Na acirrada disputa, Ken Loach, de 86 anos, volta ao páreo com o que diz ser seu último longa. O inglês concorre com The Old Oak, sobre um bar que está para fechar as portas, abrigando em seu balcão uma série de beberrões que traduzem mazelas europeias. Já Nanni Moretti jura que veio para ganhar – ou se reinventar – com o musical Il Sol Dell’Avvenire. E Wim Wenders tem entrada dupla no festival deste ano. Fora de concurso, exibe o documentário Anselm (sobre o artista visual Anselm Kiefer) e, na mostra competitiva, com Perfect Days, rodado no Japão. Aliás, Hirokazu Kore-eda será um dos primeiros a concorrer, falando do processo educacional japonês em Monster.
Em seu primeiro dia, antes da projeção de Jeanne du Barr, estrelado e dirigido por Maïwenn, com Johnny Depp falando francês no papel de Luís XV, o ator e produtor Michael Douglas vai receber uma Palma de Ouro Honorária, pelo conjunto de seus sucessos.
”Enfrentei um câncer sem nunca arredar o pé das telas, tentando trabalhar sem jamais deixar minha família de lado, e com o exemplo de meu pai (o ator Kirk Douglas) para seguir em frente”, disse Douglas ao Estadão, em recente entrevista.
Quinta, 18, será o dia de a sessão de Indiana Jones e a Relíquia do Destino transformar o festival em um evento de Hollywood e assegurar a Cannes seu segundo tributo de 2023, agora a Harrison Ford, nos moldes do que se viu em 2019 com Sylvester Stallone e em 2022 com Tom Cruise.
O brasileiro Kleber Mendonça Filho leva documentário ao festival
Mas, antes, na quarta, o foco estará em Pedro Almodóvar e seus astros Pedro Pascal e Ethan Hawke, com a projeção do western Extraña Forma de Amar. É a segunda narrativa do espanhol em inglês, depois de A Voz Humana, com Tilda Swinton, que, como o faroeste, é um curta.
No mesmo dia de Indiana Jones o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho regressa à Croisette, quatro anos depois do Prêmio do Júri dado a Bacurau, para exibir o documentário Retratos Fantasmas. O longa pode dar a ele o troféu L’Oeil d’Or (a Palma dos documentários), mesmo fora da disputa oficial. É um estudo documental que parte de fotos, sobretudo de salas de cinema, para propor um ensaio sobre a memória. “Palácios de cinema em centros de cidades são comuns a muitos outros lugares do mundo”, diz Kleber. “Mas ocorre que sou pernambucano, recifense, e parti desse mote para mostrar uma geografia da minha cidade de um ponto de vista pessoal.”
Na sexta, 19, com a sessão Cannes Classics, o festival volta a discutir memória sob a ótica brasileira. Nesse dia, a produtora Ivelise Ferreira presta homenagem a seu companheiro de vida com a projeção de Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema, dirigido junto com a professora e cineasta Aída Marques. É uma carta de amor ao diretor de Vidas Secas (1963), com registros de entrevistas e imagens de set.
Este promete ser o festival dos festivais. Afinal, Martin Scorsese retorna à maratona midiática que lhe deu uma Palma de Ouro (em 1976, por Táxi Driver) com Assassinos da Lua das Flores, no qual narra a origem do FBI a partir de um massacre indígena. É um convite ao Oscar.
Os principais concorrentes
Club Zero
De Jessica Hausner
The Zone of Interest
De Jonathan Glazer
Fallen Leaves
De Aki Kaurismaki
Asteroid City
De Wes Anderson
Monster
De Hirokazu Kore-eda
Il Sol dell’Avvenire
De Nanni Moretti
L’Été Dernier
De Catherine Breillat
Kuru Otlar Üstüne
De Nuri Bilge
La Chimera
De Alice Rohrwacher
La Passion de Dodin Bouffant
De Tran Anh Hun
Rapito
De Marco Bellocchio
May December
De Todd Haynes
Jeunesse
De Wang Bing
The Old Oak
De Ken Loach
Perfect Days
De Wim Wenders
Firebrand
De Karim Aïnouz
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