Há uma surpresa natural ao ver o elenco de Turma da Mônica – Lições. Dois anos após o primeiro filme, Kevin Vechiatto (Cebolinha), Gabriel Moreira (Cascão), Giulia Benite (Mônica) e Laura Rauseo (Magali) estão diferentes. Há espinhas por ali, assim como alguns centímetros a mais na altura. Piadas sobre pum, feitas durante a coletiva de imprensa de Laços, ficam de lado para um comportamento adolescente: cabeça abaixada na mesa, um ar desajeitado, conversas maduras.
Essa sensação não fica restrita apenas para o vivo. No novo longa da turminha, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 30, os traços de amadurecimento invadiram a história. A trama gira em torno de um desentendimento dos pais de Cebolinha e Mônica. A mãe dela decide tirar a menina da escola do Limoeiro e a mandam para uma outra, fora do bairro. É a separação do grupo como conhecemos: Cebolinha, Cascão e Magali de um lado; Mônica, só, do outro.
“Não estamos apenas separando os personagens. Estamos separando 60 anos dos maiores ícones da cultura pop brasileira. A gente separa 60 anos de história”, explica Daniel Rezende, ao ser questionado sobre a emoção natural que surge com a história. “Não tem como você não torcer para que eles fiquem juntos. Por isso, é um filme mais emocional, mais verdadeiro. Não tem como você não se identificar, não torcer pelos personagens”.
Com isso, surgem dilemas que em Laços seriam precoces demais. É a dor por não estar mais tão perto dos amigos, o medo de levar o Sansão para a escola, o desafio de conquistar seu espaço. Magali, inclusive, não tem a sua compulsão alimentar jogada ao vento: isso é explicado como uma das consequências de uma ansiedade. Cebolinha também começa a ver uma fonoaudióloga, enquanto o Cascão enfrenta o medo absurdo da água.
“As crianças não param de crescer. Mas, no final, a gente pegou esse nosso maior problema e transformou em nossa maior qualidade: falar sobre o crescimento”, afirma o cineasta. Além disso, Turma da Mônica: Lições parece ser um grito contra a pandemia. Mesmo gravado antes da covid-19, há essa questão da distância dos amigos. O desejo é pelo abraço apertado dos quatro – algo que atravessa a tela. “É um filme sobre separação e nós fomos separados. Estamos desesperados por aquele abraço”, diz Daniel.