Diretores de videoclipes dominam Hollywood

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Por Agencia Estado
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Hollywood olha cada vez mais para o mercado de videoclipes para arrebanhar novos talentos. O que nos últimos tempos eram histórias isoladas de sucesso (com David Fincher e Spike Jonze liderando o grupo nos anos 90), hoje representa uma prática comum na indústria. A experiência com clipes em geral impulsiona a criatividade e principalmente a capacidade de adaptação a orçamentos variados. Trabalhar com nomes famosos do pop tem sido também uma plataforma eficiente para diretores negros e não-americanos que querem seguir carreira no cinema. A experiência na direção de comerciais (onde os orçamentos são mais altos) continua sendo vista como uma credencial importante em Hollywood, mas a visibilidade dos clipes, em certos casos, é mais eficiente. Muitos estúdios vêm considerando as vantagens da experiência na indústria da música. Para Maria Soares, diretora de produção de vídeos da gravadora Elektra, o trabalho com vídeos é "uma escola de criatividade". "O diretor tem muito mais liberdade do que em um comercial, onde há um produto e uma agência por trás, com todas as regras que envolvem uma campanha", diz ela. Para o diretor F.Gary Gray, que virou estrela dos clipes com Waterfalls, do TLC, nos anos 90, e agora lança o thriller The Italian Job, com Mark Wahlberg, a experiência na música é válida principalmente em termos técnicos. "Dirigir clipes é ótimo porque as gravadoras pagam para você aprender, mas o foco é totalmente diferente." Para ele, o grande problema, no entanto, é a dificuldade para se desenvolver personagens. "Isso você só aprende quando vai trabalhar em um filme." Soares concorda com Gray: "A narrativa você só aprende quando dirige curtas ou longas." Mas um fator importante apontado por ela é que os diretores de clipes aprendem, sim, a lidar com alternativas. "Com a atual crise econômica, os orçamentos estão sofrendo cortes, mas o patamar de qualidade para videoclipes já está estabelecido", diz ela. "Então os diretores têm de se virar procurando alternativas técnicas e criativas para viabilizar o projeto. Muitas vezes em Hollywood a criatividade está diretamente ligada ao tamanho do orçamento e um diretor que vem da música consegue realizar idéias sem gastar uma fortuna." Além da motivação financeira, a indústria do cinema procura diretores variados de clipes por diferentes motivos. David Fincher (Seven e Quarto do Pânico) e Mark Romanek (One Hour Photo), por exemplo, foram absorvidos por Hollywood (posteriormente, até criticados) por terem definido uma estética moderna, inspirada pela fotografia de moda e pelo mundo das artes. Já McG (As Panteras) e Brett Ratner (Hora do Rush e Dragão Vermelho) são os nomes associados a thrillers recheados de ação e produção complexa. Há também o grupo dos inovadores (que propõem tanto estética quanto narrativas diferenciadas), em que Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich e Adaptação) é o líder. Fazem parte também o sueco Jonas Akerlund (que estreou bem no início do ano com Spun) e o francês Michel Gondry (do sombrio Human Nature). Para os profissionais que conseguiram penetrar na indústria do cinema, o mercado de clipes, em geral, se mantém como a ocasional fonte de inspiração (enquanto os comerciais representam uma fonte de renda muito maior). Gray diz que adora dirigir vídeos "nas horas vagas". "É quando a gente se diverte e consegue testar traquitanas novas." Soares completa lembrando que, na indústria da música, o diretor pode experimentar com cores, figurino, linguagem e montagem. "O mercado musical é muito mais aberto para novidades e aventuras do que o comercial."

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