Depois de ‘Homem-Aranha: Sem Volta para Casa’, o que esperar do multiverso na Marvel?

Depois da compra da Fox e da criação de um universo paralelo pela Sony Pictures, estúdio deve reforçar a ideia de outras realidades

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Foto do author Matheus Mans

As séries Loki e What If? já tinham mostrado que a Marvel Studios estava mais do que interessada em embarcar na ideia de universos paralelos. Recurso utilizado nos quadrinhos da editora, o multiverso permite que a história não seja algo linear, abrindo o leque para que personagens voltem à vida, sejam substituídos ou, até mesmo, viajem por realidades. E esse interesse no multiverso se concretiza com Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Como o trailer já entrega, um feitiço do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) dá errado e, com isso, uma fenda se abre na realidade do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Peter Parker (Tom Holland), que teve sua identidade exposta em Longe de Casa, passa a enfrentar um problema mais espinhoso: a chegada de vilões de franquias passadas do Homem-Aranha, como Doutor Octopus (Alfred Molina) e Duende Verde (Willem Dafoe). 

Feitiço do Doutor Estranho dá errado e abre uma fenda para o multiverso da Marvel em 'Homem-Aranha: Sem Volta para Casa' Foto: Marvel Studios

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Assim como a participação de Evan Peters como Mercúrio em WandaVision ou a aparição de diferentes identidades do vilão Loki na série do personagem, este é mais um choque de realidades, de ideias. A Marvel confirma, de uma vez por todas, que tudo que aconteceu em franquias passadas comandadas pela Sony Pictures e pela antiga 20th Century Fox não foram esquecidas, mas sim transportadas para outros universos. Elas existem.

Como dito anteriormente, o céu é o limite. Aceitando que há mais de uma coisa acontecendo ao mesmo tempo, a Marvel faz o que quiser sem comprometer a sua lógica.

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A partir de agora, spoilers

Só que, ao contrário da expectativa geral, o filme do Aranha não é o ponto de virada que todos esperavam. Os personagens de outros universos somem com um novo feitiço. Era só isso? Não. O ponto de virada é a segunda cena pós-crédito. É um teaser do filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, próximo lançamento da Marvel Studios. Vemos o personagem-título preocupado. Vai falar com Wanda, diz que o universo não é algo mais linear. Até culminar nos personagens entrando nessas múltiplas e estranhas realidades.

Em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, a Marvel mostrou que outros universos estão acontecendo ao mesmo tempo e validou as histórias que foram contadas pela Sony Pictures e pela 20th Century Fox – inclusive mostrando que a história de Venom está em uma outra realidade. Só que é em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura que as coisas ficam realmente interessantes. Realidades em choque, aparentemente em um cenário que não dá para voltar atrás. O espectador sai da sessão, então, perguntando: e agora?

Novos caminhos

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Primeiramente, há de se destacar que dois universos agora podem ser explorados de várias maneiras: o do Homem-Aranha, sob os cuidados da Sony Pictures, e dos X-Men, agora sob a responsabilidade da Marvel após a compra da Fox pela Disney. Sobre o “amigão da vizinhança”, fica claro que o arco dos vilões de outrora, assim como o do Peter Parker vivido por Tobey Maguire, estão completos. Não há muito espaço. Mas o que impede que Andrew Garfield, que ama o personagem incondicionalmente, não ganhe um especial, uma série?

O Peter Parker de Garfield diz, em determinado momento de Sem Volta para Casa, que está passando por um momento sombrio após a morte de Gwen Stacy. É algo que poderia ser explorado sem comprometer em nada a história de Tom Holland. Venom e Morbius, obviamente, também estão nesse universo da Sony, como já era de se suspeitar antes, e também ficam sem amarras. A Marvel deixa claro que quer fazer seu próprio Venom, quando um pedacinho do monstro “sobra” no universo principal. Mas nada de Tom Hardy contra Tom Holland.

Os X-Men, assim como Deadpool, que já apareceu dentro desse universo, também já foram confirmados em WandaVision, mas podem ser reaproveitados. Personagens queridos, e com atores que estão dispostos a retomar seus personagens, podem voltar às telas com um estalar de dedos do Mickey Mouse – o anti-herói vivido por Ryan Reynolds, o Mercúrio de Evan Peters e por aí vai. Pode ser que, em um primeiro momento, não queiram colocar Deadpool e Thor em um mesmo ambiente, mas podem tocar as histórias explicando que são de universos distintos.

O mais interessante, porém, são os choques de realidade que virão, com personagens entrando de vez no MCU. Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, por exemplo, mostra que o Estranho Supremo, apresentado na série What If?, se tornou realidade – assim como é esperado que uma nova versão da Feiticeira Escarlate apareça por ali. Em Thor: Amor e Trovão, uma nova versão do deus nórdico deve ser encarnada por Natalie Portman. A explicação, novamente, vem a partir dessa história de que são realidades diferentes.

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Vale lembrar, ainda, da bomba que a Marvel Studios está nas mãos com o filme Pantera Negra: Wakanda Forever, segundo filme desta franquia. Chadwick Boseman morreu precocemente e o manto do herói está vago. Como explicar uma substituição? De novo: o multiverso pode ser a resposta para tudo. Um Killmonger (Michael B. Jordan) "do bem" pode ser encontrado em outra realidade. Ou podemos ver um mundo em que M’Baku (Winston Duke) é o verdadeiro herói e que, nessa confusão, acaba passando para nossa realidade.

Além da Marvel

Vale dizer que não é apenas a Marvel que está seguindo esse caminho de multiversos. A DC, sob responsabilidade da Warner Bros., também está na mesma toada. Depois das histórias da Liga da Justiça com Ben Affleck, Gal Gadot e Jason Momoa não irem tão bem como esperado, eles abriram um leque de opções sem dar muita satisfação. Fizeram um novo Coringa para Joaquin Phoenix, ignorando o de Jared Leto. Depois, ignoraram o Batman de Affleck para criar um novo universo do morcego com o ator Robert Pattinson.

O cereja do bolo deve vir com o filme sobre o Flash, em 2022. Nele, o personagem deve usar sua velocidade para passear entre realidades – o Batman vivido por Michael Keaton, por exemplo, deve retornar. Não há, por enquanto, a mesma complexidade apresentada pela Marvel Studios em seus filmes. Mas o caminho de colidir universos e colocar realidades em choque deve permanecer conforme mais personagens vão surgindo.

Não há motivo, afinal, para os estúdios responsáveis pelos super-heróis fugirem desse multiverso. É um recurso já sedimentado nos quadrinhos e que abre um leque de possibilidades comerciais – ainda mais para a Disney, agora com Quarteto Fantástico e X-Men em suas mãos novamente. Para que ficar em apenas uma realidade se o cinema pode abrir tanto a nossa imaginação e nos fazer passear por outros universos? 

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