Henrique (Rafael Infante) é daqueles apaixonados que sofrem de verdade. Mesmo um ano depois da separação de Gabriela (Manu Gavassi), ele não consegue superar o término. Está tão devastado que não é capaz de se animar com mais nada, nem ninguém. Ele decide tirar a própria vida, mas não tem coragem. É aí que ele contrata uma empresa de assassinos de aluguel pra fazer o que não consegue.
Essa é a história de Não Tem Volta, nova comédia do diretor César Rodrigues (Minha Mãe é uma Peça 2) em cartaz nos cinemas. Mistura de comédia, ação e romance, a produção fala sobre temas densos, mas sem se levar a sério demais.
“Existe uma preocupação de ser um tema muito forte. Mas não foi abordado dessa maneira. Tem um tom cômico: é uma situação absurda contratar uma empresa para te matar. Colocar esse tom logo de cara faz você pensar e desculpar isso. Não é uma decisão séria. Ele está mal!”, explica Manu Gavassi, ao Estadão, sobre a história de Não Tem Volta. “Entra em um modo de comédia. Pensar [na saúde mental] é um lucro. Acho que quase todo mundo já pensou em desistir de um relacionamento, de uma carreira. Acho que é mais sobre isso.”
Sem caixinha
Para além do tema, o longa-metragem chama a atenção justamente por ser essa mistura de gêneros: há o romance entre os personagens de Henrique e Gabriela; o drama da separação, bem no comecinho da história, em que Henrique não sabe lidar com a perda; a comédia de absurdos que vive o protagonista; e a ação, que nasce quase como um Sr. e Sra. Smith, com o personagem de Infante precisando escapar dessa tal empresa.
“A comédia é uma boa maneira de falar sobre temas densos, mas a vida não é só um gênero. O filme é feliz nisso”, diz Rafael ao Estadão.
Manu conta que, mesmo tendo identificado esses passeios entre gêneros já em sua primeira leitura de roteiro, ela se surpreendia durante as gravações com mudanças de tom na hora do “ação!”. “A gente ia gravar uma cena achando que ia morrer de rir e, quando a gente percebia, estava chorando um monte”, explica.
Além de o filme não se colocar em caixinhas, Manu também tem escapado dos rótulos que a vida lhe dá. Ainda que seja muito lembrada por ser cantora e compositora, a ex-BBB continua a diversificar a carreira – inclusive entrando em projetos como este, no cinema. “Por muito tempo, achei que tinha que seguir uma categoria”, afirma Gavassi.
Ela diz que já soltou as amarras – assim como aconteceu com Não Tem Volta. “Gosto de fazer coisas diferentes: de compor, cantar, contar histórias através da música, que foi o primeiro contato direto que tive com essa profissão”, diz.
“Sigo nisso e sou muito feliz, mas queria me desafiar em diversas outras coisas. Você é visto em uma caixinha e chamado só para aquilo. Agora as coisas estão ficando mais fáceis. Antes era muito fechado e você era incentivado a fazer só uma coisa. Eu sentia a pressão de que eu tinha que escolher. Mas eu gosto de circular entre ambientes, criar, fazer roteiros em projetos futuros. Fiz as pazes com minha falta de foco.”
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