Cinesesc premia os melhores filmes do cinema brasileiro e estrangeiro

Até dia 1º de maio, o festival mostra 48 títulos, sendo 19 de produções estrangeiras, 20 de brasileiros e mais 6 clássicos

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'O Último Imperador', clássico de Bernardo Bertolucci Foto: Columbia Pictures

No próprio convite para a abertura do 45.º Festival Sesc de Melhores Filmes está resumida a história do evento – criado em 1974, é o primeiro e, portanto, mais antigo festival de cinema da cidade, oferecendo ao público a oportunidade de ver, ou rever, o que passou de mais significativo pelas telas paulistanas no ano anterior. Votam o público e a crítica, e nesta quarta, 10, ocorre a cerimônia de premiação dos melhores do cinema brasileiro e estrangeiro. Filme, diretor, ator, atriz, e documentário (só para produções brasileiras).

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Quase tudo isso é verdade, como diria Amir Labaki em seu festival de documentários. Porque o evento do Cinesesc é o mais longevo festival em atividade. Nos anos 1950, houve o lendário Festival Internacional de São Paulo, que inspirou, em parte, Cine Marrocos, e o documentário de Ricardo Calil com certeza estará entre os melhores do ano que vem. 

Camila Márdila, de Que Horas Ela Volta?, será a apresentadora e, na sequência, ocorrerá a pré-estreia de um filme importantíssimo – Los Silencios, de Beatriz Seigner, que integrou a mostra Quinzena dos Realizadores em Cannes, no ano passado, e acaba de estrear, coberto de elogios, na França. A partir de amanhã, e até 1.º de maio, o festival deve apresentar 48 títulos, sendo 19 de produções estrangeiras, 20 de filmes brasileiros, mais seis clássicos e três cineclubinhos.

Os clássicos desta edição serão – Bagdad Café, de Percy Adlon; Asas do Desejo, de Wim Wenders, O Último Imperador, de Bernardo Bertolucci, Pixote, a Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco; e By Bye Brasil, de Cacá Diegues, esse último numa sessão especial em 35 mm.

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Os cineclubinhos, voltados ao público infantil, contemplam – O Touro Ferdinando, de Carlos Saldanha; Viva – A Vida É Uma Festa, de Lee Unkrich e Adrián Molina; e Os Incríveis 2, de Brad Bird. Entre os melhores brasileiros do ano, e concorrendo à premiação, estão longas como Arábia, da dupla Affonso Uchoa e João Dumans, e Antes do Fim, de Cristiano Burlan. Os dois tratam de temas ligados à morte, e o primeiro ainda se beneficia da rica prosódia mineira.

Estreia do ator Murilo Benício na direção, Beijo no Asfalto é a melhor das muitas adaptações que a peça de Nelson Rodrigues já teve no cinema. O diretor combina a filmagem realista do texto com o trabalho de mesa do elenco, que não apenas revisa os diálogos como discute com o especialista Amir Haddad a complexidade da visão de Nelson sobre a classe média e o Brasil.

Também estreante em longa, Carol Leone beneficia-se da extraordinária interpretação de Magali Biff em seu belo Pela Janela. Uma mulher madura que perdeu o emprego, e o próprio sentido da vida, cai na estrada com o irmão, que viaja para a Argentina. No caminho, passam pelas Cataratas do Iguaçu, e a força das águas lava a alma atormentada da protagonista.

Entre os estrangeiros, integram a seleção A Forma da Água, de Guillermo Del Toro, que venceu o Oscar e outro filme que também fez sensação na premiação da Academia em 2018. Além de ter virado um cult do público LGBT, Me Chame pelo Seu Nome, de Luca Guadagnino, com Timothée Chalamet e Armie Hammer, valeu ao nonagenário – nasceu em 7 de junho de 1928 – James Ivory o Oscar de melhor roteiro adaptado (do livro de André Aciman).

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E não se pode esquecer da grande Agnès Varda, precursora da nouvelle vague, que morreu em março, aos 90 anos. No belo documentário Visages Villages, que codirigiu com JR, Agnès expressa o que representava o cinema para ela. Um meio de filmar e investigar as pessoas para descobrir – e colocar na tela – o que elas têm de melhor. 

Durante o festival, ocorrerão três edições do chamado Cinema da Vela. As conversas entre críticos e espectadores vão ajudar a debater/entender temas na ordem do dia, como restauração e memória, a diversidade no cinema de super-heróis – a partir dos verdadeiros fenômenos em que se converteram Mulher-Maravilha, de Patty Jenkins, com Gal Gadot, e Pantera Negra, de Ryan Coogler, com Chadwick Boseman e Michael B. Jordan – e o cinema de pós-terror, que tem entre seus representantes mais ilustres o oscarizado Jordan Peele, de Corra! e Nós.

Os debates ocorrem nas terças restantes do mês, dias 16, 23 e 30, a partir das 19h30.

E não é só na telas que o cinéfilo deve concentrar sua atenção. As paredes do Cinesesc foram cobertas de colagens da artista plástica Rochelle Costi, que combina detalhes de pôsteres dos filmes que integram a programação. Cinegético, como se chama sua intervenção, pretende criar uma reflexão sobre a quantidade de filmes disponíveis no mercado, e a forma como são assimilados pelos espectadores.

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