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Carlos Saura recebe homenagem póstuma no Goya, que premiou ‘As Bestas’

Viúva do cineasta, que morreu na sexta-feira, 10, aos 91 anos, leu trecho do discurso que ele deixou preparado; Juliette Binoche também foi homenageada

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Por Alfons Luna

AFP - O drama rural As Bestas venceu, nesse sábado, 11, nove prêmios Goya, o mais importante do cinema espanhol, tornando-se o grande vencedor de uma gala que homenageou o realizador Carlos Saura, falecido na véspera, aos 91 anos.

O longa dirigido por Rodrigo Sorogoyen ganhou os prêmios de melhor filme, direção, roteiro original, ator principal - o francês Denis Ménochet - e ator coadjuvante - Luis Zahera -, fotografia, música, figurino e som.

O diretor Rodrigo Sorogoyen discursa depois de ganhar o prêmio de melhor direção por As Bestas Foto: Jose Breton / AP

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“Ser um bom diretor, além de estar sempre atento a Carlos Saura, é cercar-se da melhor equipe possível. E consegui, esse é o único mérito que tenho”, disse Sorogoyen ao receber o prêmio de melhor diretor.

A surpresa foi que Alcarrás, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, não conquistou nenhum prêmio, enquanto Modelo 1977 ganhou cinco.

O prêmio de melhor atriz principal foi para a catalã Laia Costa, de 37 anos, por seu papel em Cinco Lobitos, no qual interpreta uma mulher que redefine sua relação com a mãe à luz de sua maternidade recém-saída.

“Muitas pessoas nos procuraram para nos dizer que depois de ver” o filme “sentiram a necessidade de ligar para seus entes queridos”, explicou Costa ao receber o prêmio.

O troféu de melhor ator foi para Denis Ménochet que, depois de trabalhar com diretores franceses como François Ozon e Emmanuel Carrère, e estrangeiros como Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios) ou Ridley Scott (Robin Hood), levou em Sevilha o prêmio mais importante de sua carreira.

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“Vou ter que me mudar para a Espanha”, brincou o francês ao receber o prêmio.

Em As Bestas, o realizador madrileno de 41 anos conta a história de um casal de ambientalistas franceses que vão viver em uma aldeia da Galiza (noroeste) com um projeto de vida que acaba por colidir tragicamente com os locais, sobretudo com dois irmãos.

“O que gostamos foi imaginar as motivações destes quatro personagens: como é que se pode odiar tanto um vizinho, e a dos dois estrangeiros, pessoas que não são bem-vindas mas que dizem ‘não vou sair daqui’”, Sorogoyen explicou em entrevista à AFP durante o Festival de Cinema de Cannes em maio.

O prêmio da Academia Espanhola de Cinema é um busto de bronze representando o pintor espanhol Francisco Goya (1746-1828), e foi escolhido porque seu nome era representativo e curto, como Oscar e César, embora o artista seja anterior à invenção da sétima arte.

A família de Carlos Saura, falecido na sexta-feira, 10, recebeu o Goya de honra que lhe foi conferido pela atriz Carmen Maura, que trabalhou com ele em Ay Carmela e que o descreveu como “um diretor maravilhoso, amigo, compreensivo”.

“Muito obrigado a todos os que têm colaborado comigo neste trabalho maravilhoso que é rodar um filme”, escreveu o próprio Saura numa mensagem que preparou para agradecer o prêmio e que foi lida pela sua mulher, Eulalia Ramón.

Entre trechos de suas obras, a cantora mexicana Natalia Lafourcade interpretou a canção Porque te Vas, de 1976, de Jeanette, para sempre associada ao filme de Saura Cría Cuervos.

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Considerado um dos quatro grandes realizadores do cinema espanhol, ao lado de Luis Buñuel, Luis García Berlanga e Pedro Almodóvar, Saura morreu aos 91 anos, deixando para trás uma carreira que lhe valeu três prêmios no Festival de Berlim e dois no de Cannes.

A outra homenageada da cerimônia foi a atriz francesa Juliette Binoche, 58 anos, que recebeu o Goya internacional, dizendo-se orgulhosa e dedicando uma lembrança a Saura, “uma cineasta que me comoveu com olhos de menina”, antes de cantarolar Porque te Vas.

A atriz francesa Juliette Binoche recebe o prêmio Goya Internacional Foto: Cristina Quicler / AF
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