Diretor de 'Top Gun: Maverick' explica como fez cenas de combate aéreo

Em entrevista, Joseph Kosinski também falou sobre como foi filmar com Tom Cruise sobre sua fama de diretor do 'dad cinema', ou seja, filmes para pais

PUBLICIDADE

Por Julie Bloom
Atualização:

A mensagem no WhatsApp chegou em 10 de maio. Estava escrito “Recebi meu sinal de chamada”, assinado “Strike”. E nas semanas que se seguiram, que antecederam o lançamento de Top Gun: Maverick e depois que finalmente estreou, todas as mensagens do meu pai também foram assinadas como Strike.

Tom Cruise estrela sequência de 'Top Gun' que se passa 30 anos após os acontecimentos do primeiro filme. Foto: Scott Garfield / Paramount Pictures

PUBLICIDADE

Ele não estava sozinho em sua excitação. Este tem sido um verão de pais - e filhas e mães e irmãos e filhos - mas principalmente pais, que não se cansam do novo Top Gun, estrelado por Tom Cruise.

A clássica história de Hollywood de um piloto de caça afastado da Marinha que se aproxima da aposentadoria, trazido de volta para um voo final e uma chance de redenção, agora está chegando a US $ 700 milhões nas bilheterias. É o filme de maior bilheteria de Cruise de todos os tempos.

Mas o diretor, Joseph Kosinski, nunca imaginou que seria tão popular. Kosinski, cujos créditos incluem Tron: O Legado (2010) e Spiderhead no início deste ano, trabalhou principalmente em filmes com muitos efeitos especiais e em projetos menores. Ainda assim, ele adorou o Top Gun de 1986, e era um pouco do espírito sépia daquele filme que ele queria capturar na sua sequência.

De sua casa em Santa Monica, na Califórnia, ele falou por vídeo sobre como tem sido estar por trás do maior filme de 2022. Esses são trechos editados da nossa conversa.

Publicidade

Eu vi 'Top Gun: Maverick' várias vezes. E eu não sou o único. Por que você acha que o filme fez tanto sucesso neste verão?

Eu tive a experiência de ver o primeiro que assisti aos 12 anos na parte de trás da minha cabeça. Eu estava tentando criar aquela grande experiência cinematográfica de verão e um filme que tinha que ser visto na tela grande.

Eu também queria capturar a experiência de como é estar em um desses aviões. Acho que as pessoas que estão acostumadas a filmes em que o espetáculo vem de imagens geradas por computador - eu fiz esses filmes - [queriam] ver e sentir algo real em um filme. Muitas pessoas vêm até mim e dizem: “Eu fiquei me segurando na borda do meu assento nos últimos 40 minutos”.

Mais importante do que isso, quando perguntei às pessoas por que você foi três vezes, pessoas como você, não é de voar que elas falam. Dizem que voltaram pela experiência emocional. Acho que é porque os temas do filme são muito universais. É família, amizade, sacrifício, arrependimento, mortalidade, coisas com as quais todos lidamos.

Tom Cruise interpretanovamente o pilotoPete 'Maverick'Mitchell em 'Top Gun: Maverick'. Foto: Paramount Pictures

Você pode falar um pouco mais sobre as cenas de voo?

Publicidade

É muito complicado porque é como um xadrez tridimensional. Antes do meu encontro com Tom, vi online que alguns pilotos da Marinha estavam colocando no YouTube esses vídeos onde filmavam seus exercícios de treinamento colocando uma pequena GoPro na parte superior ao lado deles.

E então havia esse tipo de ângulo desajustado que estava capturando o voo de treinamento deles, e quando eu vi isso, pensei, isso é mais interessante do que qualquer sequência aérea que eu vejo em filmes há muito tempo. Então, [eu queria] pegar a coreografia do combate aéreo e fazê-la em um avião de dois lugares para que Tom pudesse estar na parte de trás e o piloto [real] pudesse estar na frente e [um verdadeiro] piloto Top Gun está vestindo a mesma coisa que Tom.

Então, eu posso filmar Tom com essas câmeras, e vai parecer que Tom está pilotando. Essa foi a inspiração. Depois fomos para o Top Gun e trabalhamos com os melhores pilotos do mundo pilotando essas sequências para nós.

O que você amou no original e o que você queria fazer diferente neste?

Tony Scott criou esse mundo na tela que era como um mundo de fantasia. É sempre um momento mágico. E ele tem um caso com sua professora, certo? É um pouco de uma fantasia de menino. Há uma atemporalidade em Top Gun, e eu queria que este filme também fosse assim: é uma história contemporânea, mas há muito pouco que realmente a define em 2022. Se você olhar de perto, o único tipo de dispositivo moderno é o celular de Mav, que nem é tão moderno. Todo o resto, desde seu avião até o carro de [sua namorada] Penny, vem de diferentes épocas.

Publicidade

Todos os dias tentamos descobrir como filmar a cena que precisávamos filmar às 17h30 para obter essa luz. Eu cresci em Marshalltown, Iowa, e talvez seja por isso que eu era, espero, o cara certo para fazer isso: eu estava ali como uma pessoa que não cresceu na Califórnia e conseguiu recriar a versão perfeita disso.

Como foi trabalhar com Tom Cruise e Val Kilmer?

Este é o meu segundo filme com Tom [depois de Oblivion, de 2013], então eu sabia um pouco como seria, e é tudo o que você ouve. Ele é totalmente comprometido com o projeto, em todos os aspectos dele e inspirador de assistir. Val Kilmer é alguém que sempre admirei, e poder trazê-lo de volta em um de seus papéis mais icônicos e a cena com ele e Tom foi uma daquelas experiências que nunca esquecerei. Apenas dois caras no topo interpretando uma cena que eu acho muito genuína.

Eu sei que é vago, mas quem deveria ser o inimigo em 'Top Gun'?

Tivemos essa ótima orientação desde o primeiro filme - é esse cara mau sem rosto e sem nome, o que é perfeito porque, novamente, não queríamos fazer um filme sobre política. Você não pode realmente conectá-lo a nenhum inimigo do mundo real. Os pilotos espelhados e mascarados também contribuem para essa sensação de estar um pouco em uma realidade alternativa. Esse foi um exercício divertido como diretor, criar um inimigo não rastreável.

Publicidade

Como você se sente ao ser chamado do salvador do Dad Cinema?

Sendo um pai com três filhos, considero isso um elogio. Fiz um filme sobre bombeiros [Only the Brave], que também é conhecido por levar homens adultos às lágrimas. Vou usar esse distintivo com orgulho. Ver crianças pequenas tendo uma ótima experiência, mas também ter uma experiência com seu pai e seu avô ou avó, isso, para mim, é a coisa mais gratificante.

Você também teve um sucesso neste verão com 'Spiderhead' da Netflix. Como foi estrear esses dois filmes ao mesmo tempo?

Foram cinco anos de trabalho compactados em dois filmes lançados com três semanas de intervalo. Isso foi único e nunca mais vai acontecer, espero. “Spiderhead” foi um tom completamente diferente, filmado no meio da pandemia - uma peça de teatro de três personagens muito introspectiva. Então, do ponto de vista criativo, foi uma experiência maravilhosa poder fazer esses dois filmes. Mas sim, do ponto de vista do lançamento, foi muita coisa. / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.