M. Night Shyamalan está na cidade. Chegou na segunda e participou no início da tarde desta terça, 21, de uma coletiva de imprensa no Shopping JK Iguatemi, onde houve uma sessão especial de seu novo longa. Split/Fragmentado estreia na quinta em cerca de 600 salas. Daqui a pouco, terá pré-estreia para convidados. Nos EUA, o filme entrou muito bem. Há tempos nenhum filme do diretor de O Sexto Sentido e Corpo Fechado era tão bem recebido pelo público e pela crítica.
Os cartazes anunciam – Kevin, o personagem de James McAvoy, tem 23 personalidades. A 24.ª está prestes a aparecer. É a mais terrível de todas. Kevin sequestrou três garotas, que mantém em cativeiro. “Esse filme começou a surgir quando conheci minha futura mulher, e ela estudava psicologia. Para ficar perto, a acompanhava em atividades acadêmicas. Descobri o universo das mentes múltiplas. Comecei a me interessar.” Foram anos de pesquisa, inclusive com a colaboração de especialistas. “Tudo o que o filme mostra, pelo menos até certo ponto, baseia-se em pesquisas acuradas. A mente humana consegue operar transformações no corpo que você nem acredita.”
O filme concentra-se em nove das 23 personas de Kevin. A mais terrível de todas... Olha o spoiler. Todo filme de Shyamalan carrega sempre a surpresa da revelação final, basta lembrar de O Sexto Sentido. Mentes divididas, revelações, sinais – tudo isso é verdade, e compõe o repertório autoral do cineasta, mas ele concorda. O mais importante de tudo é sempre a narração. Storytelling. “Você tem razão. Para quem trabalha com arte, com narrativa, é fundamental achar a forma de abordar os temas. Lidamos com histórias. A de Fragmentado não está terminada. Trabalho numa sequência, que gostaria de acreditar que farei para 2018.”
Criador de monstros, Shyamalan cria mais um, e assustador. Ele admite que seu cinema se alimenta de metáforas para compreender o mundo. Sinais, A Vila tratam dos medos da ‘América’ no pós 11 de Setembro. E Fragmentado? “É um filme sobre a diferença. Kevin é diferente, uma das garotas é diferente. O que nos é estranho muitas vezes mete medo. O filme trabalha com isso, não para banalizar nossos medos, mas para tentar iluminar nossa consciência das coisas.”
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