Você pode não reconhecer o nome, mas com certeza já ouviu Michael Giacchino. Ele é o compositor de trilhas sonoras da série Lost, de diversas produções da Pixar (Up – Altas Aventuras, pelo qual levou o Oscar, Ratatouille, Os Incríveis, Viva – A Vida é uma Festa), Planeta dos Macacos, The Batman, os mais recentes Star Treks, Rogue One: Uma História Star Wars, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa... E a lista continua.
Ele também é o compositor da trilha de Lobisomem na Noite, especial de Halloween que está no ar a partir de hoje no Disney+. Mas não só. O filme marca oficialmente sua estreia como diretor de longas-metragens. Não que Giacchino nunca tenha dirigido antes. “Na verdade, eu faço filmes desde os 9 anos de idade”, contou ele em entrevista ao Estadão, por videoconferência. “E durante minha carreira como compositor nos últimos 20 anos, eu continuei fazendo, para minha diversão. Apenas porque gosto de fazer. Faço com meus filhos, com meus amigos.”
Mas aí, Alex Kurtzman, o responsável por tudo relacionado ao universo Star Trek, convidou Giacchino para dirigir um curta da série Short Treks. E depois, o presidente do Estúdio Marvel, Kevin Feige, perguntou o que ele gostaria de dirigir, se pudesse dirigir alguma coisa – nada como ter amigos poderosos. O compositor não titubeou: Lobisomem na Noite, que apareceu em quadrinhos a partir da década de 1950. Feige ficou surpreso. “Eu amava as histórias quando era criança”, contou Giacchino. “Todo sábado, meu irmão e eu assistíamos religiosamente a filmes de monstros. Nós vivíamos para isso.”
Em Lobisomem na Noite, um grupo de caçadores de monstros, entre eles, Jack (Gael García Bernal), reúne-se para prestar homenagens a seu líder, Ulysses Bloodstone, agora morto. Os caçadores entram em uma competição para ver quem vai ficar com uma relíquia de Bloodstone, implantada em um monstro. Mas a filha de Ulysses, Elsa (Laura Donnelly), que nunca gostou das tradições da família, chega para tomar posse dela, enquanto um dos caçadores revela-se um lobisomem.
Homenagem aos clássicos do terror
Lobisomem na Noite faz uma homenagem às produções de terror dos anos 1930 e 1940, em que há sustos, tensão, mas também humor e coração. O diretor contou que gostava daqueles filmes por sua exploração da empatia, da humanidade. “Para mim, monstros não devem ser temidos, mas compreendidos. Monstros são apenas pessoas com um problema”, disse Giacchino. “Nós vivemos em um mundo em que as pessoas olham para algo e instantaneamente sentem ódio e querem sua destruição. Isso para mim é muito perigoso.”
Para dar conta dessas complexidades todas, ele só tinha um ator em mente: o mexicano Gael García Bernal, com quem tinha trabalhado em Viva – A Vida É uma Festa. No filme, Jack usa pinturas no rosto remetendo às suas origens mexicanas, lembrando as caveiras do Dia dos Mortos. “Isso era importante para mim, porque sempre olhamos para nossas famílias para orientação”, disse o diretor. “Sou de uma família de imigrantes de italianos, sempre penso no que meus ancestrais fariam no meu lugar. Eu queria que o Jack também tivesse uma conexão com sua família. Acho que é uma lição para todos nós: lembrar quem somos, de onde viemos e o que quem veio antes fez para você estar onde está hoje.”
Mas família não é só pai, mãe, tio. “É também quem você escolhe para estar a seu lado”, completou o diretor. “E nosso personagem escolhe sua família.”
Michael Giacchino espera poder continuar dirigindo filmes – e não só nas férias e nos fins de semana. Não que ele vá abandonar a música. “Eu amo, é uma arte linda”, disse. “Mas eu também amo dirigir e contar a história com a ajuda de atores e equipe. Estou muito feliz de ter tido essa chance.”
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