Morre o ator Alain Delon, aos 88 anos: ‘Um monumento francês’

Protagonista de clássicos de diretores como Jean-Pierre Melville e Michelangelo Antonioni, Delon sofreu um AVC em 2019 e, desde então, enfrentava problemas de saúde; relembre seus principais filmes

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Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

Cultuado ator francês que estrelou uma série de clássicos entre os anos de 1960 e 1970, Alain Delon morreu na madrugada deste domingo, 18, aos 88 anos. A notícia foi confirmada por sua família em uma nota enviada à imprensa francesa. A causa da morte não foi informada. Segundo a AFP, o ator tinha linfoma.

Alain Delon participou de mais de 90 produções cinematográficas. Foto: CHRISTOPHE SIMON / AFP 

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Uma foto famosa de 1967 mostra a britânica Marianne Faithfull sentada em um sofá, aparentemente, em uma festa. Ao lado esquerdo dela está o cantor Mick Jagger, que na época era namorado da cantora, com os olhos voltados para baixo, as pernas cruzadas, uma postura tímida.

Do outro lado, está Alain Delon, no auge de sua beleza, a cabeça inclinada em direção a Marianne, um meio sorriso sedutor no rosto. A cantora está totalmente voltada para Delon, os olhos fixos em seu rosto, um largo sorriso.

A foto volta e meia circula nas redes sociais com a hilária legenda: “Quando você é o Mick Jagger, mas o outro cara é o Alain Delon”, dando a exata noção do tamanho do grande astro do cinema francês tantas vezes apontado como um dos homens mais belos do mundo.

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Em uma entrevista anos depois, Marianne garantiu que não estava flertando com Delon, mas admitiu que Jagger ficou bastante enciumado. E não era para menos. Afinal, o outro cara era o Alain Delon.

A atriz americana Shirley MacLaine acaricia a mão de Alain Delon no set do filme The Yellow Rolls-Royce Foto: Roy Boynton/AP

Delon participou de mais de 90 produções cinematográficas com cineastas como Louis Malle, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Melville, Luchino Visconti, René Clément e Jacques Deray. Desde 2019, quando teve um acidente vascular cerebral (AVC), ele sofria de problemas de saúde. Em 2022, chegou a anunciar que pretendia se submeter a um suicídio assistido na Suíça, onde a prática é permitida.

“Alain Fabien, Anouchka, Anthony e (seu cão) Loubo lamentam profundamente o falecimento de seu pai. Ele morreu tranquilamente em sua casa em Douchy, rodeado por seus três filhos. A família pede que respeitem sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso”, informou a nota divulgada pela família de Delon na manhã deste domingo.

O presidente francês Emmanuel Macron lamentou a morte do ator, afirmando, em postagem na rede social X (antigo Twitter) que Delon “encarnou papéis lendários e fez o mundo sonhar”. E ainda: “Melancólico, popular, secreto, foi mais que uma estrela: um monumento francês”.

Alain Fabien Maurice Marcel Delon nasceu em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, nos arredores de Paris. Durante a infância, passou por diversos orfanatos e lares provisórios. Em 1953 se alistou como fuzileiro naval na Marinha francesa e chegou a participar de combates na guerra colonial do Vietnã, mas acabou sendo dispensado em 1956, em meio a uma suspeita de roubo.

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Depois de uma série de trabalhos temporários, Delon iniciou a carreira de ator em 1957, com uma pequena participação no filme “Uma tal condessa”, de Yves Allegret. Apontado como um dos homens mais bonitos do mundo, ele acabou se tornando um dos maiores astros do cinema europeu entre os anos de 1960 e 1970, estrelando grandes clássicos do cinema como “O sol por testemunha” (1959), “Rocco e seus irmãos (1960), “O leopardo” (1963), “O samurai” (1967), “A piscina” (1969) e “Cidadão Klein” (1976).

Em 1997, Delon anunciou sua aposentadoria das telas, mas acabou retornando em 2008 para assumir o papel do imperador romano Júlio César no filme “Asterix nos Jogos Olímpicos”. Sua última aparição pública foi em maio de 2019 ao receber a Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes.

Mas ele também esteve no centro de muitas polêmicas. Ele já foi acusado de bater em duas de suas esposas e de assédio sexual de colegas do cinema. Também foi alvo de críticas ao apoiar publicamente o líder do partido de extrema direita Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, que defendia a pena de morte e era contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Da esquerda para a direita, o filho de Sophia Loren, Edoardo Ponti, a atriz italiana Sophia Loren, o Ministro da Cultura da França, Jack Lang, e o ator francês Alain Delon posam durante a cerimônia de abertura da 42ª edição do Festival de Cinema de Cannes, sul da França, em 11 de maio de 1989.  Foto: -/-

O ator teve dois filhos e uma filha – de duas mulheres diferentes – e ainda um quarto filho que ele nunca reconheceu e já morreu. Os filhos vem se digladiando via imprensa francesa, em uma disputa pela herança do pai, desde que ele sofreu o AVC, em 2019. Conseguiram ter o controle da herança e afastar Hiromi Rollin, que era cuidadora de Delon e acabou se tornando sua companheira. A família a acusava de tentar explorar o ator.

Em 2022, Alain Delon anunciou em suas redes sociais o que parecia ser uma despedida: “Minha vida foi muito bonita, mas também muito difícil. Nunca gostei de envelhecer, todas as dores e provações que tenho que enfrentar cotidianamente me deixam imóvel diante de tudo”. O ator já havia manifestado várias vezes a intenção de se submeter a um suicídio assistido na Suíça, onde a prática é permitida.

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Na ocasião, um dos filhos do ator, Anthony, disse a jornalistas que o pai havia lhe pedido para ajudá-lo a realizar o procedimento. Algumas semanas depois, o filho mais novo negou que o ator tivesse essa intenção. Em post publicado em sua conta no Instagram, Alain Fabien Delon pediu que deixassem seu pai “viver em paz” e ameaçou levar o caso aos tribunais caso a imprensa continue a abordar o assunto.

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