceitar muito bem o canibalismo. Em suas andanças à procura de sua mãe, Maren encontra outros como ela, incluindo Sully (Mark Rylance) e Lee (Timothée Chalamet). Cada um tem seu jeito de lidar com sua maldição. Ela acaba se apaixonando por Lee, que parece ser uma boa pessoa.
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Guadagnino sabe filmar as cenas mais íntimas e românticas, como já mostrou em Me Chame pelo Seu Nome. Mas não teme flertar com o mau gosto, sempre dando uma piscadela irônica para o público. Aqui ele mistura as duas coisas, e o resultado nem sempre é coeso.
Bones and All é uma história de isolamento, marginalização, busca da redenção pelo amor. Nem Maren nem Lee têm como controlar o que são, mas o filme não tenta dizer que tudo bem, e sim usar o canibalismo como metáfora para explorar dilemas morais.
São personagens irredimíveis, mas por quem o espectador é convidado a ter empatia. Maren está crescendo em um mundo que não a quer, não a aceita e a ameaça. É algo com que dá para se identificar.