Leandro Hassum fala sobre viver Silvio Santos em novo filme: ‘Me tirou da minha zona de conforto’

Ator, sempre lembrado por comédias como ‘Até que a Sorte nos Separe’ e ‘O Candidato Perfeito’, interpreta o apresentador em ‘Silvio Santos Vem Aí' e diz que novo filme ‘não é para tirar esqueletos do armário’

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Foto do author Matheus Mans

Foi em 2017 que Leandro Hassum ouviu, pela primeira vez, a ideia de que ele poderia interpretar Silvio Santos nos cinemas. “Fui convidado pelo Paulo Cursino”, conta ele, ao Estadão, citando o roteirista de inúmeros projetos do ator nas telonas. Hassum não topou de cara. Mesmo confiando em Cursino, sentiu que não era o nome ideal para o projeto, já que não se enxergava como o apresentador. “Dizia que não parecia com ele, que estava doido”, diz.

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Mas o tempo passou, o projeto não rolou de cara e Hassum foi maturando a ideia. Não só passou a se ver como alguém parecido fisicamente com Silvio, após ver uma foto do apresentador jovem, como também gostou do roteiro. “Gostei da abordagem: contar a trajetória do Silvio em um único domingo”, recorda. “Eu costumo dizer que este filme não é para ‘tirar os esqueletos do armário’. É uma homenagem ao maior comunicador do Brasil, talvez do mundo.”

Sete anos depois, o filme Silvio Santos Vem Aí finalmente está tomando forma. Hassum é o protagonista, Cursino é o roteirista e Cris D’Amato (S.O.S. Mulheres ao Mar) assume a direção. A previsão de estreia é para agosto de 2025.

Filme recria cenários dos programas de Silvio Santos Foto: Fernando Pastorelli

Em visita ao set, o Estadão acompanhou uma cena em que Silvio interage com a plateia, em um humor que é uma mistura bem azeitada entre o que era Silvio e o que é Hassum. Em certo momento, uma “colega de trabalho” reclama para o apresentador que está desempregada. Ele, de bate pronto, diz que algo pode “mudar em breve” no Brasil.

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É, afinal, aquele período conturbado em que Silvio decide se lançar como candidato à presidência do País, em 1989. Manu Gavassi, que também estava no set de filmagem, mas que não pôde conversar com a reportagem, interpreta a estrategista política de Silvio.

“Esse papel me tirou totalmente da minha zona de conforto”, diz Hassum, vestido como Silvio Santos, no camarim do set. “Eu amo minhas comédias e vou continuar fazendo, mas este projeto me desafiou de uma forma diferente. Não pude usar minhas ‘cartas na manga’, como as improvisações que estou acostumado. O foco aqui era respeitar a figura do Silvio”.

Comparações

Desde que o filme foi anunciado, as redes sociais foram tomadas de comentários sugerindo que estava sendo criado um “multiverso de Silvio Santos” após outros dois projetos audiovisuais sobre o apresentador, a série O Rei da TV e o malfadado Silvio, com Rodrigo Faro. Hassum, porém, afirma não estar incomodado, de forma alguma, com comparações.

“As comparações vão acontecer, é inevitável”, diz ele, no camarim, com a simpática vira-lata de estimação Belinha bem ali ao seu lado. “Vivemos em uma época em que todo mundo tem voz, o que é ótimo por um lado, mas também abre espaço para opiniões superficiais. Sei que muitos podem pensar que é uma ideia maluca colocar o Hassum como Silvio. No início, pensei o mesmo. Mas acredito que as pessoas vão se surpreender positivamente.”

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Leandro Hassum decidiu interpretar Silvio sem próteses Foto: Fernando Pastorelli

Além disso, para conseguir ir além do que já foi feito, Hassum explica que se preparou muito para o filme. Focou em assistir a entrevistas e momentos fora do palco, como a já histórica entrevista dele com Carlos Alberto de Nóbrega, onde Silvio diz que tem três personalidades: o que gosta de churrasquinho, o animador e o empresário. “Essa perspectiva me ajudou a construir meu Silvio, e o retorno tem sido emocionante. Durante as gravações, houve momentos em que as pessoas choraram na plateia”, conta Hassum.

Ele também segue um caminho diferente de outras interpretações, seguindo com a cara limpa e sem apostar, de fato, em uma imitação. “Minha única exigência ao aceitar o papel foi não usar próteses”, pontua. “Queria trazer a energia do Silvio, e não apenas uma caricatura. Nunca fui de imitar o Silvio, mas estudei muito para incorporar os trejeitos, como o movimento das mãos, sem cair na caricatura. O Silvio, ao longo do tempo, tornou-se uma persona constante, quase um personagem de si mesmo, e eu quis resgatar o homem por trás disso.”

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