Elvis, a superprodução de Baz Luhrmann sobre o rei do rock, concentrou nesta quarta-feira, 25, as atenções no Festival de Cannes, enquanto a francesa Claire Denis concorre à Palma de Ouro com Stars at Noon, ambientada na Nicarágua.
O tapete vermelho recebeu Austin Butler, intérprete de Elvis Presley, na companhia do veterano Tom Hanks, que encarnou seu misterioso empresário, Tom Parker, além de sua viúva, Priscilla Presley.
Ricky Martin, Shakira, Kylie Minogue e a companheira do jogador Cristiano Ronaldo, Georgina Rodriguez, foram algumas das estrelas que assistiram à estreia.
Pouco antes, o elenco do ucraniano Butterfly Vision (fora da competição) exibiu no tapete vermelho um cartaz que dizia, em inglês: "os russos matam ucranianos, falar em genocídio fere sua sensibilidade?".
"Elvis" chegará em junho às salas de cinemas de diversos países. No Brasil, a estreia está prevista para o dia 14 de julho.
Duas décadas de glória e queda
"Elvis" retrata, ao longo de duas décadas, o início, a glória e a decadência do rei do rock, que morreu em 1977 aos 42 anos.
Californiano, com um tipo físico parecido com o do Elvis do fim dos anos 1950, Butler, de 30 anos, é um produto clássico dos estúdios Disney.
Participou em uma dezena de filmes, entre eles Era Uma Vez... Em Hollywood, de Quentin Tarantino, e Os Mortos Não Morrem, de Jim Jarmusch.
Foi o ator Denzel Washington quem recomendou ao australiano Luhrmann que desse uma oportunidade a Butler para este papel, segundo o site americano Entertainment Weekly.
"Recebi um vídeo deste jovem interpretando, cheio de lágrimas, Unchained Melody (canção que Elvis fez uma versão) e perguntei a mim mesmo: o que é isso?", explicou Luhrmann.
"E logo recebi uma mensagem de Denzel Washington, a quem não conhecia. Ele me disse: 'acabo de trabalhar com esse rapaz, nunca vi alguém tão comprometido'."
Butler ensaiou durante um ano para imitar a voz aveludada de Elvis.
Elvis causa expectativa porque Luhrmann é um diretor que não costuma se intimidar diante de gigantes da história, seja Shakespeare, de quem se atreveu a fazer uma versão de Romeu e Julieta, ou O Grande Gatsby, uma das referências da literatura americana.
O longa-metragem, com 2h39 de duração, é "uma experiência intensa", garantiu em Cannes a neta de Elvis, Riley Keough.
Suspense e romance na Nicarágua
Enquanto isso, a corrida pela Palma de Ouro está em seus metros finais.
Stars at Noon, de Claire Denis, é um filme baseado em um romance de 1986 de Denis Johnson. O filme narra a tórrida história de amor de uma jornalista americana (Margaret Qualley) e um enigmático empresário britânico (Joe Alwyn).
"Como no livro, descreve um encontro casual que se transforma em amor, uma atração sexual que devora e cega. Então, como no livro, a violência que sacode o país é vista de longe", explica a cineasta em nota à imprensa.
Claire Denis é uma das cinco mulheres que concorrem este ano à Palma de Ouro, que será entregue no sábado pelo júri presidido por Vincent Lindon.
A cineasta francesa obteve na última Berlinale o prêmio de melhor direção com Avec Amour et Acharnement.
Outro longa da mostra competitiva que apresentado nesta quarta é Leila's Brothers, do iraniano Saeed Roustayi, um drama familiar de 2h45. Roustayi, de 32 anos, impressionou em Cannes com A Lei de Teerã no ano passado.
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