Houve momentos de ansiedade, desânimo, em que a crise geral que assola o País respingava na Mostra e levantava dúvidas quanto à 42.ª edição do evento, que começa dia 17 (e vai até 31). Sai? Será uma edição reduzida? Passou. O bloco da Mostra está na rua e do jeito que o público gosta. Centenas de filmes, e entre eles estarão os vencedores dos principais festivais de cinema do mundo. Cannes, Veneza, Berlim, Locarno. Na entrevista que deu ontem ao Estado, o ucraniano Sergei Loznitsa – que está sendo homenageado com uma retrospectiva pelo IMS, Instituto Moreira Salles –, disse que o melhor filme que viu nos últimos tempos, nos últimos anos, é Roma, de Alfonso Cuarón, que venceu o Leão de Ouro. Está na Mostra.
Assunto de Família, de Hirokazu Kore-eda, que venceu a Palma de Ouro? Também está na Mostra. E Uma Terra Imaginada, de Siew HuaYeo, de Cingapura, que venceu o Leopardo de Ouro, e Não Me Toque, de Adina Pintilie, da Romênia, recompensado com o Urso de Ouro? Todos na Mostra. O novo Lars Von Trier, A Casa Que Jack Construiu, não só é uma das atrações confirmadas como a Mostra vai exibir versões restauradas de outros três filmes do polêmico autor dinamarquês – Ondas do Destino, Europa e Elemento de Um Crime. Amigo da Mostra, Amos Gitai desta vez não poderá vir, mas está enviando seus novos filmes, o documentário Um Trem para Jerusalém e a ficção Uma Carta para Um Amigo em Gaza. Envia até um terceiro título, o média A Casa, de 1980, para uma exibição especial.
Brasileiros? A 42.ª Mostra vai exibir cerca de 70 produções nacionais, incluídas nas seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. Pela segunda vez o Prêmio Petrobrás de Cinema vai contemplar dois longas brasileiros – R$ 200 mil para a melhor ficção; R$ 100 mil para o melhor documentário – e pela primeira vez eles serão escolhidos pelo público. Entre os nacionais inéditos no País estão Rasga Coração, de Jorge Furtado, O Olho e a Faca, de Paulo Sacramento, Relatos do Front, de Renato Martins, Sequestro Relâmpago, de Tata Amaral, Deslembro, de Flávia Castro, e Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher. A Mostra comemora os 20 anos de Central do Brasil, o clássico de Walter Salles, exibindo a versão restaurada do filme em presença do diretor e dos atores principais – Fernanda Montenegro e Vinicius de Oliveira.
Pixote, a Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco, também terá sessão especial, e a versão restaurada será precedida pelo curta Conversa com Ele, dirigido por Bárbara Paz e que documenta um encontro de Babenco com Drauzio Varella. Dr. Drauzio será um dos homenageados com o Prêmio Humanidade. O outro é o mestre japonês Kore-eda. O Prêmio Leon Cakoff, que leva o nome do criador do evento, será outorgado ao iraniano Jafar Panahi, que naturalmente não virá recebê-lo, por estar confinado em seu país. Mas a Mostra apresenta Três Faces, o melhor Panahi dessa fase – senão o melhor filme de toda a sua carreira. A 42.ª Mostra ocorrerá em 31 salas de 23 locais de exibição. A Central de Vendas e Informações funcionará, como sempre, no Conjunto Nacional, a partir de segunda, 8 (informações), e 12 (vendas).
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