Uma história ambiciosa, com orçamento equivalente a R$ 615 milhões e imaginado por Francis Ford Coppola há quatro décadas. Foi com essa descrição que Megalopolis, novo longa do diretor de O Poderoso Chefão, estreou na última quinta, 16, no Festival de Cannes. Apesar disso, a crítica se dividiu sobre a produção.
O crítico de cinema do jornal britânico The Guardian, Peter Bradshaw, o considerou “megachato”. Já Tim Grierson, da revista britânica Screen Daily, chamou Megalopolis de um “desastre”. Por outro lado, a publicação americana Deadline o classificou como uma “obra-prima moderna que reinventa as possibilidades do cinema”.
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Apresentado como um filme de ficção científica de 2 horas e 18 minutos, projetado em tela IMAX, Megalopolis narra a história de um ambicioso arquiteto, interpretado por Adam Driver, enfrentando o prefeito (Giancarlo Esposito) de uma cidade grande e distópica.
Megalopolis está na disputa com mais 21 filmes. A primeira Palma de Ouro de Coppola veio em 1974, com A conversação. Em 1979, venceu novamente com Apocalypse Now.
Embora pai de clássicos, o cineasta vendeu a própria vinícola na Califórnia para bancar a nova produção. Nos bastidores, o estilo fora do convencional de Coppola também salientou a tensão entre novas e velhas gerações em Hollywood.
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Acusações nos bastidores
Ao The Guardian, um membro da equipe afirmou que uma única cena com Adam Driver preso a uma cadeira levou seis horas para ser filmada. “Ele perdeu metade de uma diária de filmagem para algo que poderia ser feito em 10 minutos de maneira digital”, se queixou uma fonte anônima ao jornal.
A reportagem traz acusações mais sérias. Coppola foi acusado de tentar beijar figurantes. O produtor-executivo, Darren Demetre, defendeu que “nunca recebeu queixas sobre assédio ou comportamento problemático” durante o projeto. Segundo Demetre, foram só beijos e abraços para “inspirar” uma cena ambientada em uma boate.
O assunto, porém, não ofuscou a chegada de Coppola a Cannes pelo tapete vermelho. Com a trilha de O Poderoso Chefão, desfilou acompanhado da neta, filha da também cineasta Sofia Coppola. Ao lado deles, subiram as escadas de Cannes as estrelas do longa, como Jon Voight, Shia Labeouf, Laurence Fishburne e Aubrey Plaza.
O filme é dedicado à esposa Eleanor Coppola, que morreu em abril aos 87 anos de idade após seis décadas de parceria - e o próprio diretor considera que Megalopolis seja seu último trabalho.
“Acho admirável que este homem de 85 anos se comporte como um cineasta independente, como um artista que quer vir mostrar o seu trabalho. Cannes é importante para ele e ele é importante para Cannes”, destacou Thierry Frémaux, diretor-geral do Festival.
Com chapéu de palha e bengala, o lendário diretor subiu as escadas em Cannes para a estreia. Embora a recepção dividida fora da sala, Megalopolis foi recebido com aplausos.
“Eu queria fazer um filme sobre como o ser humano expressa o divino”, afirmou Coppola. “Eu diria que é o filme mais ambicioso no qual trabalhei, mais do que Apocalypse Now”, completou. /Com agências internacionais.
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