THE NEW YORK TIMES - Com o novo filme de Ridley Scott, Napoleão, estrelado por Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby, chegando aos cinemas esta semana, o general Bonaparte está tendo um momento cultural. Mais um.
No que diz respeito às figuras históricas, Napoleão mantém uma onipresença 200 anos após sua morte que excede em muito a de contemporâneos influentes como James Madison, o Imperador Kokaku ou o Czar Alexandre I. Isso se deve, em parte, à importância histórica e aos feitos militares dele. Mas talvez seja também por causa daquele chapéu. (Um deles acabou de ser vendido por R$ 10,3 milhões).
Aqui estão mais 10 maneiras de mergulhar em Napoleão antes, depois ou ao invés de ver o filme.
1. Leia uma biografia
Napoleão tem fascinado os biógrafos há dois séculos. Napoleon: A Life (2014), de Andrew Roberts, é um olhar abrangente sobre a ascensão e a queda de um homem que foi da Córsega ao Palácio de Versalhes e (quase) dominou toda a Europa.
No The New York Times Book Review, Duncan Kelly o chamou de “épico” e disse: “Roberts transmite brilhantemente a energia e a presença de Napoleão, o turbilhão organizacional e militar”. Com mais de 900 páginas, é certo que você levará mais tempo para ler do que para assistir ao filme de 157 minutos.
2. Ouça um podcast
Em Noble Blood (’Sangue nobre’, em tradução livre), a apresentadora Dana Schwartz dá uma olhada mais de perto na realeza de todos os tipos. Um episódio, Dumas and Napoleon, revela uma ligação inesperada com Thomas-Alexandre Dumas (pai do autor de “Os Três Mosqueteiros”, Alexandre), um general crioulo que serviu sob o comando de Napoleão, mas também entrou em conflito com ele.
3. Vá a um museu (se você tem grana ou está na Europa)
O Musée de l’Armée em Les Invalides, em Paris, tem sala após sala de estandartes, uniformes e memorabilia napoleônicos, o suficiente para sobrecarregar o fã mais fervoroso.
De forma um pouco mais macabra, você pode ver a cama na qual Napoleão morreu no exílio na ilha de Santa Helena. Além disso, há o cavalo, Vizir, e o cachorro dele, ambos empalhados e em exposição.
Depois disso, vá até o túmulo de Napoleão sob o Dôme des Invalides.
4. Veja uma pintura
Como você já está em Paris para ver o cavalo, passe no Louvre para ver uma das obras-primas de Jacques-Louis David: A coroação de Napoleão (1807).
Com uma dimensão gigantesca de 10 por 6 metros e repleta de personagens históricos, a pintura retrata o momento em 1804 quando Napoleão, na presença do Papa, coroou-se imperador em Notre Dame.
5. Leia um romance
Na obra-prima de Leon Tolstoi, Guerra e Paz, Napoleão não só preocupa as mentes dos personagens russos enquanto sua Grande Armée avança sobre Moscou, mas também aparece como um personagem importante. Longe de ser uma figura comum, ele é uma pessoa totalmente realizada no romance, demonstrando egoísmo, raiva e gosto por rapé.
Não se deixe enganar pelo fato de que, quando foi lançado em 1886, o Times o criticou.
Se o famoso livro grosso for demais, há várias versões cinematográficas. Herbert Lom interpreta Napoleão em um filme de Hollywood de 1956, estrelado por Audrey Hepburn e Henry Fonda. E Sergei Prokofiev escreveu uma ópera que foi vista pela última vez no Met em 2008, mas está amplamente disponível em serviços de streaming.
A grande influência de Napoleão na própria época significa que ele paira sobre muitos outros romances, incluindo Feira das Vaidades, de William Thackeray, e O Vermelho e o Negro, de Stendhal. E não é coincidência o fato de o porco que se torna ditador em A revolução dos bichos, de George Orwell, chamar-se Napoleão.
6. Assista a um filme mudo
Há muitos outros filmes baseados na vida de Napoleão, mas um dos clássicos foi feito 10 anos antes do nascimento de Ridley Scott. Sobre o próprio épico mudo de 1927, Napoleão, o diretor Abel Gance se gabou: “Fiz um esforço tangível em direção a uma forma de cinema um pouco mais rica e elevada”.
O filme tem inovações de sobra: A formatação em widescreen, a edição rápida e o trabalho de câmera manual deram grandes passos à frente com o lançamento. Ele pode ser encontrado para ser assistido em casa, mas também aparece de vez em quando em cinemas retrô.
7. Ria
Napoleão, com os maneirismos característicos (e geralmente a-históricos) dele, aparece como personagem coadjuvante ou piada fácil em uma grande variedade de filmes. Marlon Brando o interpreta em Désirée, o Amor de Napoleão (1954) e Rod Steiger em Waterloo (1970).
Aparição dele na comédia de viagem no tempo Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica (1989) é bem mais leve: O Napoleão de Terry Camilleri, recolhido de um campo de batalha e jogado no sul da Califórnia dos anos 1980, joga boliche, toma sorvete e se diverte em um toboágua em um parque chamado (o que mais?) Waterloo.
8. Jogue um jogo
Os aficionados por história podem remodelar o mundo no jogo de computador de longa duração Civilization. (“Talvez não exista uma franquia de jogos que eu tenha apreciado de forma mais consistente nas últimas duas décadas do que Civilization”, escreveu o crítico do Times, Seth Schiesel, em 2010).
Napoleão aparece apenas como general na última iteração, Civilization VI, mas em Civilization V, ele lidera as forças francesas. Aqui está uma chance de finalmente vencer a Batalha de Waterloo e talvez conquistar o mundo.
9. Assista a um desenho animado
No curta-metragem de Pernalonga, Complexo de Napoleão (1956), Pernalonga encontra Napoleão e rapidamente enfurece a caricatura facilmente enfurecida, como só Pernalonga consegue fazer, enquanto escapa por pouco da guilhotina. Um destaque é quando ele se disfarça de Josephine e engana facilmente o pequeno general. “Uhuu, Napô?”
10. Coma uma sobremesa
Depois de todos os livros, filmes e viagens, recompense-se. Você pode fazer um delicioso Mille-Feuille (mil-folhas), a massa folhada com creme, usando a receita do New York Times. Ou simplesmente compre um na confeitaria homônima Mille-Feuille, na LaGuardia Place, em Greenwich Village.
Ah, sim - o mil-folhas é comumente conhecido como ‘Napoleão’. Bom apetite, meu general.
Este artigo foi publicado originalmente no The New York Times.
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