Besouro Azul é um filme de herói para os latinos. E a nova produção da DC foi atrás de um elenco com raízes na América Latina para incorporar as personagens. Como destaques, o protagonista Xolo Maridueña e a brasileira Bruna Marquezine na primeira investida internacional da carreira, que estreia nesta quinta-feira, 17 de agosto.
Você talvez se lembre de Xolo da série Cobra Kai, da Netflix. De lutador de artes marciais, ele passa agora a super-herói. Com um multitecnológico traje alienígena, a personagem dele, o filho de mexicanos Jaime Reyes, vira o Besouro Azul - ou Blue Beetle no original em inglês.
Desenlace completamente inesperado para o jovem que vive com a família nos Estados Unidos e estava apenas atrás de um emprego. Isso até Jenny Kord (Bruna Marquezine) lhe entregar na mão um misterioso Escaravelho.
Mistério aliás que rodeia bastante a personagem de Bruna - que não existe nos quadrinhos. Em entrevista ao Entertainment Tonight em abril, a atriz parecia bastante nervosa e chegou a dizer estar aterrorizada com o risco de deixar escapar algum spoiler.
A entrevista ao veículo americano é das poucas peças de divulgação do longa da DC e Warner, visto que, assim que a equipe começou a jornada de marketing do filme, foi convocada a greve de atores de Hollywood.
Bruna aderiu ao movimento e se manifestou nas redes sociais em 14 de julho. “Estarei sempre ao lado de iniciativas que lutem pelo progresso da comunidade artística, seja no meu país ou no exterior”, escreveu no Instagram.
Por esse motivo, o elenco não concedeu mais entrevistas. Mas o Estadão teve acesso a um material produzido pela Warner com Xolo. Na conversa, cedida com exclusividade no Brasil, o ator fala da importância da família dentro e fora do set, comenta sobre a personagem de Bruna Marquezine e elogia Susan Sarandon.
Qual o papel da família de Jaime Reyes nesse filme?
Posso atestar que a família está entrelaçada em praticamente todas as partes da minha vida, para o bem e para o mal - mas principalmente para o bem. O relacionamento de Jaime com sua família é muito importante. Durante todo o filme, ele tem uma sensação de dúvida, um pouco de síndrome do impostor, pois está pensando: “Por que eu? Por que isso está acontecendo comigo?”. E sua família lhe transmite muita confiança. Eles o ajudam a ter sucesso.
Se há algo a ser dito sobre a família Reyes, é que eles são muito fortes e poderosos, de Nana a Rocio e Milagro - todos. O pai de Jaime, Alberto, desempenha um papel muito importante na história, e a mãe, Rocia, é a força da família. E eles também estão arrasando nesse filme ao lado de Jaime! Ele realmente nunca está sozinho nessa jornada.
E como é esse senso de confiança e empoderamento que ele recebe da família ao longo da história?
Todos eles se unem como um quebra-cabeça perfeito, cada um com uma peça necessária, todos dizendo: “Vamos todos trazer aquilo em que somos bons, tanto nossos pontos fortes quanto nossos pontos fracos, e juntos vamos nos fortalecer e apoiar o Jaime durante esse processo”. E isso - essa família comum e cotidiana se unindo - é algo que acho que você não verá em nenhum outro filme de super-heróis. E eu sou um grande fã de todos esses filmes. Mas este realmente vai explorar esse sentimento familiar insubstituível, e você vai olhar para a tela e ver os pais, Jaime, Milagro e todos, e vai dizer: “Eu sei o que é esse tipo de amor e como é esse relacionamento”.
E espero que isso faça com que muitas pessoas percebam que, como Jaime, não há problema em não fazer isso sozinho, certo? Quero dizer, se há algo a aprender sobre as famílias latinas, é que você pode ter 20, 30, 40 anos, o que for, e sempre terá seu quarto em casa. Você pode sair de casa ou seguir em frente, mas nunca vai embora de verdade.
Ainda falando em família, você pode contar o momento em que soube que tinha conseguido o papel?
Sim! Eu estava jantando com Angel, o diretor, Gareth, o roteirista, os produtores, nossos produtores executivos Walt [Hamada] e Galen [Vaisman]. Estávamos conversando sobre se eu gosto de bife - enquanto estávamos em uma churrascaria - e Ángel, que gosta de pensar que é o cara mais sutil em situações como essa, [risos] levantou-se e disse: “Você quer ser o Besouro Azul?”. Eu comecei a chorar e disse que sim, e depois falei: “Tenho que ligar para minha mãe”. E eles disseram: “Você vai ligar para ela na mesa de jantar para que saibamos que você não contou para mais ninguém!”.
Então ligamos para minha mãe e lembro que Angel disse a ela: “Sabe, sempre foi o Xolo em minha mente”. E minha mãe disse: “Claro que foi, ele é o cara certo para o papel!” Então, obrigado por isso, mãe. Ela é minha heroína. E foi assim que aconteceu. E então eles disseram: “Vá para a academia, flaquito!” Porque há alguns pré-requisitos para interpretar um super-herói.
Você tem ótimos colegas de elenco nesse filme, incluindo a lenda do cinema Susan Sarandon, a lenda da comédia George Lopez...
Susan Sarandon é definitivamente uma lenda. Ela interpreta Victoria Kord, bilionária magnata da tecnologia que está de olho no prêmio - o que é isso, não descobrimos logo de cara, mas é sinistro. Susan é uma atriz incrível. Por mais que você queira vilanizar Victoria Kord durante todo o filme, ela também é muito charmosa na maneira como consegue o que quer. Ela é uma excelente manipuladora e superinteligente, mas as intenções não estão alinhadas com as de Jaime - ou de qualquer pessoa que não esteja tentando dominar o mundo.
Incluindo a sobrinha dela, Jenny Kord (interpretada por Bruna Marquezine) - elas não se dão bem, não é?
Acho que não há amor como o amor de seus pais e, para a personagem Jenny, há um anseio por essa figura na vida, por ambos os pais no caso dela, e isso é muito evidente. E ela não vê as coisas da mesma forma que Victoria. Mas, por outro lado, embora o pai, Ted Kord, esteja ausente, ela ainda o sente muito presente por causa de todas as criações, e você ainda vê muito dele por causa de tudo o que ele deixou para Jenny.
Ted Kord era um inventor fantástico, mas o que ele não criou foi o traje do Besouro Azul, que surge da fusão de Jaime com Khaji-Da. Conte sobre seu traje do Besouro Azul no filme.
O traje é, sem dúvida, o mais legal que já vi na minha vida. Mesmo que nunca tenhamos entrado em contato com alienígenas antes, por algum motivo você olha para ele e pensa: é assim que ele seria. É muito ‘daora’, e eu o amo com o capacete e sem o capacete. Adoro quando tiramos a mochila e as pernas de inseto parecidas com tentáculos na lateral ficam penduradas. Parece um pouco perturbador, mas eu também gosto disso!
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